14 de maio, de 2021 | 14:51

A rota do futuro sustentável no Brasil

José Manoel Ferreira Gonçalves *

“As instituições de pesquisas são um instrumento que habilita o país a deixar o papel de colônia do mundo e evoluir para a estratégica posição de parceiro de respeito”

Falamos em recente artigo sobre a necessidade de o Brasil superar a inércia do atual governo e assumir um papel de destaque nas discussões sobre sustentabilidade, entendendo que essa se encontra não apenas na raiz da preservação do planeta, mas também na luta pela redução da desigualdade. Agora, vamos tratar das alternativas que se apresentam para superarmos nosso impasse econômico-ambiental, de forma que tenhamos emprego, renda e consumo sustentável.

Entre muitos movimentos que devem ser sincronizados, precisamos de um Estado capaz de gerar confiança interna e credibilidade lá fora. A impressão geral reinante, e absolutamente real, é a de que temos aqui uma debilidade operacional no enfrentamento dos problemas, o que de fato gera insegurança, tristeza e vergonha.

Precisamos reagir rapidamente no intuito de fortalecer a percepção mais ampla da sociedade civil em torno de um melhor funcionamento da economia, respeitando as orientações das autoridades sanitárias, com suporte às famílias e negócios mais vulneráveis. Esse cuidado nos impele a termos reaberturas para a circulação de pessoas com segurança, que não tragam mais mortes e descontrole.

O aumento do consumo deve ser planejado, considerando os limites dos recursos naturais locais e globais. Isso demanda um olhar mais apurado, que possa contemplar o futuro com profundidade.

Uma ferramenta importante para alavancar esse novo tempo consiste na geração de mais polos de desenvolvimento científico e tecnológico no país e o apoio aos que hoje já existem. As instituições de pesquisas são um instrumento que habilita o país a deixar o papel de colônia do mundo e evoluir para a estratégica posição de parceiro de respeito. Devemos exigir que aqui possamos desenvolver técnicas e soluções diferentes – muito diferentes – dessa acomodação criminosa que nos mantêm alheios do melhor da ciência, regredindo em vez de caminharmos firmes para um porvir que pode ser de excelentes oportunidades. Esse esforço requer também o incentivo consistente às nossas universidades, públicas ou privadas.

Queremos, enfim, um novo modelo de nação, em que não sejamos condenados a exportar comodities. É muito estéril nos conformarmos com essa única aspiração.

O resgate dessa grandeza passa, por exemplo, com a reativação de nossos trilhos, com ferrovias para todos, não somente para levar grãos e minério de ferro para os nossos portos, mas produtos com valor agregado resultado de um processo forte de reindustrialização; e ainda, e não menos importante, que a malha ferroviária seja um vetor de integração nacional, transportando passageiros em deslocamentos de média e longas distâncias.

Cuidar do meio ambiente não é um estorvo para uma sociedade. Ao contrário, é uma dádiva a ser vivenciada a cada dia por quem desfruta de um país continental, rico em recursos naturais e diversidade geográfica.

Vamos construir, estrategicamente, passo a passo, essa rota para um futuro de sustentabilidade no país, priorizando parcerias responsáveis de médio e longos prazos para transformarmos o Brasil num imenso canteiro com obras sustentáveis, de forma a aproveitar as especificidades regionais e suas infinitas complementariedades.

* Engenheiro, jornalista, advogado, professor doutor, pós-graduado em Ciência Política pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, integrante do Engenheiros pela Democracia e presidente da Ferrofrente – Frente Nacional pela Volta das Ferrovias.
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