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20 de janeiro, de 2021 | 17:30

Solução para crises hídricas está na natureza

Anke Manuela Salzmann *

Alex Ferreira
A manutenção da vegetação natural nas margens dos rios e nascentes de uma bacia hidrográfica é essencial para manter a água armazenada por mais tempo em seu interiorA manutenção da vegetação natural nas margens dos rios e nascentes de uma bacia hidrográfica é essencial para manter a água armazenada por mais tempo em seu interior

Uma pesquisa da Agência Nacional de Águas e Saneamento revelou que em setembro as áreas de seca aumentaram em 14 dos 18 estados monitorados. Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná são os estados que sofrem há mais tempo com a estiagem, apresentando pontos de seca extrema, marcados por falta de chuva e níveis dos rios extremamente baixos.

No Pantanal, bioma que está sofrendo intensamente com queimadas, o volume de chuvas de outubro de 2019 a março deste ano foi 40% inferior à média de anos anteriores, segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Desde o início de outubro, o Oceano Pacífico Tropical vive condições de La Niña, ou seja, um resfriamento das águas superficiais e um enfraquecimento dos ventos alísios (constantes e úmidos), o que desfavorece a precipitação de chuvas no Sul, Centro-Oeste e parte do Norte do Brasil. De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden), as chances deste padrão perdurar até o fim do primeiro semestre de 2021 são de 70%.

Em um contexto como este, a falta de água acaba sendo inevitável, prejudicando não somente a população, mas, em menor ou maior grau, todos os outros setores da economia.

Além dos efeitos das mudanças climáticas, crises hídricas são igualmente potencializadas pelo desmatamento. Levantamentos do INPE indicam que os “rios voadores”, correntes de ar e água que levam umidade da Bacia Amazônica para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país, têm perdido força diante da devastação florestal na Amazônia.
Efeito direto deste fenômeno é a redução de chuvas na região do Pantanal e o consequente agravamento das queimadas, que ainda ardem na região.

A manutenção da vegetação natural nas margens dos rios e nascentes de uma bacia hidrográfica é essencial para manter a água armazenada por mais tempo em seu interior. Além de manter o solo muito mais úmido, essas áreas também contribuem para a melhoria da qualidade hídrica, por atuarem como uma espécie de esponja, retendo possíveis partículas de solo que poderiam ser levadas aos rios durante fortes chuvas.

Nesse sentido, a articulação da sociedade tem papel relevante na solução de crises hídricas. Juntos, organizações, produtores rurais, comunidade, poder público, iniciativa privada e universidades, agem para transformar a realidade socioeconômica e ambiental e contribuir para sua adaptação aos efeitos das mudanças climáticas.

* Anke Manuela Salzmann é analista de Negócios e Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza
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