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12 de janeiro, de 2021 | 14:40

O que aprendemos com a decisão da Ford?

Lucas Fontes *


Em um movimento repentino, mas completamente previsível, a Ford decide em 11/1/21 encerrar as operações no Brasil. Sem dúvida, uma triste notícia para economia nacional. No exato momento em que se inicia a retomada da economia, superando a crise de confiança e instabilidade política, as empresas aportam razoáveis investimentos em modernização para atendimento de uma demanda reprimida bem como a nova geração de produtos e serviços que habitarão na próxima década.

Previsível quando percebemos a retirada de linha da gama de carros como o Fiesta, Focus e Fusion de uma só vez… sendo o Fiesta o queridinho de primeira plataforma global no Brasil e vencedor de muitos prêmios. Focus por toda tecnologia embarcada e com o mais potente motor 2.0 aspirado já fabricado, (178cv sem turbo) e Fusion com design, tecnologia e entregas muito superiores aos alemães e japoneses.

Previsível quando não muito longe, lembramos o encerramento da produção de pesados após anos tentando se equilibrar pelo motivo da desastrosa parceria com a VW, a Autolatina, onde foi sorrateiramente enganada e ficou praticamente sem engenheiros, sem produto e sem mercado.

Por hoje, vender o resoluto Ford Ka num mercado que absorve 100 mil unidades no ano, basta lembrar que há 10 anos esse mesmo segmento era absorvido em pelo menos três vezes mais. Não é preciso ser matemático para saber que produtos de baixo custo precisam de grandes volumes de vendas para se sustentarem.

Assim, percebendo o mercado mundial, com a crescente demanda de SUVs nos quatro continentes somado ao incerto caminho da eletrificação, compartilhamento e autônomos, a Ford já havia anunciado a estratégia de focar seus esforços e investimentos neste segmento. O mundo está ávido por carros grandes e conectados; uma moda que traduz a necessidade de proteção e exibição. Sim, uma moda.

Em qualquer era que seja, sempre existirá conservadores e inovadores. Estas parcelas temperam a equação de uma decisão estratégica. Mas assim como na moda, a tendência pode ser percebida para antecipar muitas ações frente ao mercado cada dia mais complexo. Por essas e outras, as fichas da Ford vão para carros globais, igualmente aceitos no mundo inteiro com seus diferentes níveis de exigências. A Ford também coloca fichas no compartilhamento, onde as locações irão democratizar o uso do automóvel no mundo, aproveitando a já grandiosa e disponível conectividade.

Desta forma, aprendemos com a Ford uma boa aula de gestão de negócios. Aprendemos que é preciso saber ler o mercado. Uma marca centenária com a tecnologia e pujança da Ford competir em mercado onde importa é o volume, é como um restaurante elegante e requintado vender marmita. Haja volume e dor de cabeça!

* Engenheiro especializado em Custos pela Dom Cabral e MBA Gestão Empresarial pela FGV. Experiência de mais de 20 anos em ambientes industriais, com passagens na indústria automobilística, bens de capital, linha branca e atualmente na siderurgia
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