25 de julho, de 2021 | 13:00

Por que as mulheres são melhores prefeitas e gestoras?

William Passos *

No terrível ano de 2020, apenas 26 pessoas morreram de covid-19 na Nova Zelândia, em decorrência da gestão sanitária da primeira-ministra Jacinda Arden. O desempenho notável de Jacinda durante a pandemia e de outras governantes mulheres, como as líderes de Bangladesh e Taiwan, levou economistas brasileiros e pesquisadores da Universidade de São Paulo e da Universidade de Barcelona a realizarem um estudo comparando a atuação de prefeitas e prefeitos em 700 municípios brasileiros de até 200 mil habitantes durante a pandemia.

Intitulado "Sob pressão: a liderança das mulheres durante a crise da covid-19", a pesquisa concluiu que os municípios governados por mulheres registraram 44% menos mortes e 30% menos internações que aqueles governados por homens. Isso significa que, se metade dos 5.568 municípios brasileiros fosse governada por mulheres, o Brasil teria 15% menos mortes por Covid-19 e mais de 75 mil pessoas, que morreram durante a pandemia, ainda estariam vivas neste momento. Infelizmente, menos de 13% das prefeituras brasileiras são comandadas por mulheres.

Além de fornecer a importante evidência científica de que ter mulheres no governo ajuda a salvar mais vidas do que ter um homem na cadeira, a pesquisa lança luz sobre as diferenças entre a gestão feminina e masculina, embora não seja conclusivo, uma falha do trabalho. Entretanto, o restante da literatura científica nos fornece três importantes pistas: mulheres são mais “disciplinadas”, ou seja, costumam respeitar mais as regras; mulheres se envolvem menos com corrupção; e mulheres são mais avessas ao risco. Isso significa, uma vez em cargos de gestão, além da maior eficiência administrativa no uso do dinheiro público, que as mulheres tendem a tomar decisões de forma mais pragmática, o que se traduz, na eventualidade de uma pandemia, numa maior adesão à orientação da Ciência e da Medicina, como o distanciamento social, o uso de máscaras e a aplicação de vacinas. Na condição de prefeitas, passam a ter poder político para exigir da população o cumprimento do protocolo sanitário.

Naturalmente que, pela dominância masculina, as exigências para se eleger uma mulher prefeita no Brasil provavelmente sejam mais altas do que aquelas para a eleição de um homem e, exatamente por isso, apenas mulheres mais qualificadas acabem ganhando as eleições (ou chegando perto de ganhar), o que impactaria no fato das mulheres prefeitas tomarem melhores decisões, haja vista que enfrentam mais pressão e desafios adicionais na carreira política, mas a maior qualificação das mulheres prefeitas não explica o fato de que são melhores gestoras. O que explica é o fato de serem mulheres, e não homens.

Por isso, se o Brasil tivesse eleito, em 2018, uma mulher para presidente (e tivemos duas candidatas), provavelmente a compra de vacinas teria ocorrido mais cedo, uma parcela muito maior da população estaria imunizada, muito menos pessoas teriam morrido, o Brasil não seria uma vergonha internacional frente a outros países e o Ministério da Saúde teria cumprido seu papel constitucional de coordenação e orientação dos estados e municípios. Também não teríamos a substituição, como ministros da Saúde, de médicos respeitados por generais que não sabem o que é o SUS e muito provavelmente ninguém teria pedido propina de 1 dolár com vacina. Mas como o país decidiu eleger um presidente que ostenta orgulhosamente uma esposa que não trabalha fora e ainda a faz passar Natal e Ano sozinha, ao melhor estilo da época em que as mulheres sequer poderiam abrir conta em banco, só resta sugerir: aceita que dói menos!

* Geógrafo, doutorando pelo IPPUR/UFRJ e colaborador do Jornal Diário do Aço. Email: [email protected]

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Comentários

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De Olho na História

26 de julho, 2021 | 20:56

“Paulo, penso que o fracasso do governo Dilma não deve ser avaliado sem levar em conta a sabotagem orquestrada pelo mineiro Aécio Neves. Já esqueceu, né? Ele anda meio sumido mesmo, mas ainda não acertou as contas com a justiça. kkkkk Até penso que o governo Dilma não seria grandes coisas não, mas que houve sabotagem para potencializar o fracasso, isso houve.”

Paulo

26 de julho, 2021 | 17:42

“kkkkk. sério esse artigo???? E A PRESIDENTA DILMA HEIN??? KKKKKKKK”

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