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04 de junho, de 2021 | 13:25

Exército brasileiro se rendeu a Bolsonaro?

Marcelo Aith *

"O próprio Mourão logo após o ato político em 23/5 declarou que uma eventual punição de Pazuello teria por escopo ‘evitar que a anarquia se instaure dentro das Forças Armadas’"

O comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, decidiu quinta-feira (3) livrar o general da ativa, Eduardo Pazuello, de qualquer punição por ter participado de um ato político do presidente. Em sua decisão de arquivamento, o Comandante pontuou que “não restou caracterizada a prática de transgressão disciplinar por parte do general Pazuello”.

O regulamento disciplinar do exército estabelece na transgressão número 57, que: Manifestar-se, publicamente, o militar da ativa, sem que esteja autorizado, a respeito de assuntos de natureza político-partidária.”

Não se pode olvidar que a disciplina é respeitada quando há “acatamento integral das leis, regulamentos, normas e disposições”.

Ora, se há expressamente a vedação de participação de militar da ativa em ato político e Pazuello mesmo assim participou, é imperioso reconhecer que o ex-Ministro da Saúde foi indisciplinado e deveria ser punido por essa flagrante transgressão.

Esse também era o entendimento dos Generais do Alto Comando, conforme fartamente noticiado na imprensa. Os Generais manifestaram o desejo de que ocorresse com Pazzuelo, pelo menos, algo semelhante ao que ocorreu com o vice-presidente Hamilton Mourão em 2017, quando ele perdeu posto na cúpula do Exército após defender a possibilidade de intervenção militar contra a ex-presidente Dilma.

O próprio Mourão logo após o ato político no Rio, ocorrido em 23 de maio, declarou que uma eventual punição de Pazuello teria por escopo “evitar que a anarquia se instaure dentro das Forças Armadas”.

Questionamentos ficam pairando no ar: Qual a motivação do Comando do Exército em anuir com o desrespeito a um de seus caros princípios que é a disciplina militar? Por que o comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, aceitou a pressão e a interferência de Jair Bolsonaro e decidiu livrar o general da ativa Eduardo Pazuello de qualquer punição por ter participado de um ato político do presidente?

O comando do exército está de joelhos para o Presidente da Republica e seus delírios autoritários e golpistas. Ao não punir o General Pazzuelo pelas flagrantes transgressões ao estatuto militar, o exército sinaliza fortemente que estará ao lado de Bolsonaro em qualquer situação, inclusive em um eventual golpe.

Alem disso, ao deixar de punir Pazuello o Comando do Exército, indiretamente, autoriza que qualquer militar da ativa participe abertamente de palanques políticos e não seja punido por essa transgressão.

Em 2022 teremos eleições presidenciais e Bolsonaro já sinalizou abertamente que não aceitará passivamente o resultado das urnas. O barril de pólvora está pronto para receber a primeira faísca e com a anuência do Comando do Exército Brasileiro.

* Advogado especialista em Direito Público e professor convidado da Escola Paulista de Direito (EPD)
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Comentários

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Pedro

05 de junho, 2021 | 12:04

“Exército de joelhos??? Meu nobre, quem é o comandante supremo das forças armadas? O presidente do Brasil, seja ele quem for. Então sim, se for ordenado ajoelhar, que cumpram! Ordens são ordens. Caso o senhor não esteja familiarizado com tais atos hierárquico, basta ir contra seu editor para começar a ver ordens surgindo.”

Gildázio Garcia Vitor

04 de junho, 2021 | 14:06

“Este artigo explica e confirma, em parte, o seu artigo anterior, de 2/6/21, sobre "a crescente beligerância das forças de segurança" do Brasil, com destaque para as Polícias Militares.”

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