21 de julho, de 2021 | 09:00

Internações em UTI-Covid custaram quase R$ 2 milhões em Ipatinga, só em junho

Aplicação de vacinas de forma mais célere poderia ter evitado mortes e gastos

(Bruna Lage - Repórter do Diário do Aço)
A covid-19 tem sido devastadora em diversos aspectos, o que é inegável, seja no Brasil ou em qualquer outro país do mundo. Por aqui, mais de 542 mil brasileiros morreram em decorrência da doença e muitos deles chegaram a ficar internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Além da dor e da perda, essa estadia nas UTI’s custou aos cofres públicos cifras milionárias. No caso de Ipatinga, por exemplo, o mês de junho deste ano registrou R$ 1.837.533,73 de gastos com diárias em UTI-Covid.

As informações são do Departamento Nacional de Auditoria do SUS, do Ministério da Saúde e tabuladas pelo geógrafo e consultor especializado em desenvolvimento regional, William Passos. Ele explica que o acesso é possível a todas as pessoas, mas precisa-se de um pouco de familiaridade com banco de dados para conseguir encontrar as informações pesquisadas.

Em junho de 2020, a taxa de ocupação UTI-Covid adulto na cidade do Vale do Aço era de 3,67%. Em 2021, o mesmo mês apresentou 49,70%. Na UTI-Covid adulto SUS, junho de 2020 teve 10,78% de ocupação e 77,30% em 2021.

Conforme os dados – cuja média é dos dias de internação, não necessariamente 30 dias no mês - o custo médio da diária em UTI-Covid no Hospital Municipal Eliane Martins foi de R$ 1.600 (junho de 2020) e de R$ 1.522,73 (junho de 2021). O custo total das diárias em UTI-Covid em junho do ano passado foi de R$ 88 mil e de R$ 1.105.850,88 no mesmo mês deste ano.

Total

Quando calculado todo o gasto com diárias em UTI-Covid, junho de 2020 registrou R$ 88 mil e em 2021, foram R$ 1.837.533,73. A taxa de mortalidade das internações SUS e que geraram custos (faturas a serem pagas) em UTI-Covid: 66,67% (4 óbitos a cada 6 internações) em junho de 2020 e 56,74% (442 óbitos a cada 779 internações), em junho de 2021.

O custo médio paciente/dia SUS foi de R$ 413,72 (8.484 diárias pagas) no ano passado e de 471,73 (12.500 diárias pagas) em 2021, sempre comparando os meses de junho.

Análise

William Passos lamenta o fato de que, no Brasil, houve atraso na compra e aplicação das vacinas contra a covid-19 e foi desperdiçado dinheiro com cloroquina, remédio ineficaz para o tratamento da doença, conforme admitido recentemente pelo Ministério da Saúde. Os gastos do governo com internações poderiam ter muito sido menores se o governo federal e o Ministério da Saúde tivessem seguido a orientação da Ciência e da Medicina. “Esses gastos com internações saem do orçamento do Ministério da Saúde e do bolso de todos nós brasileiros, trabalhadores e empresários formais, que pagamos impostos e uma altíssima carga tributária. Todo o dinheiro gasto com a internação dos doentes pela covid, e com a cloroquina (que não serviu para nada e foi jogada fora), significa um dinheiro tirado da sociedade”, avalia.

Para compensar, aponta o geógrafo, o governo vai tirar de outros setores da saúde, também da educação, vai deixar de realizar obras, que geram empregos e salários, além de programas sociais, que garantem a comida na mesa do pobre e o faturamento dos supermercados, mercadinhos, hortifrutis, açougues e padarias, que usam esse dinheiro para se manterem e para pagar funcionários e fornecedores.

“Enfim, esse desgoverno tira dinheiro de circulação exatamente no momento que mais precisamos movimentar a economia e atrapalha o retorno da geração de empregos e da decisão de investimentos pelos empresários, o que mais precisamos nesse momento, depois das duas doses da vacina e da nossa saúde em dia”, conclui.