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23 de dezembro, de 2021 | 09:27

Ipatinga avalia mudança para clube-empresa

Diretoria do Tigre contratou escritório de advocacia e consultora financeira para montar projeto da Sociedade Anônima do Futebol, que precisará ser aprovado pelo Conselho Deliberativo

Yago Cardoso
''É preciso transformar o clube em SAF e depois procurar os investidores. Os caminhos não são fáceis, mas são os que precisamos seguir. Se não for dessa forma, não vejo outra saída'', diz presidente Nicanor Pires''É preciso transformar o clube em SAF e depois procurar os investidores. Os caminhos não são fáceis, mas são os que precisamos seguir. Se não for dessa forma, não vejo outra saída'', diz presidente Nicanor Pires

Desde o dia 6 de agosto, data em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionou o Projeto de Lei 5.516/2019, que cria a Sociedade Anônima do Futebol (SAF), diversos clubes brasileiros buscam se tornar um clube-empresa. A nova lei permite a migração para este modelo de negócio, muito conhecido no exterior, especialmente na Europa. O primeiro brasileiro a virar uma SAF foi o Cruzeiro, com o anúncio de que o ex-jogador Ronaldo comprou 90% da Raposa e se tornou seu sócio majoritário. Seguindo esse caminho, que parece ser o futuro do futebol brasileiro, o presidente do Ipatinga Futebol Clube, Nicanor Pires, informou ao Diário do Aço, nesta quarta-feira (22), que já há estudos em andamento para fazer a migração de associação sem fins lucrativos para SAF.

Há cerca de um mês, a diretoria do Tigre procurou um escritório de advocacia e uma empresa que trabalha com fundo de investimento e consultoria financeira, ambos de Belo Horizonte, para avaliar a possibilidade de o Ipatinga se tornar um clube-empresa. “Hoje o clube não possui dono, sócio ou proprietário. Ele funciona como associação sem fins lucrativos, com eleição a cada quatro anos para escolher o presidente. Para transformar o Ipatinga em SAF, precisamos da aprovação do Conselho Deliberativo”, explicou Nicanor.

Porém, antes de colocar esse projeto para apreciação, é preciso entender o que é o Ipatinga, qual seu valor e qual o melhor modelo de negócio para a SAF. “O escritório de advocacia está fazendo todo o trâmite, a parte burocrática. Foi feito levantamento em cartório de todos os atos do Ipatinga, levantamento contábil e patrimonial, desde a fundação, em 1998, até agora. Nosso departamento jurídico precisa entender como funcionou o Ipatinga até o momento e criar o modelo de SAF para apresentar ao Conselho”, detalhou o presidente, apontando que esse processo não é feito da noite para o dia, e envolve questões trabalhistas, como dívida de fundo de garantia, de INSS, dentre outros.

A expectativa é de que o estudo seja concluído no fim de fevereiro. Assim que isso ocorrer, o projeto será levado à votação do Conselho Deliberativo. Em caso de aprovação, a diretoria aciona a documentação para transformar o Ipatinga em SAF. Se tudo seguir sem intercorrências, a migração para clube-empresa pode ser consolidada no meio do ano que vem.

Valor de mercado

Quando o projeto da SAF estiver pronto, ele vai ser levado para aprovação dos cerca de 20 conselheiros do clube. Alguns deles estão no Tigre desde a fundação, alguns estão inativos e outros se afastaram ao longo do tempo.

Apesar da sonhada mudança, Nicanor Pires explica que o Ipatinga vai continuar existindo como associação. “Será mantido estatuto e conselheiros. Porém, o departamento de futebol vai ser desmembrado. É como se fossem dois departamentos: um institucional e outro de futebol. A SAF diz respeito apenas ao departamento de futebol”, esclareceu.

Como o estudo de construção do projeto ainda está em andamento, não é possível saber o valor de mercado do clube e nem quantas cotas serão negociadas. “Temos dívida muita alta e precisamos de recursos altos para quitá-las, e assim voltar a disputar grandes competições. Dependendo da proposta, nada nos impede de trazer um investir que adquira um percentual alto”, afirmou. No caso do Cruzeiro, o Fenômeno adquiriu 90% do clube.

O presidente Nicanor também apontou que não há garantia de compra do Ipatinga por nenhuma empresa. “O fundo de investimento que trabalha no nosso estudo pode vir a ser investidor no futuro. Mas não há garantias de nenhum comprador, só há conversas, inclusive com empresários da cidade, mas nada certo”.

Dívida de mais de R$ 30 milhões

Entre os motivos de transformar o Tigre num clube-empresa é a dificuldade financeira. Nicanor Pires conta que hoje o Ipatinga tem dívidas trabalhistas de R$ 30 milhões e dívidas fiscais de R$ 3 milhões. “O investidor que vier terá o ônus e o bônus. O Ronaldo entrou com investimento e é consolidário com a dívida do Cruzeiro, o que vai se repetir no Ipatinga”, lembrou o presidente.

Pela lei da SAF, os clubes-empresas podem negociar suas dívidas em um período de até seis anos, no qual 60% do valor total precisa ser quitado. “Isso facilita a pagar as dívidas. Se não for quitado, o investir passa a responder pela dívida também”, esclareceu Nicanor.

“Temos contas bloqueadas por dívidas trabalhistas, o que dificulta tudo. Com a SAF e negociação da dívida, o nome ficará limpo, mesmo com as dívidas ainda existindo. Vamos voltar a ter certidão, movimentação bancária sem risco de penhora e divulgação de patrocínio. Hoje, antes do patrocínio chegar ele é penhorado, o que nos impede de divulgar o patrocinador”, disse Nicanor. “A SAF é a grande saída para o Ipatinga. Primeiro é transformar em SAF e depois encontrar o investidor. Nenhum caminho é fácil, mas é o que precisamos seguir. Esse é um recomeço do Ipatinga, se não for dessa forma eu não vejo outra saída”.

O presidente do Tigre ainda ressaltou que esse deve ser o caminho de vários clubes brasileiros. “Hoje é difícil conseguir recursos públicos e privados, o que pode levar vários clubes a fechar as portas. O Ipatinga não tem outra saída senão se tornar SAF”, destacou Nicanor, dizendo que espera que o gesto de Ronaldo possa ser seguido por outros empresários. “Se o Ronaldo enxerga que é um bom negócio (comprar o Cruzeiro), isso é um recado para os investidores, de que é um bom caminho. Espero que empresários bem-sucedidos copiem o exemplo dele”, concluiu.

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Comentários

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Antonio Cicero dos Santos

23 de dezembro, 2021 | 22:33

“Kkkk Primeiramente tem que entender que o I.E.C não é um clube.É apenas um time com estatuto, CNPJ e um monte de amadores e aventureiros tentando a mesma sorte do Itair.
Não tem sequer uma estrutura física propria.Só tem divida trabalhista e respirando por aparelhos, pequenos apoiadores .
Até o Social de Fabriciano tem um patrimônio maior que este time.
Parem de brincar de esporte profissional com estrutura amadora.kkkk”

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