03 de setembro, de 2021 | 10:00

Mudança no comportamento de consumidores abriu caminho para novos golpes, avalia advogado

Após o Serasa Experian divulgar que o número de ataques fraudulentos contra brasileiros chegou a 1,9 milhão no primeiro semestre de 2021, o advogado especialista em Direito do Consumidor, Gustavo Botelho Silva, de Ipatinga, explica que a mudança de comportamento do consumidor, que passou a comprar mais na internet, abriu caminho para novos tipos de golpes.

A alta de fraudes foi puxada principalmente pelas ações contra pessoas de até 25 anos, que tiveram crescimento de 19,3%, de acordo com o Indicador de Tentativas de Fraude da Serasa Experian. Gustavo observa que dentre as principais queixas das vítimas, com a utilização de documentação falsa ou furtada, está relacionada à compra de aparelhos celulares, cartões de créditos emitidos, financiamento de eletrônicos, abertura de contas em bancos, compra de automóveis e abertura de empresas.

“A região do Vale do Aço registrou um aumento expressivo de tentativas de fraudes nos últimos meses, basta verificar a quantidade de pessoas informando que teve o seu telefone clonado, contas da rede social hackeadas. O aumento das tentativas de fraude ocorridas é um reflexo da aceleração da digitalização em decorrência da pandemia de covid-19”, avalia o advogado.

Gustavo também salienta que ocorreu uma mudança no comportamento dos consumidores brasileiros, que passaram a adquirir bens e serviços on-line, em decorrência das regras de distanciamento social. “Com o aumento das transações comerciais pela internet, ocorreu o aumento de fraudes. A título de exemplo, em janeiro, um hacker roubou dados de 223 milhões de brasileiros e vendeu na dark web, informações como nome completo, data de nascimento, CPF, nível de escolaridade, imposto de renda e saldo bancário foram vazadas, demonstrando que precisamos de uma infraestrutura tecnológica mais sofisticada para impedir o vazamento de informações”, frisa.

Ajuda

Diante do cenário de golpes, a vítima, ao identificar uma dívida que não reconhece, deve procurar imediatamente a instituição financeira. Em caso de negativação indevida, pode pedir que a empresa retire o registro do cadastro de inadimplentes e, caso isto não ocorra, o consumidor deve entrar na Justiça com uma ação de declaração de inexistência do débito e danos morais.

“Importante esclarecer que a empresa pode ser responsabilizada pelos danos causados quando o consumidor é vítima de fraude, pois a empresa tem a obrigação de oferecer um sistema seguro ao consumidor, proteger os seus dados e verificar todas as informações antes de fechar novos contratos ou confirmar a venda de produtos”, orienta o advogado de Ipatinga.

Em caso de perda ou roubo de documentos, é necessário que o consumidor se previna fazendo um Boletim de Ocorrência. “Tome muito cuidado com seus documentos pessoais, principalmente com o CPF. Não informe número de documentos em sorteios e promoções de empresas desconhecidas; não faça cadastro em sites que não são de confiança. Desconfie de sites que anunciam produtos com preços muito abaixo do mercado. Quando for pagar um boleto, confira atentamente se o beneficiário está correto. Não compartilhe dados pessoais em redes sociais e não clique em links desconhecidos”, conclui Gustavo Botelho.