13 de junho, de 2021 | 10:00

''Só vamos conseguir controlar a covid-19 com vacinação em massa no país'', alerta infectologista

Médico que atua em Ipatinga afirma que deixar de se vacinar é ''um egoísmo e um descompromisso com a sociedade''

Marcelo Barbosa/Divulgação
Até o momento, cerca de 11% da população brasileira está totalmente imunizada contra a covid-19 Até o momento, cerca de 11% da população brasileira está totalmente imunizada contra a covid-19
(Tiago Araújo - Repórter do Diário do Aço)
Para garantir uma maior eficácia na imunização contra a covid-19, são necessárias duas doses das vacinas (que atualmente são aplicadas no país até então). Caso isso não ocorra, as chances de os infectados desenvolverem quadros graves da doença aumentam. O sinal de alerta foi “ligado” porque há registro de recusa da vacina. Em Minas Gerais, conforme o boletim epidemiológico estadual, 5.374.898 primeiras doses já foram aplicadas (ou seja, 25,24% da população mineira iniciou a imunização), enquanto menos da metade desse número de pessoas recebeu a segunda dose, o que representa 2.531.714 pessoas (11,89%). As porcentagens são em relação à população estimada do Estado, que é de 21.292.666.

A diferença pode ser explicada pela demora no envio de imunizantes pelo governo federal (pela falta de vacinas no país) ou pelo fato de o cidadão ainda não ter procurado uma unidade de saúde para tomar a segunda dose. Além disso há outro problema, que é o número de pessoas que se recusam a tomar vacina. No boletim epidemiológico estadual não é divulgado esse número, porém, alguns municípios informam, como é o caso de Coronel Fabriciano, onde 309 pessoas já recusaram a vacina contra a covid-19.

Imunidade coletiva

Conforme o médico infectologista Márcio Rodrigues de Castro, que atua em Ipatinga, é preciso compreender que o objetivo da vacinação é a imunidade coletiva. “Vacina não visa à proteção individual. É um benefício coletivo. Só conseguimos sucesso no controle da doença infectocontagiosa com imunização em massa da população. Temos exemplo de sucesso de erradicação de doenças como varíola, poliomielite, sarampo, caxumba e rubéola com a imunização em massa”, afirmou.

Relaxamento de medidas

Márcio de Castro ressalta que quando houve o relaxamento de medidas preventivas, devido à onda de ideias negacionistas anti-vacina, houve o retorno do sarampo. “Já tínhamos erradicado o sarampo, mas com a queda da taxa de imunização, a doença voltou a circular, e nos últimos anos tivemos novos surtos de sarampo no país. Desse modo, só vamos conseguir controlar a covid-19 com a vacinação em massa da população, o que vai resultar na redução da circulação do vírus e, por consequência, diminuindo o número de adoecimentos, internações e morte de pessoas”, ressaltou.

Descompromisso

Para o infectologista, deixar de se vacinar, sob o ponto de vista individual, é “um egoísmo e um descompromisso com a sociedade”, e que cada pessoa tem que ter a consciência que esse ato implica na saúde pública. “Só vamos conseguir controlar a covid-19 com vacinação em massa no país e em outros países. Essa ideia negacionista absurda de deixar o vírus circular para garantir a imunidade de rebanho é um genocídio, porque se for deixar o vírus circular até o ponto de atingir imunidade rebanho, teria que esperar a morte de mais de um milhão de pessoas (no Brasil). Além disso, sabemos que com as variantes novas, o risco de reinfecção é muito grande, portanto, não vamos conseguir controlar a covid com a ideia de imunidade de rebanho por infecção natural, mas apenas com a imunidade coletiva por meio da vacinação em massa”, salientou.

Ritmo

O infectologista também relata que, atualmente, o Brasil está com uma média inferior a um milhão de doses aplicadas por dia. Até o momento, cerca de 11% da população brasileira está totalmente imunizada, o que representa 23,6 milhões de pessoas, conforme dados do Ministério da Saúde. “Mantendo essa média de aplicação, vamos demorar mais de cinco meses para atingir uma vacinação de 75% da população, o que é muito pouco e muito lento. Nesse ritmo, há risco de reintrodução no país de mais variantes, como a de Manaus ou a Delta, conhecida como variante indiana. Portanto, vacinar com as duas doses, atualmente, é eficaz contra o surgimento de novas variantes”, citou.

Acelerar vacinação

Márcio de Castro ainda destaca que o país precisa acelerar o ritmo de vacinação contra a covid-19. “Tínhamos que ter dois milhões de doses, em média, sendo aplicadas por dia, para conseguirmos essa vacinação em um intervalo mais curto, pelo menos em adultos e adolescentes. O Brasil tem a melhor estrutura de vacinação em massa do mundo. Temos exemplos dessa capacidade, um deles, é a vacinação contra a H1N1”, afirmou o médico.

Em 2010, quando o mundo sofria com a pandemia de H1N1, iniciada no ano anterior, o governo federal vacinou 88 milhões de brasileiros em três meses. Agora, na pandemia de covid-19, o Brasil vacinou (com duas doses necessárias) 23,6 milhões de pessoas em cinco meses.


“Pessoas que já testaram positivo também precisam se vacinar”



A coordenadora de Imunização da Superintendência Regional de Saúde, Natália Littig, explica ser importante que a pessoa que já teve covid-19 se vacine também. Natália explica que ainda não há comprovação de que quem teve a doença provocada pelo coronavírus tenha uma imunidade duradoura. “Temos muitos casos em que a pessoa teve covid, apresentou sintomas e depois de um tempo testou positivo para doença em outra ocasião. Portanto, a melhor maneira de se proteger é com a vacinação, pois não se tem imunidade duradoura para quem teve a doença”, alertou.

Quem já teve a covid-19 deve esperar ao menos um mês antes de tomar a vacina contra a doença. Esse intervalo é contado a partir de 14 dias depois do diagnóstico positivo, quando foi convencionado que a pessoa se livra do vírus.
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