01 de abril, de 2021 | 14:23

Convivendo com doenças renais

Marcia Goulart de Abreu *

“Embora problemas renais ocorram mais do que se imagina, nem sempre o diagnóstico é feito em fase precoce, quando a doença costuma ser silenciosa, manifestando sinais que não são valorizados pelo indivíduo”

O estigma de uma vida limitada: dieta com muita restrição, consumo regrado de líquidos, compromisso de estar conectado a uma máquina 2, 3 ou mais vezes por semana por uma boa parte do dia. A vida de um paciente que faz diálise exige disciplina e sacrifícios. Apesar do senso-comum enxergar os portadores de doença renal de forma negativa, essa visão pode ser desmistificada pela informação.

É importante conhecer para cuidar. Sabe-se que os rins são responsáveis por filtrar o sangue, eliminando toxinas produzidas pelo funcionamento normal do corpo. Mas além dessa principal função, eles também controlam a quantidade de sal e água, a concentração de minerais e ácidos no organismo, regulam a pressão arterial e produzem hormônios que evitam anemia e doenças ósseas.

Doenças renais ocorrem por heranças genéticas, inflamações específicas (“nefrites"), intoxicações, problemas cardíacos, dentre outras. As principais causas que levam à necessidade de diálise a longo prazo são duas condições bastante comuns, e que podem, em alguns casos, atacar os rins: hipertensão e diabetes. Embora problemas renais ocorram mais do que se imagina, nem sempre o diagnóstico é feito em fase precoce, quando a doença costuma ser silenciosa, manifestando sinais que não são valorizados pelo indivíduo.

Quando sintomas mais pronunciados se instalam, como fraqueza, falta de ar, inchaço e diminuição da quantidade de urina, as tentativas de recuperação ou lentificação da evolução para falência renal podem não ser eficazes e o paciente necessita então entrar para um programa de “substituição renal”. As terapias dialíticas se modernizaram muito ao longo dos anos, com máquinas de hemodiálise mais seguras e eficazes e a diálise peritoneal, a qual é realizada em domicílio, cada vez mais difundida, além da indicação de transplante para casos selecionados.

No mês em que se comemora o Dia Mundial do Rim, a comunidade nefrológica internacional aproveita a oportunidade para trazer mais conhecimento e tentar minimizar o sofrimento de tantos pacientes.

Em 2021 o lema da campanha é “Vivendo bem com a doença renal”, visando apoiar os pacientes dialisados ou transplantados, para que se sintam acolhidos e incentivados a se inserirem ao cotidiano próximo de uma vida dita como normal. Seguindo certos cuidados, muitos destes pacientes podem exercer seus ofícios, ter uma vida social, desenvolver projetos e realizar seus sonhos. O amparo da equipe de cuidados, que inclui médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas e assistentes sociais, e sobretudo da família, é de suma importância para viabilizar ou adaptar a esse novo modo de viver.

A abordagem dos cuidados com os rins engloba medidas preventivas que promovam uma boa saúde geral, como alimentação saudável, ingestão adequada de líquidos, não fumar, evitar ou controlar a hipertensão e o diabetes. Alguns medicamentos de uso comum, como anti-inflamatórios, podem ser nefrotóxicos e seu uso sem a devida prescrição deve ser desestimulado. Avaliações médicas com realização de exames simples, como dosagem de creatinina no sangue e análise da urina, podem alertar para a necessidade de atenção especial no manejo da saude renal.

* Nefrologista do Corpo Clínico do Biocor Instituto, especialista em cuidados renais, membro da Sociedade Brasileira de Nefrologia
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