06 de março, de 2021 | 05:00

Pegar ou largar

Fernando Rocha

Divulgação
Fernando RochaFernando Rocha
É compreensível que a paciência do torcedor cruzeirense esteja literalmente torrada, no limite, depois dos traumas que vem passando desde o rebaixamento à Série B Nacional, em 2019.

Todos sabem que o grande objetivo do clube nesta temporada é retornar à Série A. Assim sendo, o Campeonato Mineiro deveria ser encarado como um laboratório para poder fazer as transformações tão necessárias na equipe.

Mas um clube grande, como é o caso do Cruzeiro, não sabe conviver com as derrotas, e o mau começo no estadual - empate na estreia com o Uberlândia, mesmo não tendo jogado mal, combinado com a derrota no meio da semana para a Caldense, no Mineirão -, complica ainda mais a situação.

No jogo realizado ontem, o Cruzeiro teve a chance de se reabilitar contra a URT, em jogo transferido para a Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, por conta do agravamento da pandemia da Covid-19 na região de Patos de Minas.

Não há como negar que, independente dos resultados, muitas coisas precisam ser ajustadas nesse time que começa a ser formatado visando a disputa da Série B. Até lá, não há outra saída para o torcedor celeste, senão apoiar o técnico Felipe Conceição e os jogadores. É pegar ou largar!

Falta a torcida
Disputadas as duas primeiras rodadas da fase de classificação do Campeonato Mineiro, o time do Galo, mesmo formado por reservas e jovens promessas da base, lidera com sobras a competição, sendo considerado um grande favorito para conquistar o título pela segunda vez consecutiva.

Às 20h30 de hoje, ainda jogando com o time considerado alternativo, o Atlético vai encarar o Uberlândia no Mineirão, em partida que deve marcar a estreia do atacante Hulk, o primeiro reforço contratado para esta temporada.

Fica agora a expectativa pela reapresentação, amanhã, dos jogadores titulares, que receberam uma folga após a disputa do Brasileiro, além da confirmação de Cuca para o lugar de Sampaoli e a estreia de Nacho Fernandez, meio-campista argentino contratado junto ao River Plate por cerca de R$ 30 milhões.

Pena que a torcida, por motivos mais do que justos, não possa estar presente logo mais, pois com certeza lotaria o Mineirão para ver a estreia de Hulk com a camisa do Galo.

FIM DE PAPO
• Em 1987, este colunista era um jovem repórter esportivo em início de carreira, na Rádio Vanguarda, cruzando o país de norte a sul transmitindo jogos de futebol. Confesso que não me lembro do episódio da acusação de estupro envolvendo jogadores do Grêmio, entre eles o provável futuro técnico do Galo, Alex Stival, mais conhecido como Cuca, durante uma excursão do clube à Suíça. Naquela época, era fato comum os grandes clubes brasileiros irem excursionar pela Europa, durante o período da pré-temporada das equipes de lá, ganhando boas cotas e algum prestígio.

• Cuca foi julgado à revelia e condenado a 15 meses de prisão, pena que não foi cumprida e prescreveu em 2004. Até a virada do século 20 não existia esse engajamento tão necessário que vemos hoje, em torno da luta pelos direitos sociais das mulheres e a garantia da igualdade social. Também não havia internet e os meios de comunicação eram quase primitivos, se comparados com o que temos hoje.

• A vítima era menor de idade e não reconheceu Cuca entre os agressores. Mas ele fazia parte do grupo que cometeu o crime, e “quem com porcos se mistura, farelo come”, já dizia meu avô Tatão Rocha, na bela e bucólica cidade de Sobrália da década de 1960. Trata-se de um crime abominável, em todos os sentidos.

• A instituição Clube Atlético Mineiro tem o dever de zelar pela imagem e mensagens que passa aos seus seguidores e à sociedade, e assim sendo, não poderia se fingir de égua e se calar. E foi o que fez, através de um parágrafo da nota oficial, onde anuncia a contratação do treinador Cuca. A manifestação do clube, um tanto quanto ambígua, demonstra o quanto ainda somos um país machista e preconceituoso no trato de questões que envolvam abuso ou violência sexual contra as mulheres.

• Por coincidência, nesta segunda-feira, 8 de março, é celebrado o Dia Internacional da Mulher, que, a meu juízo, seria uma data pouco indicada para o Atlético apresentar seu novo treinador, como vem sendo noticiado. O coletivo “Grupa Galo”, que reúne mulheres atleticanas que lutam pelo fim do preconceito no futebol, emitiu uma nota dizendo que “viu perversidade em escolher uma data que marca luta e resistência das mulheres para apresentar um técnico cuja contratação recebeu reações negativas da torcida, devido ao seu envolvimento em um antigo caso de violência sexual”. (Fecha o pano!)
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