07 de junho, de 2021 | 13:46

A invasão dos pombos gigantes

Rodrigo Alves de Carvalho *

Os moradores avistaram aquelas criaturas horrendas descendo em vários pontos da cidade. Eram pombos gigantes! Tinham cerca de 6 metros de altura e de asa; as asas podiam chegar a mais de 15 metros de envergadura quando abertas. Eram terríveis. Desceram em bandos de milhares.

A população entrou em pânico, se escondia dentro de suas casas, a polícia foi acionada, mas de nada poderia fazer, era preciso muitas balas para derrubar um, mas a quantidade era enorme.

Os pombos gigantes desciam sobre a fiação elétrica e os que não eram eletrocutados derrubavam fios e postes deixando as cidades sem energia elétrica, sem internet e sem telefone.

Carros eram pisados e totalmente amassados, os pombos circulavam batendo uns aos outros pelas ruas do centro e da periferia, na zona rural e nas estradas de terra.

Comiam tudo o que achavam pela frente, árvores, cachorros, gatos, só não comiam homens e crianças porque esses se escondiam debaixo das camas.

Na roça, os pombos gigantes acabaram com todas as plantações, cana, café, milho e não comiam só as frutas, comiam as árvores inteiras. Até o gado não suportava as bicadas e acabava morrendo e depois devorados.

A situação ficou mais caótica quando os pombos começaram a fazer seus ninhos em cima das casas, só que não era embaixo das telhas e sim as arrancavam com os bicos e os pés e faziam os ninhos com troncos de árvores. Muitas vezes as casas, não suportando o peso, vinham abaixo.

Sem contar a sujeira, toneladas de estrume de pombos empestiaram a cidade, o mau cheiro era insuportável e cada vez aumentava. Se não bastasse tudo isso, os piolhos dos pombos que eram do tamanho de aranhas caranguejeiras começaram a invadir as casas e atacar moradores, muitos morreram sem uma gota de sangue no corpo.

O Exército e a Aeronáutica foram convocados, mas os aviões eram abatidos pelos pombos em pleno ar e os caminhões-tanque pareciam brinquedos sendo bicados e jogados de um lado para o outro.

O que restava da população viva da cidade esperava pelo pior, os humanos nunca imaginaram morrer daquela forma, atacado por pombos gigantes. Entretanto, no terceiro dia de invasão, todo suprimento da cidade, nas plantações, árvores e animais havia se acabado.

Sem ter o que comer, os pombos simplesmente alçaram voo e sumiram no ar, numa revoada sincronizada para alívio dos moradores sobreviventes.

Alguns dias depois astrônomos dos Estados Unidos conseguiram observar em seus potentes telescópios, o bando de pombos gigantes entrando em uma enorme fenda no espaço, o que julgaram ser o portal para outra dimensão...

- Pô Armando, essa é a história mais ridícula que já ouvi!

O rapaz interrompe o amigo que contava a história dos pombos gigantes.

Jogando milho para seus pombos no quintal de sua casa, continua a intervir na história do colega:

- Se Você não gosta de pombos, o problema é seu, mas não fica inventando histórias e deixe-me cuidar das minhas pombinhas em paz!

* Jornalista, escritor e poeta possui diversos prêmios literários em vários estados e participação em importantes coletâneas de poesia, contos e crônicas. Em 2018 lançou seu primeiro livro individual intitulado “Contos Colhidos” pela editora Clube de Autores
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Envie seu Comentário