21 de novembro, de 2021 | 11:00

Robertinho Soares comanda Projeto Eleições 2022 do Brasil35 e lança seu nome como pré-candidato a deputado federal

O vice-presidente do partido Brasil35, Robertinho Soares, comanda, de Ipatinga, a coordenação do Projeto Eleições 2022. Secretário de governo de Ipatinga, Soares foi escolhido para ser, além do vice-presidente da nova legenda em Minas Gerais, também a gestão política do partido. Conforme relata, em entrevista ao Diário do Aço, o Brasil35 já estava homologado desde a eleição de 2016. Antes chamava-se Partido da Mulher Brasileira (PMB), mas teve a mudança de nome confirmada neste ano. No mês de outubro, com a presença da presidente nacional do partido, Sued Haidar, foi definido o nome de Jandir Vieira como o presidente estadual e de Robertinho Soares como vice-presidente.

O dirigente explica que o Brasil35 tem uma proposta de se diferenciar das mais de 30 legendas brasileiras. "A maioria dessas legendas está com um formato muito viciado na política tradicional. São partidos comandados por caciques, nem sempre com um conteúdo programático definido, pré-estabelecido e, por isso mesmo, têm dificuldades em atrair novas lideranças, porque também têm propostas bem enraizadas, bem antigas, que não atendem às demandas das lideranças atuais", observa.

Segundo Robertinho Soares, o Brasil35 passa por uma estruturação em todo o território nacional e abre espaço para novas lideranças, com nova mentalidade para renovar a política e implementar pautas que realmente sejam de interesse nacional. O dirigente cita, entre elas, a revisão do pacto federativo, políticas municipalistas e revisão na distribuição do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). "Então, temos assuntos de grande interesse da população, enquanto alguns partidos apenas insistem em carregar bandeiras ideológicas. Existe um radicalismo nas correntes políticas no Brasil e isso tem dificultado o avanço de pautas que realmente sejam de interesse do país, como as reformas política, administrativa e tributária. Isso tudo está travado por questões ideológicas e a proposta do Brasil35 é ser um partido que vai discutir o Brasil, políticas públicas que impactem na vida do cidadão”, detalha.

Proposição

Em relação às eleições gerais de 2022, Robertinho Soares acredita que a maioria do eleitorado quer um debate mais propositivo e menos ideológico como foi em 2018. Entretanto, o dirigente partidário observa que a campanha já vai se afunilando e é possível observar que ainda existe um resquício forte da polarização. "E isso é ruim para o país. Esperamos que nas eleições legislativas, o resultado possa ser diferente e o eleitor veja os candidatos de forma mais filtrada, a partir do conhecimento do que pensam os candidatos sobre as reformas e projetos que promovam mudanças. É no legislativo que essas mudanças são proporcionadas. No atual contexto, de radicalismo, isso não vai nos levar a lugar nenhum", enfatizou.

Baixa representatividade política do Vale do Aço tem causado grandes prejuízos, afirma dirigente partidário

Há aproximadamente uma década, Ipatinga não consegue eleger um político local para a Câmara dos Deputados. Na região são apenas um deputado federal e dois parlamentares na Assembleia Legislativa. A baixa representatividade política tem trazido consequências práticas para a região.

Entretanto, a mesma população que reclama da falta de investimentos estruturais de grande porte é a mesma que no dia da eleição descarrega votos em candidatos de outras regiões. Robertinho Soares admite que a reclamação tem sua razão de existir. O dirigente relata que, em pouco mais de dez meses na Prefeitura de Ipatinga, foi possível sentir na pele a falta que faz um deputado federal que represente o Vale do Aço, em especial Ipatinga, que é um colégio eleitoral de 190 mil eleitores.

“E já estamos há mais de uma legislatura sem uma representação local e isso tem dificultado que investimentos sejam atraídos para o Vale do Aço. Temos pautas importantes como a continuidade da duplicação da BR-381. O traçado urbano da rodovia em Ipatinga foi deixado de fora do projeto de melhoria. Perdemos, por não termos uma representação. Temos um atraso significativo na obra do aeroporto regional, fechado para reformas desde maio de 2020. Então são vários projetos de grande relevância, que a região perde por não estar sendo representada como deveria e com a grandeza que representamos para a economia do Estado de Minas Gerais”, acrescenta. Robertinho lembra que Ipatinga está entre as dez maiores cidades e entre as dez maiores economias do Estado, mas não é vista com o devido respeito, por falta de representação.

Conforme o dirigente, nos últimos dois anos os deputados federais tiveram oportunidade de indicar de R$ 40 a R$ 50 milhões em emendas parlamentares, por ano, recursos que poderiam ter sido traduzidos em grandes obras, grandes projetos de mobilidade urbana, de infraestrutura no Vale do Aço, mas foi perdido por falta de representação.

