01 de março, de 2022 | 10:15
Cidades da RMVA registram aumento no número de ocorrências de violência doméstica em 2021
Dados da Polícia Civil de Minas Gerais apontam crescimento nas cidades de Ipatinga, Coronel Fabriciano e Santana do Paraíso
Arquivo pessoal
A advogada Ana Maria Vieira Pinto atua no enfretamento à violência contra a mulher há 15 anos
A advogada Ana Maria Vieira Pinto atua no enfretamento à violência contra a mulher há 15 anos O número de mulheres vítimas de violência doméstica e familiar cresceu no ano de 2021 em três cidades da Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA) em comparação com o ano anterior. Os dados são da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) e podem ser consultados no site www.seguranca.mg.gov.br.
Em Ipatinga, o crescimento foi de 13,47%. No ano de 2020, foram 1.462 ocorrências, contra 1.659 registros em 2021. Na cidade de Coronel Fabriciano, o aumento chegou a 16,77%. Pelo menos 620 mulheres foram vítimas de violência doméstica na cidade em 2020, já em 2021, esse número cresceu para 724. Em Santana do Paraíso, também houve aumento no número de ocorrências, foram 239 registros em 2020 e 252 em 2021, o que representa um aumento de 5,4%.
Na cidade de Timóteo, ao comparar os dados de ocorrências de violência contra a mulher no lar, em 2020 e 2021, foi percebida uma queda de 3,2%. Foram 456 ocorrências em 2020 e 441 no ano passado.
Situação em Minas
No Estado de Minas Gerais, foi registrado um número menor de ocorrências de violência doméstica. Foram 806 casos a menos no ano de 2021, em relação a 2020. No total, em todo o Estado, foram registradas em 2020 145.424 casos de violência doméstica, já em 2021 esse número chegou a 144.618.
Atuação da PCMG
A Polícia Civil de Minas Gerais desenvolve ações direcionadas ao combate à violência doméstica. Ana Paula Passagli, delegada de Mulheres de Ipatinga, fala deste trabalho: A Polícia Civil de Minas Gerais, considerando a importância do constante enfrentamento à violência contra a mulher, deliberou ações contínuas para o combate aos crimes relacionados com a violência de gênero. Ações policiais são deflagradas constantemente e envolvem uma mobilização pelo fim da violência contra a mulher. Existe uma campanha, que é O Silêncio também mata. Não se cale! Denuncie. E estão sendo adotadas medidas de fortalecimento e intensificação dessa campanha”, destaca.
Depoimento de quem ajuda as vítimas
A advogada Ana Maria Vieira Pinto é presidente da Casa de Acolhimento Casa Rosa Vale do Aço e também ocupa o cargo de presidente da OAB/Mulher em Timóteo. Há quase 15 anos ela trabalha no enfretamento à violência contra a mulher. Meu envolvimento na causa começou ainda na faculdade e hoje mais do que nunca pela vivência, principalmente atuando como advogada das mulheres vítimas de violência, que infelizmente atendo todos os dias”, explica.
Em uma caminhada de quase 15 anos buscando justiça e amparo para as vítimas de violência doméstica, Ana Maria se lembra de um caso que a marcou. No enfrentamento à violência contra às mulheres tive a oportunidade de combater, prevenir, e assistir várias vítimas na assistência e garantia de direitos. Tive vários momentos que me deixaram sem chão, um caso bem marcante foi a história de uma senhora que atendi e ela me disse que esperou por longos de 27 anos para conseguir sua carta de alforria: Minha filha, quero me separar e ser feliz, preciso da minha carta de alforria, hoje consegui formar na faculdade meu único filho”, lembra a advogada.
Pandemia pode ser responsável pelo aumento de casos
A presidente da Casa de Acolhimento, Ana Maria Vieira, acredita que o aumento no número de casos de violência doméstica está ligado à pandemia. O grande aumento dos casos de violências de gênero na nossa região, e em todo mundo, se deu em função da pandemia, na qual as vítimas e agressor estão juntos e presos no mesmo ambiente. O isolamento realmente levou à muita violência, o fato de não poder sair e ganhar o pão de cada dia é uma grande fonte de estresse para as pessoas, principalmente para as vítimas, que dependem exclusivamente de seus agressores”, explica.
Casa Rosa em novo endereço
Luíla Damiana de Brito Silva
A Casa Rosa, localizada em Timóteo, já acolheu mais de mil vítimas da violência doméstica
A Casa Rosa, localizada em Timóteo, já acolheu mais de mil vítimas da violência domésticaA vítima de violência doméstica que precisa de ajuda na Região Metropolitana do Vale do Aço encontra abrigo na Casa Rosa. A instituição foi fundada em novembro de 2008 e está localizada em Timóteo. A casa oferece acolhimento, amparo e proteção às mulheres que foram vítimas de violência. A instituição está de mudança para um novo endereço, que deve ser inaugurado no dia 8 de março. Segundo a entidade, mais de mil vítimas já foram acolhidas. A instituição não divulga o endereço, para preservar as vítimas, mas outras informações sobre a instituição podem ser encontradas na página do Instagram @casarosa_valedoaco.
Como denunciar
Se a vítima ou uma testemunha tem o interesse de denunciar um caso de violência contra mulher, deve ligar no número 180. O canal foi criado, justamente, para escutar e acolher as vítimas em situação de violência. O serviço fornece informações e orientações para mulher agredida. A ligação é gratuita, o serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana e atende todo o território nacional.
Comparativo dos casos de violência doméstica e familiar
Minas Gerais
2020 - 145.424
2021 - 144.618
Queda de 0,5%
Ipatinga
2020 -1.462
2021 - 1.659
Crescimento de 13,47%
Coronel Fabriciano
2020 620
2021 724
Crescimento de 16,77%
Santana do Paraíso
2020 239
2021 252
Crescimento de 5,4
Timóteo
2020 456
2021 441
Queda de 3,2%
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