04 de agosto, de 2021 | 10:47

A internet está doente, diz mãe de jovem que tirou sua própria vida após receber comentários maldosos em rede social

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A mídia social TikTok, de origem chinesa, atrai a atenção de adolescentes e é considerada a quarta maior da atualidade, com 1,6 bilhão de usuários/mês A mídia social TikTok, de origem chinesa, atrai a atenção de adolescentes e é considerada a quarta maior da atualidade, com 1,6 bilhão de usuários/mês

Lançado por uma empresa chinesa como um aplicativo para a publicação de vídeos curtos, de até 60 segundos, o TikTok é atualmente uma "febre" entre adolescentes. Quarta maior mídia social do mundo, tem em torno de 1,6 bilhão de usuários mensais, conforme dados divulgados por consultores.

Entretanto, o que era para ser apenas um ambiente de entretenimento, tem se tornado cada vez mais “tóxico” e perigoso para crianças e adolescentes.

O uso inadequado pode levar às atitudes drásticas, o que chama a atenção para pais e terapeutas. A polêmica da semana ocorreu na terça-feira (3), quando o adolescente Lucas Santos, de apenas 16 anos, tirou sua própria vida após receber comentários maldosos por um vídeo que publicou no Tik Tok.

Sua mãe, a cantora forró Walkyria Santos, postou um desabafo emocionado nas redes sociais e ainda afirmou que “a internet está doente”. Situações como essa estão cada vez mais comuns não só no Brasil, mas em todo o mundo. Em uma rápida pesquisa na web é possível encontrar diversas notícias relatando o mesmo contexto: adolescentes suicidando por uso decorrente da rede social.

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Neurocientista Fabiano de Abreu vem alertando desde 2018 sobre as maneiras que o ambiente digital está trazendo sérios riscos para a saúde mental de crianças e adolescentes; Casos como esse estão se tornando cada vez mais comunsNeurocientista Fabiano de Abreu vem alertando desde 2018 sobre as maneiras que o ambiente digital está trazendo sérios riscos para a saúde mental de crianças e adolescentes; Casos como esse estão se tornando cada vez mais comuns
Apesar de ser um assunto que está ganhando os holofotes somente agora, o PhD, neurocientista, psicanalista e biólogo Fabiano de Abreu vem alertando sobre este assunto desde 2018: “Naquela época, publiquei um artigo científico que detalha o funcionamento do cérebro e como a internet afeta a região da inteligência, da lógica e coerência. Da região que orquestra todas as demais regiões, que alerta às consequências e que controla a emoção. Em 2019, eu já havia avisado a minha filha e demais crianças sobre o Tik Tok e que ele é mais perigoso que o Instagram”, ressalta.

Segundo Fabiano, “o que acontece no cérebro é essa intercepção, uma falta de controle emocional que desencadeia disfunções que acarretam atitudes impulsivas”. E a situação pode piorar ainda mais, revela: “A rede social vai matar mais pessoas. Empresas como Facebook e Tik Tok sabem disso e continuam investindo em neurociência inadequadamente, para que as pessoas libertem cada vez mais dopamina que é viciante segurando assim o usuário”.

Para quem não conhece, Fabiano explica o efeito deste agente químico no organismo: “A dopamina é um neurotransmissor da recompensa que o organismo pede sua liberação de forma gradativa. Além disso, a falta de atenção, dificuldade de memorização, excesso de ansiedade, desmotivação constante e oscilações emocionais. São fruto dessa disfunção”. Diante deste cenário sombrio pela frente, Abreu lamenta que muita gente ainda não tenha noção da gravidade do problema que está aí: “As pessoas não estão levando a sério pois também estão dependentes da rede social. Como um comboio que prefere não enxergar os danos que ela causa já que também se satisfaz com ela”, sinaliza.

Abreu diz que o TikTok tornou-se mais perigoso, também pela faixa etária que o usa: "As crianças e adolescentes acham mais graça no TikTok; tem mais interação, dança, movimento, desafios. Mas são esses os mais preocupantes. A criança e o jovem só têm o seu córtex pré-frontal totalmente desenvolvido em até 24 anos de idade dependendo do indivíduo e sua cognição ainda está em desenvolvimento, assim como é uma fase de transição e de pouca experiência. Sem contar que há pais que estão tão viciados na rede quanto os filhos dando exemplos que podem ter consequências ruins." finaliza o neurocientista com mais de 30 artigos científicos publicados e a maioria deles relacionado à inteligência.
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Comentários

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Jacqueline

05 de agosto, 2021 | 13:10

“Quando trabalhei com treinamento de uso de equipamentos de informática, recebia muitos pedidos para treinar os filhos de pais preocupados com a empregabilidade futura dos filhos. Em 80% dos casos convenci aos pais que eles é que precisavam de treinamento. E não apenas de "clicar e acionar botões". Mas entender o ecossistema internet.
Uma pena que numa rede tão ampla as pessoas fiquem somente na orla mergulhadas no Facebook, Instagram e no celular no WhatsApp. Existe um universo de cultura, museus, livros, games (sim, existem ótimos games ), e um sem número de conteúdos não explorados pela grande massa de usuários.
O que dizer de pais que deixam filhos se cadastrarem em alguns apps mesmo com recomendação clara da idade recomendada bem acima? E a distribuição de fotos dos filhos espalhadas pela internet, uma superexposição da vida privada? Hoje existe até o "mendigo" dos likes, aquele povo chato que vive pedindo curtidas nos seus post e fotos!
Na década de 70 e 80 a babá era a televisão. Hoje o celular. Vi muitas crianças em viagens que sequer olham as paisagens cara enfiada no celular. E os pais tranquilos, filho dopado de dopamina, afinal não incomoda!
Você já planejou levar seu filho para soltar pipa num local sem postes? Andar de bicicleta? Já jogou um joguinho de tabuleiro? Você lê livros e incentiva seus filhos? Já ensinou a manusear um dicionário de papel para treinar as formas de classificação e sequência? Já leu histórias para ele na hora de dormir nos últimos dias?
A tecnologia que temos é maravilhosa, mas tem que saber acessar e também desligar! Já fez seu detox de dopamina hoje?”

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