No entendimento de Robertinho, somente Ipatinga tem capacidade para eleger mais de um deputado federal. "Mas infelizmente não temos nenhum. Tira-se o exemplo de Governador Valadares, com cerca de 10% a mais de eleitores em relação a Ipatinga e tem três deputados federais. E podemos ver que Valadares tem muito mais resultados políticos do que Ipatinga, do que o Vale do Aço. Posso citar como exemplo a sede do SAMU Regional e a inclusão do município na área da Sudene", destacou.

Para Robertinho Soares, um dos exemplos mais claros da falta de representatividade política do Vale do Aço é o fato do trecho urbano da BR-381 ter ficado excluído do projeto de melhoria da rodovia. "Se isso não mudar, e essa oportunidade pode vir com a efetivação da concessão da rodovia, corre-se o risco de acontecer em Ipatinga o que ocorre com Anel Rodoviário na entrada de Belo Horizonte, totalmente saturado. Deixar o trecho urbano fora do projeto foi um lapso significativo da nossa falta de representatividade política. Faltou alguém para brigar por Ipatinga lá em Brasília", disparou.

Identidade local

Em relação ao fato de os eleitores da região escolherem candidatos a deputado de outras regiões, em detrimento aos candidatos locais, Robertinho atribui isso ao fato de as cidades serem jovens e possuir muitos moradores que ainda mantêm laços com suas origens. Na hora da escolha de um candidato, muitos votam em candidatos de outras regiões, sem levar em conta a necessidade da representatividade local. "Na eleição geral anterior tivemos mais 200 candidatos de outras regiões que obtiveram votos em Ipatinga, mas são votos pulverizados. Com isso os eleitos não dão atenção por causa da votação baixa, ao passo que esses votos poderiam ter sido concentrados em um candidato local. Isso precisa ser mudado de forma cultural", observou.

Entretanto, o dirigente do Brasil35 alerta que a classe política também é responsável pela baixa representatividade política. "Tivemos oito trocas de prefeitos em dez anos, isso prejudica a união da classe. E temos os políticos que defendem interesses específicos, de alcance mais pessoal, ou partidário e as questões macro ficam em segundo plano e não são resolvidas. As lideranças, vereadores, dirigentes, precisam entender a necessidade de concentrar forças e unirem-se em torno de nomes para representar a região, pois sem isso vamos continuar como estamos hoje e há muito tempo, sem representatividade”, alerta.

Favorável

O dirigente partidário também acredita que haja, no momento, um clima favorável para uma mudança de comportamento político. Cita a renovação promovida na eleição municipal de 2020 e casos como o do prefeito de Ipatinga, Gustavo Nunes (PSL), que chegou ao Executivo municipal sem estar atrelado a nenhum grupo político tradicional e tem conseguido agregar valor ao mandato. "Acredito que isso possa convergir em uma unidade. Penso que a classe política começa a entender a importância do que nós perdemos por não termos uma representação eficiente. Existem pautas regionais sendo discutidas entre os prefeitos da região. Depois de muitos anos as discussões regionais estão de volta. É unanime entre os prefeitos que o Vale do Aço precisa de uma representação”, enfatiza.

Pré-candidatura a deputado federal e plano político

Robertinho Soares confirma que seu nome foi colocado como pré-candidato a deputado federal pelo partido Brasil35. Ele conta que chegou a ser cogitada a possibilidade de uma disputa para deputado estadual, mas o que tem se observado, tanto com a gestão de Ipatinga, quanto junto aos prefeitos da região, é que a maior demanda é por uma representação em Brasília, afinal, as discussões municipais estão lá e grande parte dos recursos destinados aos municípios sai das emendas parlamentares.

O dirigente explica que a fase atual é de montagem de chapas e a expectativa é que o Brasil35 consiga eleger um deputado federal com cerca de 40 mil votos. O plano do partido é fazer dois deputados federais por Minas Gerais e três estaduais.

Está convencionado que dentro do partido não são aceitos deputados com mandatos em curso. Também ficou estabelecida uma linha de corte para lançar candidatos que tenham expectativa de, no mínimo, 35 mil votos.
“E o partido está muito bem estruturado. De 17 diretórios ativos quando a nova coordenação assumiu o Brasil35, hoje já somam 150 e a meta é 500 diretórios mineiros até a eleição de 2022”, diz o dirigente.

Proximidade

Por fim, Robertinho Soares retoma um alerta à classe política regional. “As pessoas precisam adotar uma postura mais criteriosa, menos individualista e entender que um candidato de fora, vem, busca o voto e só retorna dentro de quatro anos, ao passo que a região tem demandas permanentes à espera de solução. Precisamos pensar em representantes que estejam aqui de fato, que tenham proximidade com o eleitor e que saia às ruas para conviver e ser cobrado pela população. Não dá para apoiar mais um candidato que está a 200 ou 300 quilômetros daqui e que não tem o compromisso com o dia a dia, seja na feira, na igreja, ou no bar, para saber o que a população precisa. Entendo que é preciso retomar a condição de protagonismo de nossa região. O Vale do Aço já foi a região mais importante do Estado, continuamos sendo, do ponto de vista econômico, mas do ponto de vista político ficamos muito para trás", concluiu.