27 de janeiro, de 2022 | 17:20

Em 2021, mais de 450 pessoas foram resgatadas do trabalho análogo à escravidão em Minas Gerais

Ministério Público do Trabalho - Divulgação
Lavouras de café, cana, milho, alho, produção de carvão são alguns dos setores econômicos que ainda perpetuam essa forma de exploraçãoLavouras de café, cana, milho, alho, produção de carvão são alguns dos setores econômicos que ainda perpetuam essa forma de exploração
Nesta sexta-feira (28), Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, as instituições voltadas para a proteção do trabalhador destacam a emergência da erradicação dessa forma de exploração. Em Minas Gerais, ao longo de 2021, mais de 450 trabalhadores foram resgatados nas operações de fiscalização em que o Ministério Público do Trabalho (MPT) esteve presente. Lavouras de café, milho, alho, produção de carvão são alguns dos setores econômicos que ainda perpetuam essa forma de exploração. A exploração de idosos esteve entre os flagrantes das operações ao longo do ano, informou o MPT.

No Brasil inteiro, o MPT instaurou, ao longo de 2021, 2.810 inquéritos, ajuizou 459 ações civis públicas (ACP) e firmou 1.164 termos de ajustamento de conduta (TAC). Em Minas Gerais, foram instaurados 173 procedimentos investigatórios sobre o tema e firmados 56 TACs.

Condição degradante, servidão por dívida, jornada exaustiva e trabalho forçado são as quatro condições que, juntas ou isoladas, caracterizam o trabalho análogo ao de escravo, conforme prescreve o art. 149 do Código Penal Brasileiro. "A condição degradante e a jornada exaustiva são as que mais frequentemente encontramos quando vamos a campo, no entanto, infelizmente, ainda são localizados casos de servidão por dívida e trabalho forçado", explica o representante da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo em Minas Gerais, procurador do Trabalho Mateus Biondi.

O ano começou com 140 trabalhadores encontrados em condições análogas à de escravos no Brasil, 29 deles em Minas, inclusive um com idade inferior a 18 anos. Durante a operação denominada "Resgate", mais de 360 autos de infração foram lavrados e mais R$ 500 mil foram pagos em verbas rescisórias aos trabalhadores.

Casos
Por mais de uma vez, carvoarias e lavouras de café em diferentes pontos do Estado foram flagradas submetendo pessoas a trabalho análogo ao de escravo. Durante operação realizada em julho nas cidades de Boa Esperança e Ilicínea, por exemplo, equipes do MPT, da Auditoria Fiscal de Trabalho (AFT) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) resgataram 63 empregados.

O maior grupo de pessoas submetidas à condições análogas à escravidão foi encontrado em João Pinheiro e Coromandel, municípios da região do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba: 130 trabalhadores, sendo 116 na produção de alho e 14 em duas carvoarias.

Em todas as operações foram flagradas múltiplas violações da legislação trabalhista e das normas regulamentadoras. "Além de degradância, ausência de contratos formais de trabalho, casos de aliciamento, encontramos situações em que o trabalhador estava pagando pelo instrumento de trabalho, como por exemplo, a tesoura importada usada para colher o alho e os equipamentos de proteção individual, como botas, óculos e vestimentas", relata o procurador Fabrício Borela Pena.

As operações de combate ao trabalho análogo ao de escravo são conduzidas pela Auditoria Fiscal do Trabalho, o Ministério Público do Trabalho (MPT), a Advocacia Geral da União (AGU) e as Polícias Federal (PF) e Rodoviária Federal (PRF).

Para denunciar situação de trabalho em condições análogas às de escravo basta acessar o site do MPT-MG ou da SIT. Denúncias de trabalho escravo podem ser feitas, de forma remota e sigilosa, no Sistema Ipê.


Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Envie seu Comentário