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08 de abril, de 2021 | 15:26

Mordomias de deputados precisam ser destinadas em verbas para a saúde

Antonio Tuccilio *

“Somando ao salário, cada parlamentar ganha benesses que chegam a custar R$200 mil ao mês. Em conjunto, despesas chegam a R$ 91,8 milhões”

É fato. Os deputados federais ganham o salário que a expressiva maioria dos brasileiros sonha ter. Mas você sabe qual a remuneração total de um deputado por ano? R$ 500 mil? R$ 800 mil? R$ 1 milhão? Não, longe disso. Cada deputado federal recebe R$ 2 milhões por ano? Isso mesmo. Um absurdo, não é mesmo. Imagine a soma de 513 deputados federais. Isso mesmo: somando todas as benesses o valor passa de R$ 1 bilhão por ano.

Levantamento feito pelo Congresso em Foco, há mais de dois anos, mostrou que além da remuneração básica mensal de R$ 33 mil, os congressistas recebem mais de R$ 4 mil em auxílio moradia (mesmo já possuindo imóveis na capital brasileira em alguns casos) e cerca de R$ 30 mil a R$ 45 mil por mês para gastar com alimentação, aluguel de veículos e escritório, divulgação do mandato e quaisquer outras finalidades que desejar. Isso não é tudo. Mensalmente, cada deputado federal também tem direito a uma generosa verba de R$ 109 mil reais para contratação de funcionários. Quantos? Às dezenas.

Auxílio moradia, ajuda de custo, ‘cotão’, verba de gabinete. Todos esses penduricalhos somam cerca de R$ 200 mil por mês, somando todos os deputados, o valor sobe para R$ 91,8 milhões. Além de um valor ilimitado de plano de saúde (que é vitalício) não só para eles, mas familiares inclusos. São benesses e mais benesses, muitas inconcebíveis, desnecessárias e um tapa na nossa casa. Mas, entra mandato e sai mandato, os deputados se agarram nesses benefícios e não abrem mão de um centavo, tal qual uma criança que gosta de doce.

Ok, poderíamos pensar que num momento tão especial como o atual, com a pandemia assolando o país, os deputados poderiam ficar sensíveis ao corte de mordomias. Muito pelo contrário. Eles sempre mudam de assunto e acham uma maneira de se esquivar e apontar a conta para terceiros. Os alvos preferidos são os servidores públicos.

Há mais de um ano nossa realidade praticamente se resume à pandemia. O país registra atualmente mais de 2 mil óbitos diários. Com tudo praticamente fechado, milhões de brasileiros perderam seus sustentos e dependem de auxílio do governo para sobreviver.

Aí surgem os deputados. Não para abrir mão de seus salários milionários, mas alegando que para cobrir os custos do novo auxílio emergencial, é necessário o congelamento de salários dos servidores e outras medidas prejudiciais para a classe disfarçadas de reformas.

Fica aqui um desafio para os nobres deputados federais. Que tal reverter parte (não todas) das mordomias que recebem em verbas para a saúde, educação e segurança? Não precisa ser para sempre, apenas durante o período de pandemia. Seria sua contribuição para superar a crise que estamos enfrentando e ceivando vidas.

Somente um dos penduricalhos dos deputados federais daria para alimentar e dar moradia digna para muitas famílias, ou contribuir para a aquisição de equipamentos para pacientes em hospitais, ou remunerar melhor os policiais, que em estados (como São Paulo) recebem muito pouco para muito trabalho, ou pagar dignamente os professores. A lista de benefícios é imensa.

Senhores deputados. Não é hora de se agarrar a benesses. Já passou da hora de pensar no coletivo e abrir mão de um pedacinho de sua remuneração em prol de um bem maior: a sobrevivência dos brasileiros.

* Presidente da Confederação Nacional dos Servidores Públicos (CNSP)
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