09 de abril, de 2022 | 09:00

Projeto quer garantir sobrevivência do sagui-caveirinha na mata do Perd

Bruna Lage
Júlia Simões, Vanessa Guimarães e Natasha Grosch desenvolvem o trabalho na mata do PerdJúlia Simões, Vanessa Guimarães e Natasha Grosch desenvolvem o trabalho na mata do Perd

Biólogas de Belo Horizonte querem assegurar a sobrevivência do sagui-caveirinha (Callithrix aurita), macaco nativo da mata do Parque Estadual do Rio Doce (Perd), localizado entre os municípios de Marliéria, Timóteo e Dionísio. A ação integra o “Projeto Aurita”, iniciado em 2018, fruto de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Vanessa Guimarães, Júlia Simões e Natasha Grosch avaliam a situação das espécies invasoras de saguis no parque e as ameaças ao sagui-caveirinha.

“Entrevistamos a população ao redor do Parque Estadual do Rio Doce, para saber como era sua relação com os macacos. Sobre saguis invasores, tivemos notícia de que alguns foram soltos na mata e mapeamos fragmentos que poderiam indicar a origem dessas espécies invasoras”, recorda Natasha.

Na mata do Perd deveria existir apenas o sagui-caveirinha, que está ameaçado de extinção. Além dele, duas outras espécies de saguis são encontradas no parque: o sagui-da-cara-branca e o mico-estrela, ambos não deveriam ocorrer no parque, mas foram introduzidos na mata, segundo as biólogas.

Invasão prejudicial

Orlando Vital
Invasão de outras espécies é prejudicial para o sagui-caveirinha, afirmam biólogas Invasão de outras espécies é prejudicial para o sagui-caveirinha, afirmam biólogas
Vanessa Guimarães acrescenta que o sagui-caveirinha, um dos 25 primatas mais ameaçados do mundo, é o único que deveria ser encontrado na Mata Atlântica, que forma o parque. As outras duas foram introduzidas provavelmente por tráfico de animais silvestres, por meio do qual os bichos são comumente criados como animais de estimação. Essa introdução é prejudicial para o sagui-caveirinha por causa da disputa por alimentos e habitat. Além disso, ao cruzarem, estas espécies geram descendentes híbridos, que é a mistura genética de um gene de uma espécie com a de outra.

“E aquela genética pura do sagui-caveirinha vai diminuindo, reduzindo a população e, com o passar do tempo, levando essa espécie à extinção. Oficialmente, havia 30 anos que o sagui-caveirinha não era registrado no Perd e, no mês de novembro de 2021, felizmente conseguimos avistar um grupo, no entanto, era composto por apenas três indivíduos”, lamenta a bióloga.

Objetivo

O intuito do Projeto Aurita é, futuramente, retirar o grupo de saguis-caveirinha da área do Perd e levá-lo para um centro de conservação, para que possam reproduzir e aumentar a população da espécie. Em seguida, o objetivo é realizar um trabalho de manejo para tentar retirar as espécies invasoras do parque. Por fim, o sagui-caveirinha seria reintroduzido na mata do Parque Estadual do Rio Doce. “Não dá para estimar quando isso irá ocorrer, porque há muitos indivíduos de saguis invasores. Dessa forma, a ideia inicial é retirar o grupo de sagui-caveirinha do local para proteger essa população, já que existem muitos híbridos na mata e a mistura genética pode provocar o declínio ainda mais da população da espécie nativa e, enquanto isso, traçar planos de manejo visando a retirada das espécies invasoras e uma possível reintrodução do sagui-caveirinha no parque", salienta Vanessa.

Covid-19

Além desse projeto, as biólogas participam de um novo projeto de pesquisa para trabalhar com outras espécies de macacos no Perd, para avaliar o vírus da covid-19 e outros patógenos nesses animais. “Infelizmente, no Perd há uma interação muito grande entre humanos e macacos, por isso a necessidade de avaliar esses patógenos para ver até que ponto é prejudicial para os dois lados. Vamos promover ações de educação ambiental, de forma a reduzir esse contato e mostrar às pessoas que essa interação e a alimentação indevida é prejudicial tanto para esses animais quanto para os humanos”, conclui Vanessa.
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Comentários

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Gildázio Garcia Vítor

09 de abril, 2022 | 05:20

“Parabéns às lindas Biológas pelo projeto. Nós devemos sempre cuidar dos nossos parentes. São Darwin que disse.”

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