28 de setembro, de 2021 | 06:23

Dossiê aponta censura na EBC durante a pandemia

Dossiê enviado à CPI da Covid acusa a direção da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) de censurar informações sobre a pandemia de covid-19

Divulgação
''Os veículos públicos da EBC deveriam, neste momento, cumprir sua missão de levar informação de qualidade à população, além de combater fake news, para promover a saúde e preservar vidas'', enfatiza o relatório''Os veículos públicos da EBC deveriam, neste momento, cumprir sua missão de levar informação de qualidade à população, além de combater fake news, para promover a saúde e preservar vidas'', enfatiza o relatório

A CPI da Covid, no Senado, recebeu um dossiê com acusações contra a direção da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) de censurar informações de interesse público sobre a pandemia de covid-19.

O documento, que tem 119 páginas, lista episódios nos quais teriam ocorrido interferência ilegal no trabalho dos profissionais da comunicação, em reportagens relacionadas a dados da pandemia de covid.

A denúncia é grave porque a Agência Brasil é um dos principais canais de comunicação da EBC, que mantém rádios, TV, e portais de notícias, que geram conteúdos para outros veículos de comunicação.

Conforme a denúncia, a ingerência na estatal serviu para “reforçar discursos negacionistas” em relação à doença. O material com as denúncias foi enviado por servidores públicos ao relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL). A iniciativa foi noticiada pelo portal Metrópoles.

“A Empresa Brasil de Comunicação está sendo usada pelo atual governo federal para disseminar e reforçar narrativas negacionistas e governistas sobre a pandemia, que certamente prejudicaram o combate ao vírus da covid-19”, diz o documento, que tem por título “O uso indevido dos meios públicos de comunicação da EBC para difusão de fake news e negacionismo sobre a pandemia de covid-19”.

“Os veículos públicos da EBC deveriam, neste momento, cumprir sua missão de levar informação de qualidade à população, além de combater fake news, para promover a saúde e preservar vidas”, enfatiza o relatório

A CPI deverá incluir informações do dossiê no relatório final dos trabalhos da comissão, conforme divulgou a assessoria do Senado.

Desinformação institucional

A atuação da estatal na pandemia fará parte do capítulo que tratará da desinformação institucional. Nessa parte, serão listadas as condutas de órgãos públicos que divulgaram fake news sobre a covid-19.

São citados no dossiê dados de entidades sindicais e da Frente de Defesa da EBC e da Comunicação Pública. “Fica evidente o uso do aparato público de comunicação pelo governo do presidente Jair Bolsonaro para difusão de fake news e desinformação sobre a gravíssima situação da Covid-19 em nosso país”, diz o texto.

Em 2020, durante algum tempo, segundo a denúncia, os profissionais de comunicação da EBC não podiam falar na “segunda onda” da pandemia. Essa ordem prevaleceu mesmo quando cientistas já alertavam que uma nova série de infecções viria.

Outra determinação foi que fosse enfatizado o “Placar da Vida”. É uma criação da Secretaria de Comunicação do governo federal para enfatizar o número de infectados pelo vírus que se recuperavam e curavam. Não deveria haver destaque para as mortes, afirmam os autores da denúncia.

“As equipes das redes sociais da EBC foram proibidas de postar qualquer assunto que tenha viés negativo sobre a pandemia, mesmo aqueles produzidos pela própria casa, como Agência Brasil”, afirma o texto.

A divulgação da própria CPI da Covid, segundo a denúncia, foi alvo de proibições da direção da empresa.

“Na CPI da Pandemia, os repórteres do Radiojornalismo do turno da tarde foram proibidos de cobrir os trabalhos”, diz o texto. “Apenas um repórter da manhã faz um registro e não coloca falas dos senadores, apenas do depoente; Coletivas e repercussões sobre a pandemia não são pautadas, ao contrário, é proibido repórter acompanhar”, acrescenta o texto.

Os denunciantes também apontam que é proibido aos profissionais da empresa “citar a polêmica em torno da eficácia da cloroquina em reportagens”. O medicamento, de acordo com pesquisas, é ineficaz contra o novo coronavírus, mas até hoje é defendido pelo presidente. Segundo o texto, houve censura a “estudo que atestava a ineficácia” da droga.

“Foi censurado na reportagem do radiojornalismo o posicionamento do Presidente da Anvisa (Antonio Barra Torres) na CPI, que disse que se arrependeu de ter participado de aglomeração”, prossegue a denúncia. “O repórter hoje está sofrendo um processo administrativo por se recusar a gravar o trecho censurado”.

O dossiê também denuncia proibição de postar nas mídias sociais da EBC a foto da primeira pessoa vacinada no Brasil, em São Paulo. O motivo foi que foi “iniciativa do governador João Doria” (PSDB). Segundo a denúncia, quando o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta depôs na CPI, “as reportagens da Agência Brasil e da TV Brasil não mostraram os questionamentos feitos por ele”.

Também não foi dado destaque à crise do oxigênio em Manaus. Houve, afirmam censura “até das próprias declarações do presidente Jair Bolsonaro, numa lógica de proteger o presidente dele mesmo. Um exemplo foi o “e daí?” ao se referir aos primeiros 5 mil mortos pela Covid-19”.

“Por lei e em respeito à Constituição Federal, nenhum governo pode usar a EBC para promoção própria. A autonomia em relação ao governo Federal, assim como a vedação ao proselitismo, estão claramente expressos no texto legal”, argumentam os denunciantes.

“Os canais responsáveis por fazer a divulgação de atos oficiais são a TV BrasilGOV, antiga TV NBR, e o programa de rádio A Voz do Brasil, ambos operados pela EBC como uma prestação de serviço ao governo”.

Os denunciantes sugerem que sejam questionados a respeito desses procedimentos, a Secretaria de Comunicação (Secom); o diretor-presidente da EBC, Glenn Valente; a diretora de Jornalismo, Sirlei Batista; e o ministro Braga Netto – que quando chefiou a Casa Civil coordenou o combate à pandemia.
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Comentários

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Observador

28 de setembro, 2021 | 08:16

“Engraçado os senadores usarem mais uma narrativa sem pé nem cabeça para atacar o governo federal quando foram eles mesmos que impuseram leis de mordaça.
Lembrando que desde o inicio do mandato o Presidente Bolsonaro quis privatizar essa rede o que foi impedido pelos senadores e pelo STF !”

Marcos Guimarães

28 de setembro, 2021 | 07:14

“Tudo no Brasil vira tragédia.!
É uma Politicagem sem fim e quando não fazem Politica encima de mortos, o fazem encima dos vivos.
Vejamos as tragédias das barragens em Minas Gerais que afetou até o Estado de Vitória. Virou fato para exploração Politica, ninguém foi preso e as indenizações travadas até hoje, e quem morreu soterrado, lamento!
Já passou da hora de acabar este discurso de Esquerda e Direita e ELES s lembrarem que existe um povo que está bem vivo e carente das Politicas publicas, a começar pela revisão dos impostos que retirou do povo o poder de compra e aumentou a inflação nunca antes vista desde a Criação do plano real pelo PMDB e implantada de fato pelo PSDB em idos dos anos 90.
Até quando o Governo será julgado por quem tem puleiro sujo? Fora isto o Chefe do executivo que dá um passo a frente e dois atrás.
1000 dias de desgoverno, onde quem bate cartão vê seus escassos recursos minguarem. Desçam do palanque eleitoral e trabalhem!”

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