09 de junho, de 2021 | 10:00
Matéria publicada pelo Diário do Aço contribui para propagação de estudo sobre desenvolvimento
Yago Cardoso
O PIB per capita da RMVA em 2018 foi de R$ 34,44 mil, valor acima da média de Minas Gerais
(Bruna Lage - Repórter do Diário do Aço)O PIB per capita da RMVA em 2018 foi de R$ 34,44 mil, valor acima da média de Minas Gerais
A Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Vale do Aço divulgou para a imprensa o Boletim Vale do Aço - PIB 2018, com dados do Produto Interno Bruto da Região Metropolitana e Colar Metropolitano. O material, liberado no fim da noite de segunda-feira (7), foi desenvolvido em parceria com o geógrafo William Passos, que tem estudado o Vale do Aço e cidades do colar, suas potencialidades e demandas, por meio do Observatório das Metropolizações.
Com a cifra R$ 17,007 bilhões, o Produto Interno Bruto (PIB) da Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA) de 2018 aponta para um reaquecimento da atividade econômica na região. Municípios do Colar Metropolitano com maior desempenho econômico apresentaram um saldo de R$ 5,332 bi. William explica que os dados de 2018 são os mais recentes, oficialmente falando, apesar da distância para 2021.
De acordo com a análise, é verificado o aumento de participação tanto da RMVA com relação ao Estado, quanto ao aumento do conjunto RMVA e Colar em relação a Minas. Ao avaliarmos a participação da RMVA no Estado, identificamos que a participação aumentou de 2,55% em 2017, para 2,77% em 2018. Por sua vez, o conjunto RMVA e Colar aumentou sua participação de 3,48% em 2017, para 3,63% em 2018”.
O PIB per capita da RMVA em 2018 foi de R$ 34,44 mil, valor acima da média mineira. Enquanto o do Colar Metropolitano foi de R$ 19,57 mil, valor abaixo da média do Estado. Os setores de Serviços e Indústria foram os dois com maiores participações no PIB da RMVA, sendo os Serviços responsável por 38,8% e Indústria por 37,46% do PIB da região. Se comparados os anos de 2017 e 2018, o setor Indústria cresceu a sua participação em 4,10%.
Iniciativa
William Passos explica que o estudo regional surgiu em 26 de maio de 2019, quando a notícia "Pesquisador aponta desenvolvimento do Vale do Aço e sua metropolização" foi publicada na capa do Diário do Aço. Nessa matéria, o profissional divulgou parte dos resultados de sua pesquisa de tese no Doutorado do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPUR/UFRJ), na qual identificou o Vale do Aço como a principal metropolização (região com características metropolitanas) do interior do Sudeste fora do Estado de São Paulo.
No dia seguinte, recebi um telefonema de representantes da Agência Metropolitana e outro da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado. A conversa com a Agência evoluiu para a minha contribuição no relatório de análise da metropolização no Colar Metropolitano. Com o passar do tempo, insisti na necessidade de montagem de uma estrutura de produção de conhecimento regional. Há pouco conhecimento produzido sobre o Vale do Aço e o que tem foi produzido por gente de fora. É fundamental produzir conhecimento a partir da região, na região e para a região”, aponta.
Como o Vale do Aço não tem uma universidade pública, William insistiu que esse papel poderia ser assumido pela Agência Metropolitana. Com o amadurecimento do contato, surgiu a ideia de produzir um relatório técnico sobre o PIB regional. Como há o interesse da Agência em dar continuidade a esse trabalho, envolvendo também outros temas, dei a ideia de transformar o relatório em revista. O mais importante é que o Vale do Aço inicia a partir de agora um ciclo de produção de conhecimento regional de altíssima qualidade. Neste Boletim, que escrevi junto a Fabiana Souza, assessora técnica de desenvolvimento econômico da Agência Metropolitana, mapeei também a Região Metropolitana Expandida do Vale do Aço, que inclui também Belo Oriente e Caratinga, além de Ipatinga, Coronel Fabriciano, Santana do Paraíso e Timóteo. O Diário do Aço já divulgou essa cartografia em primeira mão”, salienta.
Desenvolvimento
Sobre como os dados podem contribuir para o desenvolvimento da região, o geógrafo aponta que o Boletim Vale do Aço PIB 2018 e as demais edições do Boletim, que será oficializado como revista nas próximas publicações, apoiará a tomada de decisão de empresários, investidores, prefeitos e secretários municipais que adotam as melhores práticas de gestão, isto é, aquelas baseadas em dados, informações e evidências científicas. O Boletim traz o maior diagnóstico técnico sobre o panorama econômico do Vale do Aço já realizado na história da região”, assegura.
Potencialidades x gargalos
Para William, o Vale do Aço tem potencial para se transformar numa das melhores regiões para se morar no Brasil. Tem virtudes que outras regiões não têm, um parque industrial robusto, por exemplo, e não tem os problemas que outras regiões com características semelhantes têm. Não tem a favelização”, o crescimento desordenado, a desigualdade e o grau de violência que outras regiões metropolizadas do Brasil têm. Isso é um ativo do Vale do Aço.
No entanto, precisa contornar a necessidade de produção de mais conhecimento de si mesmo, o que se torna mais difícil com a ausência de uma universidade pública. Também precisa diversificar a sua economia, explorar as suas vocações, para ficar menos dependente da indústria de transformação do aço e do metal, e precisa desipatingar (diminuir a dependência de Ipatinga) seu processo de desenvolvimento. Ou seja, os prefeitos da região precisam trabalhar coletivamente para desenvolver os demais municípios também. O Vale do Aço só se tornará mais forte e desenvolvido se Fabriciano, Timóteo, Paraíso, Caratinga, Belo Oriente e todo o Colar Metropolitano forem mais fortes e desenvolvidos também. Como diz o grande geógrafo português José Alberto Rio Fernandes, professor catedrático da Universidade do Porto, é preciso deixar de lado geoegoísmos para buscar algo muito maior: a geosolidariedade regional”, conclui William.
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Flávio Barony
09 de junho, 2021 | 10:39Excelente material e que todos os cidadãos/instituições deveriam fazer a leitura!”