08 de janeiro, de 2022 | 08:31

Perspectivas e desafios do varejo em 2022

Daniel Cerveira *

Como o varejo lida com pessoas, a sua dinâmica é fascinante. A inclusão de novos elementos é constante, tais como o “live commerce” e a “entrega superrápida”. Por outro, verificamos que hoje em dia a utilização de dados dos clientes para fins de facilitar o relacionamento e a aceitação absoluta de que a atuação multicanal é fundamental para os negócios, além de outras tendências mercadológicas.

No Brasil, do ponto de vista econômico, levantamentos preveem um crescimento na casa de 1% para o varejo restrito, que não inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção. A consultoria Tendências aponta 1,1% de crescimento neste ano. Salvo alguns segmentos específicos, os comerciantes enfrentarão dificuldades nas vendas em virtude da inflação alta, desemprego elevado e retração do crédito.

No que tange ao setor de “food service”, fortemente afetado pela pandemia de covid-19, segundo a ABIA - Associação Brasileira da Indústria de Alimento, a perspectiva para 2002 é uma elevação no faturamento entre 15% a 20%.

Junta-se ao cenário a incerteza ainda presente no que se refere ao término da pandemia e a eventual determinação de novas restrições governamentais.

Em 2021 houve uma forte consolidação no mercado e, em 2022, não deve ser diferente. Conforme estudos, ainda existe espaço para mais fusões e aquisições no varejo, incluindo a compra de operações complementares por grandes varejstas.

Importante ressaltar que a base de comparação é muito pequena e que nem todos os lojistas conseguiram, até o momento, retomar as vendas nos mesmos patamares de antes da pandemia. Além do mais, preocupa a situação dos pequenos comerciantes que não têm tantas alternativas disponíveis para sobreviver.

“Em 2021 houve uma forte consolidação
no mercado e, em 2022, não deve ser
diferente. Conforme estudos, ainda
existe espaço para mais fusões
e aquisições no varejo”


Os estabelecimentos físicos ainda precisam enfrentar alguns locadores e shopping centers que se mantêm inflexíveis quanto aos valores dos aluguéis, muitos dos quais sofreram atualizações pelos índices IGP-M e IGP-DI, ambos conferidos pela Fundação Getúlio Vargas. Como advogado, noto uma tendência de que continuem ativas as negociações dos lojistas visando reduzir o custo de ocupação, especialmente frente aos grandes centros de compras.

O fato é que, além do aluguel, as outras verbas cobradas pelos shoppings são excessivamente altas, tornando muitas operações inviáveis no curto prazo. Cumpre lembrar que alguns locadores exigem, em razão a rescisão dos contratos de locação, o pagamento de multas elevadas, devolução de descontos, perda das luvas, aviso prévio alongados e outras penalidades. Tais temas podem ser alvos de discussões judiciais, considerando que há jurisprudência formada anulando penalidades abusivas.

Assim, embora a entrada de novas lojas não para, vejo que alguns estabelecimentos serão fechados no começo do ano e outros tantos lojistas acabarão por demandar na Justiça com o intuito de ajustar os custos de ocupação no sentido de viabilizar as operações. Mesmo concebendo que uma minoria de lojistas está em uma situação gravíssima, o número absoluto de empresas e famílias envolvidas é muito grande, o que, portanto, demanda uma atenção especial do Poder Público para incentivar o setor e salvaguardar os empregos.

* Advogado, sócio do escritório Cerveira, Bloch, Goettems, Hansen & Longo Associados Advogados Associados, pós-graduado em Direito Econômico pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, consultor jurídico do Sindilojas-SP, autor do livro "Shopping Centers - Limites na liberdade de contratar" e professor dos cursos MBA em Varejo e Gestão de Franquias da Fundação de Instituto de Administração e da Pós-Graduação em Direito Imobiliário do Instituto de Direito da PUC-RJ.

Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Javé - do Outro Lado do Mundo

08 de janeiro, 2022 | 15:11

“A Economia só se movimenta tendo o dinheiro na praça.”

Envie seu Comentário