03 de outubro, de 2021 | 11:00

Acidentes na BR-381 acendem alerta para necessidade de acelerar a duplicação

Tadeu Saint' Clair *

Pista estreita, curvas acentuadas, grande fluxo de veículos pesados, sinalização precária e excesso de imprudência. Foi a junção desses elementos que levou o trecho da BR-381 entre Belo Horizonte e Governador Valadares, a ganhar a má fama de “rodovia da morte”.

Os números endossam a presença da estrada na lista das piores rodovias do Brasil. Os dados de 2020 da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) são um filme repetido dos anos anteriores: Minas Gerais é o estado onde ocorre o maior número de acidentes nas rodovias federais. No ano passado, houve 8.363 acidentes no Estado, dos quais 7.103 tiveram vítimas, resultando em 717 mortes.

A maior parte ocorre na BR-381. Foram 2.145 acidentes envolvendo vítimas em 2020, o que levou a 178 óbitos – um a cada 48 horas. O cenário é desfavorável porque o Estado concentra a maior malha viária do país, mais até do que São Paulo. Somando todas as rodovias federais, estaduais e municipais do Brasil, 16% delas encontram-se em território mineiro.

O problema é que boa parte dessas estradas, em particular a BR-381, não está adaptada ao fluxo atual de veículos. Minas Gerais é um estado centralizado, que é rota quase que inevitável de tráfego entre Sul / Sudeste e Norte/Nordeste. Mas as rodovias ainda guardam o traçado de 50, 60 anos atrás. A duplicação já deveria ter chegado a boa parte dessas BRs.

“A empresa que vencer a
licitação da concessão
deve priorizar um plano
de ação que faça reduzir
os acidentes”


Se as estatísticas da BR-381 são alarmantes, as obras de duplicação representam um alento para os motoristas que trafegam pela rodovia, bem como para os familiares de quem perdeu a vida na estrada. No fim de julho, o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou o projeto de concessão dos 310 quilômetros da rodovia entre BH e Valadares e mais um trecho da BR-262, entre João Monlevade e Viana (ES).

A previsão é de que o edital de licitação seja publicado até o fim do ano, e que a assinatura da concessão pelo período de 30 anos ocorra já nos primeiros meses de 2022. Estima-se que sejam gastos em torno de R$ 7,3 bilhões com o restante da duplicação da 381 e do trecho da 262.

Uma dica? A empresa que vencer a licitação da concessão deve priorizar um plano de ação que faça reduzir os acidentes. É muito importante fazer um mapeamento dos pontos críticos da pista e elaborar formas de reduzir as colisões.

Mesmo no caso de uma rodovia considerada violenta, como a 381, é possível diminuir os índices de acidentes nos locais de maior incidência. Sinalização ostensiva, redutores de velocidade, conscientização dos motoristas... há várias formas de reduzir os riscos mesmo durante as obras. Mas essas ações devem ser pensadas em conjunto com diferentes setores.

* Advogado que atua há mais de 10 anos junto a concessionárias e permissionárias de serviços públicos - [email protected]

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