13 de julho, de 2021 | 23:27

Site noticia que mensagens indicam participação de Bolsonaro em negociação de vacina

Agência Senado
O cabo PM Luiz Paulo Dominguetti: mensagens no celular indicam outros participantes em negociação de vacinas contra a covid-19O cabo PM Luiz Paulo Dominguetti: mensagens no celular indicam outros participantes em negociação de vacinas contra a covid-19

Trocas de mensagens encontradas no celular do cabo da Polícia Militar de Minas Gerais, Luiz Paulo Dominguetti, apontam a participação direta do presidente Jair Bolsonaro nas negociações para a compra de vacinas contra a covid-19 por meio da Davati. As negociações, que teriam envolvido pedido de propina, são alvo de investigação na CPI da Covid.

Nas mensagens, obtidas pelo site O Antagonista, Dominguetti conversa com o contato “Rafael Compra Deskartpak”, que seria outro representante da Davati, que intermediaria a negociação.

No dia 8 de março, às 10h05, o PM reencaminhou para Rafael a seguinte mensagem: “Manda o SGS (certificado de garantia do imunizante). Urgente. O Bolsonaro está pedindo”. O SGS é um certificado que garante que o produto passou por todas as etapas dos processos exigidos por órgãos reguladores.

O pedido de envio do certificado teria sido feito pelo reverendo Amilton Gomes de Paula, suspeito de ser o intermediário na transação comercial entre a empresa e o governo federal.

Em resposta a Dominguetti, “Rafael Compra Deskartpak” teria afirmado que naquele momento não seria possível mandar o documento. Mais tarde, o PM voltou a mandar mensagem para o mesmo contato solicitando uma reunião com o presidente da Davati nos Estados Unidos, Herman Cárdenas.

“O reverendo está em uma situação difícil neste momento. Ofereceu a vacina no ministério. Presidente chamou ele lá”, escreveu o policial militar.

Logo na sequência, Dominghuetti faz um desabafo em áudios e cobra uma resolução por parte da representação da Davati.

“A gente tem que achar uma maneira de se resolver isso nos próximos minutos aí, com o Herman ou por o Herman pra conversar com ele, porque essa SGS é o que vai fazer o presidente tomar essa decisão. Porque até agora a Davati não falou que tem carga nenhuma. E a situação do reverendo tá muito difícil nesse momento”, diz o PM nos áudios.

Como PM mineiro chegou ao governo

O policial militar Luiz Paulo Dominghetti, que disse ter desistido de vender vacinas ao Ministério da Saúde após receber um pedido de propina, no Ministério da Saúde, chegou ao governo por meio de um oficial da reserva do Exército que integra a chamada "Abin paralela", grupo de informantes que o presidente Jair Bolsonaro afirma manter para não depender dos órgãos oficiais de informação.

O coronel Roberto Criscuoli disse à imprensa ter sido responsável por fazer a ponte entre a Davati Medical Supply, a quem Dominghetti dizia representar, com a pasta. A Davati, porém, nega em nota oficial que o policial tenha qualquer relação com a empresa. Roberto Criscuoli admite que foi procurado por um representante da empresa uma vez em um hotel. "Vieram falando que era porque eu conhecia muita gente no governo. É lícito vender vacinas, é um item que o governo estava comprando. Mas, como não sou lobista, só disse para procurarem o Rodrigo", disse o militar.

Dominghetti disse ter aberto negociação com o governo em nome da Davati para vender 400 milhões de doses da vacina Astrazeneca. Segundo ele, o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, cobrou propina de US$ 1 por dose para que a negociação avançasse, o que acabou não ocorrendo. A Astrazeneca nega, porém, que a Davati a represente. A Davati, por sua vez, nega que Dominghetti seja seu representante.
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