
10 de agosto, de 2021 | 13:32
Siderurgia alavanca a indústria brasileira
Antônio Nahas Júnior *
Neste momento de recuperação, uma pergunta surge: Pode a siderúrgica se soerguer e contribuir para a reestruturação da indústria nacional?”Há enorme capacidade ociosa no parque siderúrgico mundial, o que se constitui em mais um desafio para o setor”
Os resultados do setor siderúrgico mineiro e brasileiro para o primeiro semestre deste ano foram surpreendentes. Somados, os lucros líquidos da CSN; Gerdau e Usiminas alcançaram R$ 17 bilhões de reais, valores muito acima de qualquer expectativa positiva. Estes valores foram impulsionados tanto pelo fato de que estas três Usinas são integradas, produzindo e exportando sua matéria prima, como pelo grande aumento do preço do aço, ocasionado pela redução de oferta e pela retomada da produção industrial neste semestre. No caso da Gerdau, há uma notícia promissora: a empresa investira´ em Ouro Branco cerca de 500 milhões de dólares na expansão da sua produção.
Tais resultados são muito expressivos, sobretudo se levarmos em conta que a indústria siderúrgica brasileira, como a de outros países do mundo, viu-se ameaçada pela avassaladora produção siderúrgica chinesa. Entre 2007 e 2020, a China passou de 37 para 57 por cento da produção mundial. A América Latina reduziu sua participação de 4 para 2 por cento do total. Há enorme capacidade ociosa no parque siderúrgico mundial, o que se constitui em mais um desafio para o setor.
Para Minas Gerais são resultados muito promissores: nosso estado possui tradição histórica na produção de aço e nosso parque siderúrgico representa 33% da produção nacional de aço, que hoje chega a 34 milhões de toneladas ano. O cenário positivo referido acima deve se estender para a Vallourec Mannesman, Arcelor Mittal e Aperam, que complementam o parque siderúrgico mineiro.
Neste momento de recuperação, uma pergunta surge: Pode a siderúrgica brasileira se soerguer e contribuir para a reestruturação da indústria nacional? Quais ações podem ser tomadas para alavancar este crescimento?
Esta discussão é muito atual e necessária e sua resposta deverá vir das autoridades governamentais, cuja função é pensar o fortalecimento do país como nação e torná-lo respeitado e fortalecido internacionalmente.
A Usiminas partiu de um lucro líquido de 192 milhões de reais no 1º trimestre de 2020 para 4,54 bilhões no segundo trimestre de 2021. Este fantástico resultado não foi apenas devido à compra e venda de seus produtos. Foi influenciado também pela obtenção de créditos fiscais e variações cambiais, além do aumento do preço do aço.
A História da empresa é de superação. Seus dirigentes redefiniram sua trajetória a partir de 2016, quando sua dívida foi renegociada e houve aumento do capital da empresa. O passo seguinte foi a consagração do acordo de acionistas firmado em 2018, que pôs fim a uma disputa societária que estava se transformando numa luta fraticida, destinada a levar a Companhia ao fracasso.
A empresa reestruturou também sua governança corporativa, traçando seus pilares e buscando uma política de crescimento baseada no fortalecimento e diálogo dos seus stakeholders, os chamados pilares: pessoas; clientes e resultados. A partir daí veio a construção do futuro, com a retomada do Alto Forno 1 em Ipatinga; inovações em Itatiaiuçu; novos produtos e uma série de melhorias para os clientes. Os programas Garimpando Oportunidades e Caminhos do Vale” expressam esta mudança.
Como resultado, sua imagem foi totalmente remodelada: hoje temos uma siderúrgica integrada; pujante; lucrativa, com faturamento de R$ 16,7 bilhões de reais, apenas no primeiro semestre deste ano.
A pergunta que não quer calar é se a Usiminas irá seguir o caminho da Gerdau e investir na manutenção e expansão da sua capacidade produtiva, ou até mesmo na agregação de valor aos seus produtos. O capital votante da Usiminas é formado majoritariamente pelos grupos Nippon Steel e Ternium Tenaris, que controlam o Conselho de Administração. A estratégia internacional destes grandes conglomerados será decisiva na implementação dos planos futuros de investimento da Companhia.
A companhia prevê 600 milhões de investimentos para este ano, porém, o término da reforma do alto-forno 3, o maior da companhia, com capacidade de produzir 7.500 toneladas dia, está programado para 2023.
A indústria siderúrgica brasileira e o país como um todo necessita da recuperação do seu setor industrial pois, sem indústria forte, o país corre o risco de se tornar um eterno exportador de matérias primas e bens semiacabados.
* Economista. Participou em diversas administrações municipais em Ipatinga e Belo Horizonte. Atualmente é empresário e gerente da NMC Projetos e Consultoria
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Tião Aranha
10 de agosto, 2021 | 19:38Tem que trabalhar em cima de resultados, mas dobrar a produção e não aumentar o salário do trabalhador, é complicado.”
Iara Saldanha
10 de agosto, 2021 | 19:11Parabéns ao sr Antônio Nahas pelo artigo ? Siderurgia Alavanca a Indústria Brasileira?
Muito claro e objetivo!”