
23 de janeiro, de 2021 | 13:00
O pior dos mundos
Fernando Rocha
A vitória na última rodada sobre o Operário/PR, com todas as dificuldades possíveis e imagináveis, pelo menos trouxe ao Cruzeiro a tranquilidade necessária e tão esperada em relação à ameaça de rebaixamento à Série C. No entanto, escancarou de vez a fragilidade do time, que precisa passar por uma reformulação completa se quiser obter o acesso para voltar ainda este ano à Série A.Os problemas maiores não estão dentro de campo, mas fora dele, onde há uma fila interminável de questões aguardando ou carecendo de soluções a curto e médio prazo.
Começa pelos crônicos rachas políticos internos, que comprometem a estabilidade administrativa e financeira; passa pela falta de dinheiro, com a queda das principais fontes de arrecadação, tais como patrocinadores, direitos de transmissão da TV diminuídos ou antecipados, juros e dívidas subindo a níveis alarmantes, parcelamentos de acordos judiciais e extrajudiciais com jogadores e funcionários próximos de vencer, novas ações trabalhistas pipocando devido aos atrasos salariais que já chegam a três meses com todos os colaboradores, enfim, o pior dos mundos ainda é pouco, ou estaria ainda para acontecer, se não houver um fato novo a ser criado ou descoberto pela diretoria e que venha a se tornar uma tábua de salvação para a crise.
Maior desafio
Em meio a tudo isso, os dirigentes convivem com protestos de torcidas organizadas, que pedem inclusive a renúncia do presidente e de todos os membros, cobrando promessas feitas e não cumpridas por eles.
O grande desafio parece ser tocar este barco à deriva e ainda pôr em andamento um plano de montagem de um time que seja competitivo e capaz de voltar à Série A, sabendo que a concorrência será muito maior, pois na fila para cair à Série B este ano estão alguns clubes tradicionais como Botafogo, Vasco, Goiás, Coritiba, Bahia e Sport Recife.
Se Felipão aceitar o desafio de comandar um elenco sem medalhões, mais físico do que técnico, com poucas possibilidades de não haver atrasos salariais e outras intercorrências do gênero, deverá continuar no comando.
Caso contrário, a diretoria deverá buscar no mercado outro treinador que seja mediano, vindo da classe considerada emergente”, bom e barato, com experiência em Série B e ambições de se projetar no cenário nacional, caso consiga fazer um bom trabalho.
FIM DE PAPO
O Atlético caiu uma posição e entrou na 31ª rodada em 4º lugar, um ponto atrás do Flamengo, três do São Paulo e cinco do Internacional. Se tiver derrotado o desesperado Vasco da Gama, ontem, em São Januário, continua firme na briga pelo título, pois tem um jogo a menos em relação ao colorado gaúcho e o tricolor paulista. O empate sofrido com o Grêmio, nos últimos instantes, num vacilo da defesa, foi terrível, mas não colocou fim ao sonho de quebrar o jejum que persiste há 49 anos sem ganhar a principal competição nacional.
Nos bastidores, as especulações sobre reforços para a próxima temporada estão a todo vapor, pois o Galo é um dos poucos no atual cenário do futebol nacional com dinheiro para investir, por conta do apoio de seus investidores. Depois do artilheiro Diego Costa, de 32 anos, um brasileiro naturalizado espanhol que está livre no mercado desde janeiro deste ano, quando encerrou seu vínculo com o Atlético de Madrid, agora é a vez do paraibano Givanildo Vieira de Souza, o Hulk, 34 anos, que jogava no futebol chinês e estaria querendo voltar ao Brasil.
Hulk, hoje milionário, saiu muito cedo para jogar no exterior e não atuou como profissional aqui no Brasil. Fazendo jus ao próprio apelido, sempre foi um jogador de força, por isso é preciso que o Atlético se certifique das suas condições físicas atuais, para não virar outro Maicon Bolt ou um lateral Mariano, também em fim de carreira, que foi contratado para ser titular e até agora não justificou o alto investimento feito.
O atual elenco do Galo é bom, mas precisa e passará por mudanças, que vão acontecer pontualmente assim que o Campeonato Brasileiro terminar. Em minha opinião, as urgências são um zagueiro veloz, bom pelo alto e com boa recuperação; um lateral esquerdo para fazer sombra a Arana; um armador acima da média e um centroavante que ponha a bola na casinha com mais facilidade, diferente dos atacantes atuais, que desperdiçam a maioria das chances que aparecem. (Fecha o Pano!)
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