08 de janeiro, de 2022 | 10:56

Folias de Minas celebram cinco anos como patrimônio cultural

Cerca de 1.600 grupos estão identificados e espalhados por mais de 400 municípios mineiros, conforme dados do Iepha-MG

Ronaldo Alves/Divulgação
Caravana de reis São Francisco de Assis - Folia do Zé Tira Couro, em Cordisburgo: registro culturalCaravana de reis São Francisco de Assis - Folia do Zé Tira Couro, em Cordisburgo: registro cultural

A última quinta-feira, 6 de janeiro, Dia de Reis, marcou uma data muito importante para a cultura tradicional mineira. As Folias de Minas celebram o quinto ano de seu reconhecimento como Patrimônio Cultural de Minas Gerais, com mais 1.600 grupos cadastrados em todas as regiões de Minas. Os estudos são realizados pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG), em parceria com as prefeituras.

Em 2017, após um ano de pesquisa e identificação por meio de cadastro virtual disponível no portal do Iepha, o Conselho Estadual de Patrimônio Cultural de Minas Gerais aprovou por unanimidade o registro das folias como patrimônio cultural de natureza imaterial. Os grupos cadastrados estão presentes em mais de 400 municípios, com destaque para Uberaba com 133; João Pinheiro com 34; Uberlândia com 32; Presidente Olegário com 30 e Sete Lagoas com 29.

Celebrações

O presidente do Iepha-MG, Felipe Pires, salienta a importância do reconhecimento das Folias como patrimônio cultural. “A tradição de montar presépios representando a natividade é muito antiga e está presente em diversos territórios de cultura cristã em todo o mundo. Em Minas Gerais, o que torna essa prática especial são as características particulares que essa tradição aqui adquire, e suas relações com as nossas folias de reis”, destaca.

Como uma das práticas culturais mais antigas e difundidas no estado, as folias, também denominadas “ternos”, “companhias”, “caravanas”, entre outros, foram se tornando, ao longo dos anos, um componente de considerável importância na construção do imaginário, identidade e memória do povo mineiro.

Ronaldo Alves/Divulgação
Folia de Reis Reunida do Cuba, em Cordisburgo: construção do imaginário, identidade e memória do povo mineiroFolia de Reis Reunida do Cuba, em Cordisburgo: construção do imaginário, identidade e memória do povo mineiro

Com suas distintas sonoridades, devoções, denominações e formas, as folias do Estado fazem parte do diversificado e complexo universo de celebrações feitas em Minas Gerais, tendo se tornado, ao longo dos anos, uma importante referência cultural do povo mineiro. Essa diversidade contribuiu para que o Iepha-MG instruísse, pela primeira vez, um processo de registro que abrangesse todo o território mineiro.

Esse processo, inovador e desafiante para a instituição, foi desenvolvido de forma colaborativa e com a participação de foliões, de prefeituras municipais e de pesquisadores, por meio de uma plataforma virtual, lançada no site do Iepha-MG, no dia 6 de janeiro de 2016, na qual é possível cadastrar os grupos de folias do Estado. A plataforma permanece aberta para o recebimento contínuo de informações.

Tradição

Como ação de salvaguarda das Folias de Minas, o Iepha-MG promove, desde 2016, o Circuito de Presépios e Lapinhas. A edição de 2021 integrou de forma especial a programação dos 50 anos do instituto, e contou com mais de 500 presépios residenciais e comunitários de 302 municípios de todas as regiões do estado. Tradicionalmente, os presépios recebem visitas até 6 de janeiro, data em que se comemora o dia de Santos Reis.

No Brasil, a tradição dos presépios alcançou contornos próprios, mas influenciados pelos hábitos e costumes europeus da representação da natividade, acompanhando as festas do ciclo natalino e, em especial, as folias criadas em honra e devoção aos santos Reis Magos. Contando com figuras de animais, pastores, casinhas, pequenas conchas e plantas, a cena de um presépio varia de acordo com os costumes do lugar.

Em Minas Gerais, o presépio está presente desde o século 18, com muitos desses montados nos chamados oratórios-lapinha e maquinetas (caixas envidraçadas). Os oratórios-lapinhas, típicos do estado e procedentes da região de Santa Luzia e Sabará, geralmente acolhiam cenas ligadas à natividade de Jesus.

A tradição e a arte dos presépios encontram no Brasil uma de suas vertentes mais criativas, repleta de elementos sincréticos e marcas da regionalidade. É neste desejo de manter a tradição cultural e religiosa que a Fundação de Arte de Ouro Preto (FAOP) criou, há mais 48 anos, o Concurso Nacional de Presépios e tem por finalidade estimular as experiências de criações contemporâneas além de resgatar o sentido poético do presépio mineiro.

Publicações

No site do Iepha-MG estão disponíveis o documentário e o caderno que retratam as Folias de Minas. O filme, dirigido por Felipe Chimicatti e Pedro Carvalho, sob a coordenação da equipe técnica do instituto, também está no canal do Iepha no YouTube.

No documentário, mestres e foliões de diferentes devoções e de três localidades - São José da Serra (Jaboticatubas), bairro Aparecida (Belo Horizonte) e o distrito de Paciência, no município de Porteirinha, narram os rituais que estruturam as folias, desde o início da jornada, com a visita da bandeira, até a festa de encerramento.

A produção audiovisual e a publicação apresentam ainda elementos como o canto, a reza, os toques de instrumentos musicais, as danças, as comidas votivas e o uso de objetos sagrados, como máscaras, toalhas, fitas e a bandeira com a imagem dos santos de devoção.
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