18 de julho, de 2021 | 10:00

Situação hídrica preocupa e provoca rodízio na região

Alessandro de Sá/Arquivo pessoal
Imagem mostra bancos de areia em trecho do rio Doce, sentido aeroporto, em Santana do ParaísoImagem mostra bancos de areia em trecho do rio Doce, sentido aeroporto, em Santana do Paraíso
(Bruna Lage - Repórter do Diário do Aço)
A situação hídrica em todo o país tem sido tema de debate entre especialistas e de preocupação por parte da população. Na região, a Copasa anunciou sistema de rodízio no distrito de Vale Verde de Minas, em Ipaba, o que acendeu o alerta para as demais cidades do Vale do Aço. O geógrafo e pós-graduado em Gestão Ambiental, Alessandro de Sá, assim como estudantes de Biologia sob sua supervisão de estágio, avaliam o cenário e apontam o que é possível ser feito para reduzir os impactos durante este momento de seca.

No caso da localidade de Vale Verde de Minas, a informação é de que, em razão de uma redução drástica do volume de água normalmente captado no manancial utilizado pela Copasa, a situação é causada pelo prolongado período de estiagem na bacia hidrográfica do Córrego Água Limpa, razão pela qual a companhia adotou, até o dia 19, o rodízio em toda a cidade, inclusive nas partes mais altas, variando o período de início e término, de acordo com a região. 

Alessandro de Sá explica que a falta de aplicação de uma política pública com eficiência e resultados é a razão do problema. Ao longo das últimas décadas, aponta, os mananciais sofrem pela apropriação irregular do uso do solo, inexistência das matas ciliares, matas de recargas - responsáveis por equilibrar as vazões das nascentes -, e dos cursos da água. “Os desmatamentos e queimadas são implacáveis para toda a biodiversidade da fauna e flora e também proporcionalmente impactante na oferta de produção hídrica para o abastecimento de água para as residências e atividades econômicas. É necessário mudar o comportamento e utilizar a água de forma consciente, além de economizar com medidas de reaproveitamento e reuso nas atividades domésticas”, avalia.

Solução

Para sair desse cenário, ele entende como sendo importante a participação do poder público, empresas, órgãos de fiscalização e sociedade em geral. “A mudança para evitar o colapso hídrico, o racionamento e o desabastecimento deve ser urgente e com ações ainda mais imediatas. A recuperação dos mananciais para ofertar a produção hídrica passa por micro bacias que formam os grandes rios e grandes reservatórios. Por esses caminhos, vamos equilibrar o ciclo das chuvas e promover índices mais regulares e duradouros”, aponta Alessandro.

O estudante Davi Cotta Capachi salienta que a falta hídrica vem de várias partes que se encontram em um único fator, o relacionamento do ser humano com o meio ambiente. “Há tempos vemos o desmatamento exacerbado de áreas verdes, principalmente desmatamentos com tons criminosos, sabemos que é uma série em cadeia. Uma solução seria, antes do reflorestamento, a abertura de covas para a captação da água e um estudo rigoroso sobre as espécies nativas que podem ser replantadas nessa situação, as quais vão ofertar uma recuperação gradual da mata”, pontua.

Quanto ao cenário atual, a população deve ficar extremamente atenta à quantidade de água que possui em casa e a quantidade de água que é gasta. Tentar de alguma forma fazer um reservatório para água que possa vir a ser reutilizada, como por exemplo, a água da lavagem de roupas, que poderia ser utilizada para a limpeza doméstica.

Crise hídrica x oferta de energia

“A maior parte da produção de energia elétrica em nosso país é resultado das usinas hidrelétricas (que utilizam a força das águas para produzir eletricidade), que causam extremo transtorno na paisagem natural e no ecossistema como um todo. Sabendo que o Brasil é um país que recebe grande radiação solar, poderia de alguma forma tornar acessível a construção de polos e produção da energia através da energia do sol, pois é um recurso bem aplicado no nosso território e que não apresenta uma possível escassez”, acrescenta Davi.

Educação ambiental como base

A também estudante de Biologia, Caroline Paula, acredita que a educação ambiental é fundamental para reverter o cenário. “Só se preserva aquilo que se conhece e a população, ao compreender a importância de economizar, não desmatar, não queimar, perceberá que cuidar do meio ambiente de diversas formas é crucial para manutenção da vida”, afirma.

Kethellin Naiara endossa o discurso dos colegas estagiários e lembra o fator pandemia. “A situação de escassez hídrica pode estar relacionada à diminuição do nível de chuva na região, e também pelo aumento no consumo humano causando a diminuição dos mananciais. Este ano, a pandemia da covid-19 pode ter interferido na crise. O tempo da maioria das pessoas em casa aumentou, e isso gera um consumo maior de água”, conclui.
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Comentários

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Gilmar Batista da Fonseca

19 de julho, 2021 | 13:38

“O homem é o maior destruidor da natureza. Somos racionais mas carregamos com a gente o espírito da destruição. A natureza é soberana é divina. Quando a destruímos, estamos destruindo DEUS.”

Benedito Ferreira Perdigao

19 de julho, 2021 | 10:08

“ACHO QUE SERIA HORA DE ORGAOS DOS GOVERNOS A NÍVEL MUNICIPAL, ESTADUAL E FEDERAL INVESTIREM EM AÇÕES DE RECUPERAÇÕES DE NASCENTES NOS ENTORNOS DOS RIOS.”

Bom

18 de julho, 2021 | 17:35

“Deus é muito bom por não nos deixar sem esse líquido extremamente precioso.
Se depender do pior animal que existe (homem) ficaríamos sem.
Lembro muito bem do clube Riacho das Pedras suas cachoeiras desciam água com pressão, muita água mesmo.
Hoje em dia ...............
ops: esse é só um exemplo.”

Jorge

18 de julho, 2021 | 12:09

“Se a Copasa desse um desconto de 50% na conta residencial para o consumidor que gastasse até 8 m cúbicos de água o abastecimento estaria em condições melhores e multa em consumos maiores de 10m cúbicos.”

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