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30 de dezembro, de 2020 | 10:15

Entre tambores e danças

Canal de vídeo reúne várias histórias de alguns dos congadeiros do Ipaneminha

‘Congaderia’. A palavra não está nos dicionários, mas é o nome do canal lançado na noite de terça-feira (29) no Youtube, e que reúne histórias de sete congadeiros do povoado de Ipaneminha, em Ipatinga, contadas por eles mesmos, buscando difundir a tradição e valorizar seus personagens.

A iniciativa, patrocinada pela Lei Aldir Blanc, via Edital José Lopes Sobrinho / Ipatinga, incluiu ainda na produção de novos figurinos e adereços para os congadeiros participantes do projeto.

Dani Dornelas/Divulgação
As tradições do congado são preservadas e repassadas de geração a geraçãoAs tradições do congado são preservadas e repassadas de geração a geração
Congado, Cultura & Fé, o primeiro curta da série, traz relatos de Maria Francisca, que nasceu na comunidade do Ipaneminha e de lá nunca saiu. Para ela, a vida se resume na fé em Nossa Senhora do Rosário, expressa pela arte do congado. Sua família também pratica esses elementos que dão sentido ao seu mundo.

Memórias de Um Congadeiro, outro vídeo, deu voz a Zé Marciano, que herdou do pai e do avô o amor pelo movimento folclórico que exalta Nossa Senhora do Rosário, e que é cultuada há três décadas.

Mulheres na Tradição privilegia aquela que está sempre presente nos festejos, porém, ocupando espaços diferenciados dos homens. No vídeo, dona Creuza, que também completou 30 anos no grupo, fala das funções que agora também são atribuídas às mulheres, como dançar, tocar e chefiar grupos. “Antigamente a gente só podia fazer a comida e enfeitar festas”, recorda.

Tradição Cantada traz o senhor Anatólio, que já tem mais de 40 anos de congado, símbolo da persistência da fé. O congadeiro fala das lembranças da juventude, quando dedilhou ao violão as primeiras músicas que compõem o repertório do grupo, com versos dedicados à Nossa Senhora do Rosário.

Querino do Matozinho protagoniza Batuques e Ritmos. Ele participa do Congado do Ipaneminha há 25 anos. Multi-instrumentista, ele toca pandeiro, sanfona, violão, xique-xique, reco-reco e órgão. Batuque, segundo ele, é o ritmo de congado que mais o encanta, em especial os de temática religiosa.

As composições de destaque do seu repertório são entoadas em português, além de algumas no idioma banto. “São músicas de tradição oral, ganharam ritmos e melodias diversas no Brasil, foram modificadas e recriadas na mistura das influências culturais negras e índias”, ensina Querino.

Identidade e Memória foca na história de José de Lourdes. Conhecido como José Canhoto, aos 12 anos ele começou a tocar na sanfona as músicas que aprendeu com José Manoel, tio avô de Aristeu, o mestre do grupo, e até hoje, aos 69 anos, mantém sua dedicação à interpretação das composições.

Ritual Festivo
Saudando Nossa Senhora apresenta Aristeu, coordenador e mestre do grupo de Congado do Ipaneminha desde os 18 anos de idade. “Minha história passa por minha mãe, que foi rainha do congado, e meu tio-avô, que nos legou a responsabilidade de levar esta tradição a outras gerações”, conta.

Ao se referir a esse propósito como missão, Aristeu fala ainda sobre as relíquias do grupo, como a caixa de zabumba, construída há 90 anos por seu tio avô, e que é preservada até hoje.

Dani Dornelas/Divulgação
O Grupo de Congado do Ipaneminha sobrevive heroicamente desde 1925O Grupo de Congado do Ipaneminha sobrevive heroicamente desde 1925
História
A investigação sobre a tradição do congado está associada à história da população afrodescendente que, de modo geral, foi negligenciada como sujeito histórico.

A manifestação do Congado tem sido tema de estudos e teses, mas a fonte dessas pesquisas é a história oral, como os relatos exibidos nos vídeos do projeto, que divulgam e ajudas a comunidade a entender o folclore e a identidade dos grupos tão diversos quanto sua região de origem.

Religiosidade
Os rituais dos festejos de Nossa Senhora do Rosário, festa tradicional que é realizada pelo Congado, faz parte da maior expressão de religiosidade da cultura afro-brasileira no Estado de Minas Gerais.

A tradição consiste num ciclo anual de homenagem à Nossa Senhora do Rosário e envolve novenas, levantamento de mastros, procissões, cortejos, coroação de reis e rainhas, cumprimento de promessas, muito canto, dança, refeições coletivas e entrega de coroas.

O canal ’Congaderia’ foi realizado em sistema colaborativo entre artistas e produtores do Vale do Aço ligados às artes e à cultura. O link para os vídeos é https://www.youtube.com/channel/UC7Us1nacX6OofUjki-WqgTw.

FICHA TÉCNICA:
Dani Dornelas – Fotografias
Daniela Dornelas e Gabriel Stofel - Edição de Imagens
Enyály Poletti - Criação e Vinhetas Gráficas
Helena Nunes - Decoração dos Adereços
Maria Aparecida Santos - Confecção dos Adereços
Ateliê Yasmin Oliveira - Confecção dos Figurinos
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