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06 de abril, de 2022 | 21:00

Nova edição de “Dossiê Herzog” atualiza dados em favor da verdade

Reprodução

No livro, assassinato do jornalista Vladimir Herzog foi um dos atos mais brutais e objeto de fake news da ditadura instaurada em 1964No livro, assassinato do jornalista Vladimir Herzog foi um dos atos mais brutais e objeto de fake news da ditadura instaurada em 1964

A sétima edição de “Dossiê Herzog: prisão, tortura e morte no Brasil” (versões impressa e e-book, 416 páginas, da Autêntica Editora), além do texto original do jornalista Fernando Pacheco Jordão, publicado em 1979, contém informações atualizadas e mais completas sobre o manifesto “Em Nome da Verdade”. Este abaixo-assinado, do qual foram signatários 1.004 jornalistas, veiculado em forma de anúncio no jornal “Estado de São Paulo”, em 3 de fevereiro de 1976, reivindicava esclarecimentos sobre a morte do seu colega Vladimir Herzog, assassinato pela ditadura militar, em 25 de outubro de 1975, no DOI-Codi, em São Paulo.

A sétima edição, idealizada pela socióloga Fátima Pacheco Jordão, viúva de Fernando, e produzida em parceria com o Instituto Vladimir Herzog, inclui relatos de profissionais da imprensa que não puderam assinar o manifesto em 1976, porque estavam presos ou sendo perseguidos. Além disso, na nova versão da obra, pela primeira vez todos os signatários estão corretamente identificados. O trabalho é resultado de pesquisa do jornalista e historiador Mauro Malin, também responsável pela revisão e organização da obra.

Contexto histórico
Vladimir Herzog foi preso no DOI-Codi, dependência do então II Exército, em São Paulo, onde foi torturado e assassinado, no dia 25 de outubro de 1975, conforme reconheceu o Estado brasileiro, após o fim da ditadura. Em 3 de fevereiro de 1976, o jornal “Estadão” publicou, em forma de anúncio, um histórico abaixo-assinado em favor da verdade e da memória do jornalista morto e contrário à grosseira encenação oficial de suicídio.

O documento apontou inconsistências no inquérito policial militar forjado para mascarar o assassinato do então diretor de jornalismo da TV Cultura. Foi uma peça fundamental para a elucidação da verdade: “Nós, abaixo assinados, jornalistas, que acompanhamos todo o caso da morte de nosso companheiro de trabalho, Vladimir Herzog - uma tragédia que traumatizou não só a nossa categoria, mas a consciência de toda a Nação -, interessados na descoberta da verdade e na total elucidação dos fatos, por força mesmo da natureza da nossa profissão, vimos de público levantar algumas indagações, sugeridas pela leitura do Relatório do Inquérito Policial-Militar divulgado no último dia 20 de dezembro”.

O anúncio, custeado por profissionais de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Curitiba e Natal, foi publicado com o título “Em Nome da Verdade”. Nesta sétima edição do livro, Mauro Malin corrige alguns nomes de signatários que haviam sido publicados com problemas, resgata memórias sobre as circunstâncias que os levaram a assinar o manifesto, colocando-se em risco perante o governo da ditadura, e apresenta novos depoimentos.

Na contracapa do livro, a jornalista Miriam Leitão salienta: “O Dossiê é o relato vivo, forte, intenso do jornalista Fernando Pacheco Jordão, amigo de Herzog. Ele viu, viveu, testemunhou. E aqui leva o leitor para dentro dos eventos daqueles dias terríveis. Quem ler verá a emocionante força de Clarice (viúva de Herzog), a reação dos jornalistas, o sindicato como trincheira, o acolhimento dos líderes religiosos, a luta contra a mentira, a dramática história do menino que foge do nazismo e é assassinado aos 38 anos num quartel do Exército brasileiro. O Brasil volta a ser assombrado por velhos fantasmas e pelas mesmas mentiras. Este dossiê nos lembra do alto preço pago pela democracia”.
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Comentários

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Mauro Malin

08 de abril, 2022 | 09:45

“A imagem da capa do livro "Dossiê Herzog" usada na matéria é da sexta edição,, não da sétima.”

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