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11 de janeiro, de 2021 | 14:53

Janeiro branco alerta para a saúde mental em tempos de pandemia

Alessandra Barcelos Menezes *

Alessandra Barcelos Menezes, psicóloga da Fundação São Francisco XavierAlessandra Barcelos Menezes, psicóloga da Fundação São Francisco Xavier


“Saber identificar um quadro depressivo, por exemplo, é uma maneira de evitar o sofrimento contínuo e um agravamento ainda maior da situação que pode levar à morte”

O primeiro mês do ano, geralmente marcado por um período de reflexões, planejamentos e metas, é também o mês da Campanha Janeiro Branco, que convida a população a discutir a importância do cuidado com a saúde mental em busca de mais felicidade e qualidade de vida. A depressão é um dos grandes males do nosso século. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a doença afeta mais de 350 milhões de pessoas no planeta. A ansiedade atinge 18,6 milhões de brasileiros e os transtornos mentais são responsáveis por mais de um terço do número total de incapacidades nas Américas. Em tempos de pandemia, o Janeiro Branco assume ainda mais relevância.

O ano que passou foi atípico e, certamente, terá reflexos na saúde mental da população mundial. Somente a busca sobre transtornos mentais no Google em 2020 aumentou 98% em relação aos dados de dez anos atrás. O ano marcado pela pandemia da covid-19 no mundo, trouxe mudanças na rotina da população impostas pelo isolamento social que promoveram o distanciamento de amigos e parentes e deixaram a população em uma bolha obrigatória.

A harmonia familiar foi amplamente testada e colocada em debate. Profissionais tiveram que se adequar a um novo modelo de trabalho em casa. Pais e mães passaram a estreitar o relacionamento com filhos sem aulas presenciais. Tudo isso somado ao medo do contágio e da morte, à incerteza da empregabilidade, à perda de empregos e ao luto por quem perdeu um ente querido para a covid, completam um cenário desafiador para a mente humana com ingredientes propícios para o sofrimento psicológico.

Os reflexos de todas as turbulências emocionais do cenário pandêmico da covid-19 ainda não foram parametrizados pelos pesquisadores das comunidades científicas de psicologia pelo mundo, mas são esperados impactos sobre uma realidade que já é preocupante. Ainda de acordo com a OMS, o Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo e o quinto mais depressivo. Mesmo assim, parte dessas pessoas não possuem assistência psicológica adequada.

Neste contexto que vivemos, o Janeiro Branco, campanha criada por um grupo de psicólogos mineiros em 2014 ganha ainda mais força. Depressão é uma doença séria e deve ser diagnosticada o quanto antes. Saber identificar um quadro depressivo, por exemplo, é uma maneira de evitar o sofrimento contínuo e um agravamento ainda maior da situação que pode levar à morte.

É essencial buscar ajuda profissional quando apresentar sintomas físicos impactando no cotidiano, como sensações de angústia, sentimentos de não pertencimento, dificuldades para se relacionar com as pessoas e desinteresse nas atividades cotidianas.

É importante destacar que nem todo sintoma físico requer tratamento. Algumas respostas reacionais, no entanto, são condizentes com o momento que a população mundial tem passado. Mas vale lembrar que o sofrimento não tratado pode evoluir para a evolução dos sintomas.

O Janeiro Branco, em tempos de pandemia, assume importância ainda maior no processo de conscientização das doenças psicológicas. O bem-estar emocional é um dos componentes para um estado de equilíbrio e felicidade. Esse bem-estar pode ser estimulado e aprimorado, mesmo diante de mudanças e desafios. O ano de 2021 abre caminho para as mudanças. Um ano novo, com novas perspectivas, que já começa com a boa notícia de vacinas contra a Covid-19. Esperança é a palavra do recomeço.

* Psicóloga do Hospital Márcio Cunha
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