25 de outubro, de 2021 | 07:06

Excluída do Facebook e Instagram live em que Bolsonaro relaciona Aids e vacina

Pela primeira vez que empresa suprime live do presidente com declaração contra os imunizantes; médicos, políticos e entidades repudiaram afirmações

Reprodução de vídeo
Transmissão ao vivo, feita quinta-feira passada, foi excluída de duas mídias sociaisTransmissão ao vivo, feita quinta-feira passada, foi excluída de duas mídias sociais

Na noite de domingo (24), o Facebook e o Instagram apagaram a mais recente transmissão ao vivo, feita semanalmente pelo presidente Jair Bolsonaro, transmitida sempre às quintas-feiras. Em nota enviada à imprensa, a assessoria do Facebook afirmou que as políticas da plataforma "não permitem alegações de que as vacinas de covid-19 matam ou podem causar danos graves às pessoas".

O motivo da exclusão foram declarações de Bolsonaro que associaram falsamente as vacinas contra covid-19 ao risco de desenvolver Aids. Esta foi a primeira vez que o Facebook excluiu uma live semanal de Bolsonaro.

Até então, a empresa só havia se limitado a apagar, em março de 2020, um vídeo em que Bolsonaro aparecia afirmando falsamente que a cloroquina era uma "cura" contra a covid-19. YouTube e Twitter também já excluíram ao longo da pandemia vídeos em que o presidente aparecia fazendo declarações falsas. Por enquanto, a transmissão de quinta-feira permanece no YouTube.

Declarações polêmicas são atribuídas à uma tentativa de encobrir fatos mais graves, uma “cortina de fumaça” para distrair a atenção do público. E problemas graves não faltam ao Brasil nesta semana, com o dólar ameaçando bater na casa dos R$ 6. Abre a semana valendo R$ 5,65. Há nervosismo do mercado financeiro acerca do estouro do teto de gastos do governo, em R$ 40 bilhões por causa da nova Bolsa Família de R$ 400, há instabilidade na equipe econômica, ameaça de novos reajustes nos preços dos combustíveis em função da política de preços da Petrobras, lastreada com a paridade internacional dos custos dos combustíveis, entre outras situações graves.

Entidades repudiam mentira sobre a Aids

O motivo da mais nova polêmica é que no vídeo da última quinta-feira, Bolsonaro leu um texto afirmando que vacinados com as duas doses contra a covid-19 estariam desenvolvendo a "síndrome da imunodeficiência adquirida" - o nome oficial da Aids - "mais rápido do que o previsto" e que tal conclusão era supostamente apoiada em "relatórios oficiais do governo do Reino Unido".

No entanto, não há estudos do governo do Reino Unido que mencionam tal risco. Entidades médicas e cientistas imediatamente desmentiram o presidente em redes sociais.
A notícia falsa citada por Bolsonaro foi publicada originalmente pelos sites Stylo Urbano e Coletividade Evolutiva, este último um site antivacinas que já veiculou fake news ao longo da pandemia. Os dois sites se basearam numa página em inglês conhecida por espalhar teorias conspiratórias.

O site Aos Fatos apontou que os textos divulgados pelos sites inseriram de maneira fraudulenta uma tabela que não existia em documentos oficiais das autoridades sanitárias do Reino Unido.

Bolsonaro parece ter se dado conta na live sobre o potencial de sanções das redes sociais e se limitou a ler apenas o título e recomendar aos espectadores a procurarem ler o material. "Não vou ler porque posso ter problemas com minha live".



Repúdio

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) foi uma das entidades que desmentiu a fala do presidente, que associa a vacina à Aids. Em nota, a entidade repudiou "toda e qualquer notícia falsa que circule e faça menção a esta associação inexistente". A nota foi endossada pela Associação Médica Brasileira (AMB).

No Twitter, a epidemiologista Denise Garrett, do Instituto de Vacinas Sabin (EUA), reiterou que nenhuma das vacinas para Covid-19 aprovadas pela Food and Drug Administration (FDA) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) causam HIV. Ela também chamou Bolsonaro de "Inescrupuloso", "mentiroso" e "criminoso".

A microbiologista Natalia Pasternak também usou o Twitter para afirmar que nenhuma vacina faz com que as pessoas desenvolvam Aids.

Já o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) pediu à CPI da Pandemia que envie ao Supremo Tribunal Federal (STF) um requerimento com uma compilação das mentiras divulgadas por Bolsonaro na live semanal. O senador deseja é que o documento seja anexado no inquérito das fake news que tramita no Tribunal.

Já o relator da CPI da Pandemia, senador Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou que Bolsonaro faz "terrorismo de estado. "Isso não é apenas fake news, é mais do que uma simples mentira – isso é terrorismo de Estado. A Justiça precisa frear essa loucura", escreveu o senador no Twitter.

Na semana passada, o relatório da CPI da Pandemia imputou nove crimes a Bolsonaro, inclusive o de "incitação ao crime" por espalhar sistematicamente notícias falsas e incitar o desrespeito às medidas contra a pandemia. O relatório também apontou que Bolsonaro comanda uma rede de fake news com a participação de seus filhos e blogueiros bolsonaristas. (Com informações da DW)
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Comentários

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Paulo

25 de outubro, 2021 | 22:46

“Tudo normal no país das bananas. Só sinto vergonha alheia, nada mais. Bozo totalmente perdido e o gado batendo palma...”

Observador

25 de outubro, 2021 | 08:35

“Incrivel é ver como os esquerdistas contam os segundos para as eleições mas não acreditam no processo democrático, tanto que ainda estão com dor de cotovelo de 2018.”

Só Quero Ver a Saída

25 de outubro, 2021 | 07:21

“Carlos Roberto, saber que estamos lascados com esse governo, todos nós sabemos, O problema reside no fato de saber qual será a saída dessa desgraça em 2022. Lula? Rodrigo Pacheco? Ciro Gomes? Só quero ver como vamos sair dessa.”

Carlos Roberto Martins de Souza

25 de outubro, 2021 | 07:16

“O governo Bolsonaro virou uma contagem regressiva. Faltam 435 dias para o fim do mandato do capitão. E o país foi condenado pelas circunstâncias a conviver com um presidente sem projeto, sem partido e sem ministro da Economia. O centrão explodiu o Posto Ipiranga e invadiu o cofre. O problema deixou de ser o fim do teto de gastos. A questão é que o país perdeu o chão. O fundo do poço passou a ser apenas mais um estágio rumo às profundezas. Bolsonaro disse que não tinha dinheiro para dar absorventes a mulheres pobres e apareceu todo valentão na live reclamando de ?auxílio modess?. Agora não aguentou a pressão dos caminhoneiros e o dinheiro (3,6 bilhões) apareceu rapidinho. Só é valentão contra mulher. Covarde. Saudade de quando as pessoas ainda sentiam vergonha de serem burras. Sabe o que o dólar falou pro real? ?Valeu! Daqui de cima a terra é azul!?. Bozo chora no banheiro e o povo chora no supermercado!”

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