05 de outubro, de 2021 | 17:59

O apagão das principais mídias sociais revelou parte de uma sociedade nomofóbica

Fabiano de Abreu *


O apagão das mídias sociais (Facebook, Instagram e WhatsApp) na segunda-feira (4) revelou um caos muito além de uma questão tecnológica. Este período permitiu observar uma sociedade cada vez mais dependente dos conteúdos digitais, o que pode trazer sérios riscos para sua saúde física e mental. Além disso, as pessoas tiveram que passar horas sem acesso aos seus conteúdos digitais favoritos e muitos revelaram o quanto estão dependentes destas ferramentas.

Mediante a este acontecimento monitorei o comportamento das pessoas durante e após a volta destas redes sociais. Se enquanto durava o apagão a pessoa pegou no celular para buscar constantemente algo para fazer ou analisou se já havia voltado. Se a pessoa buscou outras redes sociais, isso já serve de alerta para um possível vício. A depender do grau que isso afetou, revelando o tamanho do problema.

É preciso lembrar que a pouco tempo atrás não existia essas redes sociais e a sociedade vivia normalmente. O que acontece hoje com o comodismo para que não consiga usar outros meios e argumentos no cotidiano, está relacionado a um cotidiano que formatou o cérebro mediante a uma dependência. Para saber se a pessoa está sofrendo deste vício, Fabiano cita algumas situações que aconteceram com muitos usuários durante este tempo em que os aplicativos ficaram fora do ar e veja se há identificação com alguma delas:

- “Ficou parado olhando para o celular sem saber o que fazer”.
- “Entrava nos aplicativos constantemente para ver se havia voltado”.
- “Entrou em aplicativos que não costumava usar e ficou perdido”.
- “Sentiu agonia”.
- “Vazio existencial”.
- “Ficou impaciente e/ou irritado”.
- “Teve a impressão de receber uma notificação”.
- “Alteração de humor”.

Se você sentiu alguns ou muitos destes sintomas durante o dia ontem, é bom acender o sinal de alerta, pois esses sintomas têm relação com a nomofobia. Para piorar, há casos em que a pessoa sente tanto essa ausência que pode apresentar náuseas, sudorese, entre outros sintomas físicos.

Mas, o que é e o que causa a nomofobia (do inglês nomophobia, de no mo[bile], sem celular + phobia, fobia)? – A nomofobia é a fobia causada pelo desconforto ou angústia quando o indivíduo está sem acesso à comunicação por meio dos aparelhos eletrônicos. No cérebro, na região dos núcleos da base trabalhando com o sistema límbico, a sensação de prazer que a liberação de dopamina promove a cada novo like ou expectativa de mensagem recebida na rede social transforma o hábito em vício, estimulando a ficar cada vez mais online buscando recompensa, aumentando a ansiedade que funciona como pendência para esta busca.

Além disso, a função da dopamina é fornecer um feedback positivo, uma recompensa ao organismo, que se torna uma busca constante. Isso é compensatório, já que a ansiedade por si só tende a buscar mais ou entra em uma atmosfera ruim pedindo mais recompensa. Como um ciclo intermitente e gradativo.

Há uma diferença em quem usa as redes sociais para entretenimento e para o trabalho. Relatos de pessoas que usam a rede social para trabalho em seu cotidiano foram positivos no apagão, pois disseram que se sentiram aliviados e largaram seus aparelhos. Isso ocorre pois, nestes casos, a rede social é usada como uma obrigação profissional; quando fazemos algo por obrigação, a recompensa é quando fazemos algo fora desta obrigação. Diferente das pessoas que usam a rede social para o lazer que se torna uma necessidade. Isso não inclui influencers, que justificam o vício da rede social como profissão, ou a produção de conteúdo na rede social passou a ser uma atividade que gera renda, mesmo assim, desta forma, faz parte do ciclo vicioso.

* PhD, neurocientista, psicanalista e biólogo



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Comentários

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Tião Aranha

08 de outubro, 2021 | 10:37

“Lunáticos. Risos.”

Tião Aranha

08 de outubro, 2021 | 08:51

“Já foi o tempo que jornalista era formador de opinião. A maioria está a serviço do sistema, isto é, do grande capital.”

Carlos Roberto Martins de Souza

05 de outubro, 2021 | 20:21

“O SUSTO DO SÉCULO
Carlos Roberto Martins de Souza

Ficar trancado em casa na pandemia
Parecia ser o maior susto deste século
Todo mundo amedrontado em agonia
O cidadão preso se sentiu um acéfalo

Mal sabiam que o pior estava por vir
Povos dependentes da tal tecnologia
Eles ficaram sem saber para onde ir
Pois se tornaram escravos da tal maniap

Meu avo dizia este mundo vai mudar
Quando isto acontecer vai assustar
Nem mesmo o homem vai se explicar
É só esperar para ver no que vai dar

Os maiores amigos do homem fugiram
Facebook Instagram WhatsApp cairam
Foi um susto grande quando eles viram
O auê que no mundo inteiro provocaram

Até a Bolsa de valores perdeu pontos
Pois os valores da humanidade mudaram
Escravos da tecnologia ficaram tontos
Quando sinais de comunicação falharam

Foi uma confusão um salseiro danado
Todo mundo com aquela cara de espanto
Era gente desesperada para todo lado
Tentando acreditar e enxugar o pranto

Os dedos coçando e caçando o teclado
Longa espera com horas intermináveis
A angustia veio o mundo ficou isolado
Pintaram os pensamentos abomináveis

Nos tornamos amigos de "face" de ?insta?
Sem falar do "Zap" que é a moda cruel
A pane global foi terrível e deu na pinta
O homem já não sabe qual é o seu papel

As mãos trêmulas e os dedos estalando
Ser escravo pode ser prejudicial à saúde
Mas os que percebem acabam se calando
Sem perceber a amplitude da sua atitude

O ser humano se viu preso ao convés
Da sua moderna embarcação tecnológica
?Diga-me seu Zap e te direi quem és!?.
Vou te provar que sua vida não tem lógica

Não precisa de esforço para ver o celular
O bendito telefone está por toda a parte
É um círculo vicioso e até maldoso teclar
Ser amante da tecnologia virou uma arte

Fica dado o alerta e também o recado
Procure se cuidar e também se policiar
O mundo não está mesmo preparado
O susto do século fez o mundo tumultuar”

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