01 de julho, de 2021 | 07:33

CPI ouve empresário que denunciou pedido de propina para compra de vacina

Depoimentos agora visam a apuração em torno de supostas irregularidades em tratativas de compra da Covaxin e Astrazeneca

Para o presidente da CPI, Omar Aziz, muitos requerimentos para novas audiências têm sido aprovados e é preciso saber se haverá tempo para elas e diz crer que Rodrigo Pacheco não irá se opor à prorrogação. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado Para o presidente da CPI, Omar Aziz, muitos requerimentos para novas audiências têm sido aprovados e é preciso saber se haverá tempo para elas e diz crer que Rodrigo Pacheco não irá se opor à prorrogação. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

A CPI da Pandemia aprovou uma série de convocações para depoimentos — entre elas, a de Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que acusou servidor do Ministério da Saúde de pedir propina para que houvesse a compra das vacinas para covid-19 da AstraZeneca. Dominguetti deverá depor à CPI nesta quinta-feira (1). Desde a semana passada é investigada a suspeita de irregularidades nas tratativas para compra de vacinas Covaxin, da Índia e AstraZeneca, desenvolvida pela Universidade de Oxford (Reino Unido).

Luiz Paulo Dominguetti disse à imprensa ter aberto negociação com o governo, em nome da empresa Davati Medical Supply, para vender 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca.

O acordo não foi adiante, segundo ele, porque o diretor cobrou propina de US$ 1 por dose para o negócio prosseguir. Veja, no fim da notícia a nota oficial enviada pela Davati Medical Supply.

Acusado de cobrar a propina, Roberto Ferreira Dias foi exonerado sumariamente na terça-feira, 29/6.

Superpedido de impeachment de Bolsonaro

Nesta quarta-feira (30) foi feita a apresentação de um “superpedido de impeachment” contra o presidente Jair Bolsonaro, assinado por partidos de esquerda, centro-direita e parlamentares que romperam com o governo, além de integrantes de movimentos sociais, reunindo mais de 100 representações já protocoladas na Câmara.

Também quarta-feira, o presidente voltou a recorrer ao tom de ameaça para atacar a CPI, citando as Forças Armadas.

“Não conseguem nos atingir, não vai ser com mentiras ou com CPI integrada por sete bandidos que vão nos tirar daqui”, discursou Bolsonaro em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, em referência ao grupo de senadores que é maioria na comissão.
“Só tenho paz e tranquilidade porque sei que, além do povo, temos Forças Armadas comprometidas com a democracia e com a nossa liberdade”, afirmou.

A Polícia Federal instaurou inquérito para investigar a compra da vacina indiana Covaxin, produzida pelo laboratório Bharat Biotech e intermediada pela empresa Precisa Medicamentos.

O dono da Precisa, Francisco Maximiano, foi convocado para depor na CPI ainda sem data confirmada para o depoimento.

Ricardo Barros, por sua vez, será ouvido pelos senadores na próxima quinta-feira. A Procuradoria da República no Distrito Federal também abriu investigação criminal sobre as negociações para aquisição da vacina (mais informações nesta página).

O deputado Luis Miranda (DEM-DF), que depôs à CPI da Covid na semana passada e reafirmou denúncias de irregularidades nas tratativas para importação da Covaxin, disse que vai provar a existência de corrupção no governo. Ele evitou confirmar se existem áudios com provas, mas não descartou essa possibilidade. “Vamos mudar de assunto”, afirmou quando pressionado em uma entrevista.

Ex-aliado de Bolsonaro, o deputado atua para proteger seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Fernandes Miranda, que disse à CPI e ao Ministério Público ter sido pressionado por superiores para acelerar o negócio com a Covaxin.

As tratativas incluíam pagamento antecipado de US$ 45 milhões a uma offshore que não constava no contrato. Os dois irmãos afirmaram ter denunciado o esquema a Bolsonaro, que teria dito que isso seria “rolo” de Ricardo Barros, líder do governo na Câmara dos Deputados.

