20 de janeiro, de 2021 | 16:30

Familiares protestam por melhores condições de tratamento a detentos

Eles reivindicam, ainda, a solução de duas mortes ocorridas na Penitenciária Dênio Moreira de Carvalho

Bruna Lage
Protesto foi realizado na tarde desta quarta-feiraProtesto foi realizado na tarde desta quarta-feira


Familiares de detentos da Penitenciária Dênio Moreira de Carvalho, em Ipaba, protestaram na tarde desta quarta-feira (20). Munidos de cartazes e insatisfação, 45 famílias estiveram em frente ao Fórum Valéria Vieira Alves, no Centro de Ipatinga, onde pediram melhores condições de tratamento aos presos, assim como a solução de duas mortes, registradas dentro da unidade prisional ao longo dos últimos dias.

Uma das pessoas presentes ao manifesto informou à reportagem do Diário do Aço que as más condições de tratamento médico, alimentação e agressões são constantes, há alguns anos. “Tem acontecido um massacre, classifico dessa forma. Há sempre alguém apanhando, presos pedindo socorro, porque o atendimento é péssimo, a alimentação é péssima. Se estiver morrendo e precisar de ajuda médica, a pessoa morre. Os presos estão pedindo socorro. A medicação prescrita pra eles é só paracetamol. Um preso morreu semana passada, outro essa semana. Até quando?”, questiona. Os familiares alegam que a resposta é sempre a mesma.

“Que bateram a cabeça, machucaram, só que isso não existe dentro de um presídio, porque quando um preso tem dor de dente, todas as celas sacodem. Como eles iriam machucar e os demais deixariam um preso dormindo? Que os responsáveis pela Dênio Moreira tragam a verdade para a família. Eles cortaram a água dos detentos, precisam rever isso. Há uma greve de fome lá devido as mortes, do Bruno e do João Batista, sobre as quais não prestaram nenhum esclarecimento. Hoje (quarta-feira) mesmo um preso pediu para um visitante chamar as famílias para manifestar, porque estavam morrendo lá dentro. E todas as vezes que acontece isso, o diretor diz que não procede”, aponta.

Bruna Lage



Maus tratos
Sobre os maus tratos sofridos dentro da unidade, as famílias recebem a resposta de que a informação não procede. “Mas os presos dizem que estão apanhando. Tem gente na enfermaria que foi espancado. O preso tem que pagar a pena, mas com dignidade. Isso já passou dos limites. Eles estão lá para regenerar e não para sair pior do que entraram e praticar de novo. A sociedade publica toda hora que isso é ‘bem feito’, mas até envolvidos em acidente de trânsito vão parar lá dentro, não podemos julgar as famílias que estão aqui fora e lá [os presos], deixem para que Deus julgue. Estamos pedindo uma solução para as duas mortes. Fica difícil entregar um preso e receber um cadáver”, lamenta um dos familiares.

Bruna Lage


Sejusp fala sobre necropsia e procedimento de investigação administrativa

Em resposta ao Diário do Aço, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) respondeu, por meio de nota, que “policiais penais da Penitenciária de Ipaba I foram acionados, na manhã de terça-feira (19), por colegas de cela do preso João Batista de Paula, de 45 anos, relatando que ele não se movia. Ao chegarem ao local, os policiais se depararam com o corpo do preso já sem os sinais vitais. Imediatamente a equipe acionou o setor de saúde da unidade e o óbito foi constatado. A perícia da Polícia Civil foi acionada para averiguação da causa da morte e a Polícia Militar confeccionou o Registro de Evento de Defesa Social (Reds)”. A Secretaria ainda disse que a perícia da Polícia Civil não encontrou sinais de violência contra o preso, de acordo com o registro do Reds.

“Em outro caso de óbito registrado na penitenciária, na manhã do último dia 14, policiais penais que faziam a contagem rotineira dos presos perceberam que o detento Bruno José Maria, de 31 anos, não respondia aos chamados. Quando entraram na cela, constataram que o detento não apresentava os sinais vitais. O setor de saúde da unidade foi acionado e confirmou o óbito do preso, que estava sozinho na cela. O perito da Polícia Civil que esteve no local confirmou que o óbito foi por causas naturais, conforme registro do Reds”, informou a pasta.

Ainda conforme a Sejusp, todas as medidas de praxe indicadas para estes casos foram tomadas, incluindo o acionamento da Polícia Militar, que fez o Reds, e da perícia da Polícia Civil, que esteve no local para liberação do corpo. O setor de Serviço Social da unidade é responsável por comunicar aos familiares.

“Nos dois casos, a direção da Penitenciária de Ipaba I instaurou um procedimento de investigação administrativa para apurar o ocorrido. Sobre o movimento de greve de fome, informamos que nessa segunda-feira (18) os presos recusaram as quatro refeições oferecidas pela unidade prisional, situação que se estende até esta terça-feira (19). A direção da penitenciária está em conversa com os presos e tenta pôr fim ao movimento, que até o momento é pacífico. Os presos reivindicam o retorno das visitas presenciais e a retomada das saídas temporárias”, conclui a nota.


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Comentários

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Jota

21 de janeiro, 2021 | 13:00

“Não sou a favor das saídas de festas de fim de ano, pois a dois anos atrás estava viajando e entraram na minha casa e levaram tudo....tem que dar é serviço pra eles e con redução de pena como pagamento.
Sem visitas intimas e saídas em vésperas de feriado.”

Joao

21 de janeiro, 2021 | 10:22

“Se aprontou saiu fira da linha tem que sofrer mesmo bandido. A biblia compara satanas a um bandido que so vem para matar, roubar e destruir. E as vitimas que foram feitas por eles que tbm jamais voltaram para suas familias, pessoas que foram roubadas, familias desfeitas . E ai vem um grupinho defendendo a bandidagem. Falando pra Deus aplicar justica. Me poupem”

Sociedade

20 de janeiro, 2021 | 22:39

“Aprontam com a sociedade e querem ditar como serão as regras, o tratamento???... Preso tem dificuldade mesmo de cumprir regras, não é atoa que estão lá.

Preocupar com as vítimas e familiares das vítimas esse pessoal não se preocupar não né?!... Ah não ser para ameaca-los a prestarem seus depoimentos de forma que absolva o bandido.”

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