15 de junho, de 2021 | 14:37

Copom se reúne nesta semana para decidir taxa básica de juros

João Beck *

O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, se reúne desde ontem e deve anunciar nesta quarta-feira a nova taxa de juros Selic, atualmente em 3,5% ao ano. A expectativa do mercado é por mais um ajuste de 0,75%, o que levaria a Selic para 4,25% ao ano. De acordo com o Boletim Focus, divulgado segunda-feira, a expectativa para a taxa básica de juros no fim de 2021 aumentou de 5,75% ao ano para 6,25% ao ano. Para o fim de 2022, a projeção para a taxa permaneceu em 6,5% ao ano, quarta manutenção consecutiva.

Como país de é moeda frágil, o mercado não pode pagar para ver se a inflação será temporária ou não. O Banco Central age. E, recentemente, o mercado ajustou posições para um ajuste mais agressivo de política monetária do Copom. Para a decisão desta semana, não há mudanças. O ajuste está no tempo de ajuste que deve ser mais prolongado, com as mesmas altas de 0,75%, porém chegando agora perto de 6%. Mais uma vez, o mercado vai observar a retirada ou não da frase 'ajuste parcial' do texto do Copom.

Para o especialista, a valorização recente do real amenizaria o cenário de inflação. Mas outros vetores compensaram. Olhando isoladamente as commodities que a nossa moeda tem bastante correlação, era para o real estar mais valorizado. Mas outros fatores pesam, como teto de gastos e a aproximação de um ano eleitoral, além de outros riscos mapeados no cenário como a crise hídrica.

Depois dos últimos dados divulgados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo  (IPCA), que surpreenderam negativamente com a taxa de 0,83%, a maior para um mês de maio desde 1996, é possível que, além do aumento de 0,75% nesta reunião, o Banco Central sinalize que teremos mais uma alta de 0,75% em agosto.

Com relação a economia brasileira, os dados estão positivos, já que ela vem apresentando uma aceleração no crescimento. Nós estamos avançando na vacinação com a consequente reabertura mais forte da economia e com a diminuição gradativa das medidas de restrições. Por outro lado, temos uma preocupação muito grande com a inflação, que nos últimos 12 meses, foi de 8,06%. O Banco Central está preocupado com isso, tem sinalizado muito que o foco é a inflação e que não quer uma deterioração de suas expectativas para 2021 e 2022.

O Banco Central dessa vez poderá ser mais duro no comunicado, mais vigilante com relação aos dados que estão sendo divulgados e proativo nas medidas para conter esse aumento na inflação. Dados do IPCA com inflação alta são uma preocupação para o Banco Central, mas não espera nada diferente do que já é esperado pelo mercado.
As taxas de juros estão próximas da meta do Banco Central. No caso do Brasil, o IPCA veio alto. A projeção da taxa futura do DI já mostra que o aperto monetário será maior, mas não acredito em nenhum aumento radical. Quanto mais rápido o Brasil subir os juros frente aos EUA, menor será a pressão no câmbio e dólar poderá cair.

* Economista e sócio da BRA
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