Lira é pressionado sobre pedidos de impeachment



Até esta semana havia sobre a mesa do presidente da Câmara Federal, 120 pedidos de impeachment de Bolsonaro. Cabe ao presidente do congresso “colocar para andar”.
Ao ser questionado nesta quarta sobre o superpedido de impeachment, o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), minimizou a estratégia.

“O que houve nesse superpedido? Uma compilação de tudo o que já existia nos outros. E, sobre esses depoimentos, quem tem de apurar é a CPI. É para isso que ela existe. Então, ao final dela a gente se posiciona aqui, porque, na realidade, impeachment como ação política a gente não faz com discurso, a gente faz com materialidade”, disse Lira, líder do Centrão e adversário de Barros dentro do partido.

Quebra de sigilos

A CPI da Covid quebrou nesta quarta os sigilos telefônicos e telemáticos de integrantes do chamado “gabinete do ódio”. O grupo, coordenado pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), composto por auxiliares do presidente, acusados de espalhar fake news nas mídias sociais contra adversários do governo.

Tiveram os sigilos quebrados os assessores da Presidência, Mateus Matos Diniz, José Matheus Salles Gomes e Tercio Arnaud Tomaz, além do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.

Manifestação oficial do Grupo Davati



A Davati Medical Supply esclarece que seu representante no país, Christiano Alberto Carvalho, informou a empresa sobre a necessidade do Brasil de adquirir vacinas para combate à Covid-19. A partir disso, a empresa localizou um distribuidor que afirmou ter uma alocação de produção de aproximadamente 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca®. A Davati, então, por iniciativa própria, contatou o governo brasileiro para verificar se havia interesse nessas doses e se disponibilizou para intermediar. Este é um procedimento normal de negociação, praticado por todos os alocadores e distribuidores.

O contato se deu através de email, enviado em 26 de fevereiro deste ano pelo executivo da Davati, Herman Cardenas, a Roberto Dias. No mesmo dia, o representante da Davati no Brasil, Cristiano Alberto Carvalho, recebeu retorno do email, por parte do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, confirmando interesse no lote de vacinas e agendando encontro para discutir sobre a negociação.

Na oportunidade, o único representante credenciado da Davati no Brasil, Christiano Alberto Carvalho, compareceu ao Ministério da Saúde para tratar sobre a possível negociação, que no decorrer dos dias seguintes não evoluiu, visto que a empresa não recebeu retorno do governo brasileiro com formalização do interesse ou perspectiva de fechamento do negócio, com uma Carta de Interesse.

Sobre o senhor Luiz Paulo Dominguetti Pereira, cabe reiterar que ele não possui vínculo empregatício com a Davati, atuando como vendedor autônomo. Nesse caso, ele apenas intermediou a negociação da empresa com o governo, apresentando o senhor Roberto Dias. Sobre a denúncia relatada por Dominguetti, de que o Ministério da Saúde teria solicitado uma “comissão” para a aquisição das vacinas, a Davati afirma que não tem conhecimento.

O Grupo Davati é uma holding fundada pelo empresário Herman Cardenas, com sede no Texas, Estados Unidos, que possui vários negócios no estado. A Davati Medical Supply é uma subsidiária do Grupo Davati, que desde 2014 também atua como distribuidora em todo o mundo.
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Comentários

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Marcos Guimarães

01 de julho, 2021 | 10:37

“vamos pensar um pouco!!
E se o pedido de Impeachment fosse votado e " passasse"? E se não passasse na votação?
Vocês acham mesmo que o General Mourão, linha dura , acham que ele seria do povão? Abram os olhos contra as armadilhas .
Homens com o perfil de Mourão mantém a política na África subsariana , hoje , tomada por guerrilheiros e grupos armados, um homem fino , sofisticado e de fala mansa e mais, será o próprio Exército no Comando.”

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