22 de novembro, de 2020 | 10:00

Daniel Cristiano: Quase dois mil votos e não foi eleito

Divulgação
''A sensação foi de gratidão'', afirma candidato a vereador em Ipatinga com quase dois mil votos e que não foi eleito ''A sensação foi de gratidão'', afirma candidato a vereador em Ipatinga com quase dois mil votos e que não foi eleito
(Tiago Araújo - Repórter do Diário do Aço)
Após uma semana das eleições municipais, o resultado das urnas eletrônicas ainda é tema de discussão em muitas rodas de conversas. Assim como em todo pleito, a vitória de certos candidatos pode ser uma surpresa para o eleitorado, assim como a não eleição de alguns também pode surpreender muitas pessoas. Esse é o caso do candidato a vereador em Ipatinga, Daniel Cristiano (PCB), que teve 1.990 votos, mas não conseguiu ser eleito nas eleições realizadas no último domingo (15).

De acordo com os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Daniel Cristiano foi o segundo candidato a vereador mais votado em Ipatinga, ficando atrás apenas do Chiquinho (PP), que obteve 2.009 votos. Além disso, mesmo com seus 1.990 votos, Daniel não conseguiu nem sequer ficar como suplente, sendo que a candidata Rosana Vaz (Podemos), que teve zero voto, ficou como suplente pelo seu partido, conforme os dados divulgados pelo TSE.

Ciente

Em entrevista ao Diário do Aço, Daniel Cristiano fez uma avaliou o seu resultado nas urnas e falou a respeito do sistema político atual que rege as normas para decidir quem será eleito pelo povo. Daniel afirma que desde o início de sua campanha eleitoral, ele estava ciente que poderia não ser eleito mesmo conquistando um número significativo de votos. “Conheço as regras da Justiça Eleitoral, especificamente, para a disputa para o legislativo municipal. Mesmo entendendo que uma reforma política profunda é necessária, eu sempre estive ciente que essa discrepância poderia ocorrer nas eleições desse ano”, afirmou.

Sistema político

Para Daniel Cristiano, o sistema da disputa política e financiamento dos partidos é injusto, já a forma de distribuição das vagas, ele avalia como justa por acreditar que oferece condições para as candidaturas mais simples conseguir representar a população, como foi o fato de uma pessoa ter alcançado a vaga de vereador com poucos menos de 780 votos. “Imagina a realização e a felicidade deste candidato, das pessoas que confiaram nele? O problema é quando um candidato com muitos votos puxa um outro candidato que não tem compromisso com as pautas de interesse da população. Ao mesmo tempo é muito importante salientar que as 1.990 pessoas que votaram em mim se sentem não representadas, pois as mesmas não conhecem as propostas daquele que foi eleito com menos votos do que eu”, ressaltou.

Sensação

Daniel Cristiano também revelou qual foi sua sensação após a contagem final de votos das urnas eletrônicas. “A sensação foi de gratidão, pois a população de Ipatinga manifestou nas urnas um forte reconhecimento com a minha pessoa. E tive outro sentimento de que preciso contribuir para o fortalecimento das pessoas que se dispuseram a enfrentar o desgastante processo eleitoral e continuar na organização do PCB Ipatinga”, salientou.

Situação parecida

Daniel Cristiano também lembra que já passou por uma situação semelhante a essa que enfrentou nas eleições municipais 2020. “Estou como primeiro suplente de deputado estadual para a Assembleia Legislativa de Minas Gerais, da eleição geral de 2018, e neste caso, vários candidatos a deputado obtiveram mais votos do que eu e não foram eleitos, nem ficaram como suplentes. E também já vivenciei isso em outro pleito. Só que agora, em 2020, foi o contrário do que ocorreu comigo em 2018, fui bem votado e nem como suplente eu fiquei”, disse.

Futuro na política

Questionado se após o resultado das eleições desse ano, ele ainda pensaria em concorrer nos próximos pleitos, Daniel afirmou que sempre permanecerá na política, com eleição, ou sem eleição. “Sempre me mantenho ativo no dia a dia da política. Desde 2010 tenho mantido de forma frequente as minhas participações nos pleitos. Foram três candidaturas para deputado estadual, três para prefeito de Ipatinga e neste ano como vereador. Em relação a 2022, muita coisa poderá ocorrer. Sei que no PCB meu nome deverá ser consultado sobre uma futura pré-candidatura, pois a minha aceitação na cidade, no Vale do Aço e no estado é muito boa. Costumo encarar os desafios que surgem em minha vida e caso eu seja convocado pelo partido e se eu me sentir preparado, abraçarei como uma tarefa, como uma missão e cumprirei”, finalizou.


Arquivo DA
Hélio Cimini explicou que os candidatos ao cargo de vereador ou deputado dependem dos quocientes eleitoral e partidário para serem eleitos Hélio Cimini explicou que os candidatos ao cargo de vereador ou deputado dependem dos quocientes eleitoral e partidário para serem eleitos
Por que candidatos a vereador não dependem apenas dos seus votos para serem eleitos?

Para um candidato ser eleito como vereador ou deputado, o cálculo de votos é diferente do que para prefeito, presidente, governador ou senador. É o que explica o advogado e chefe da assessoria técnica da Câmara de Ipatinga, Hélio Cimini. “Tanto o quociente eleitoral, quanto o quociente partidário, são partes integrantes da fórmula para determinar o número de cadeiras dos eleitos no parlamento. Esse é o motivo para o fato de pessoas com maior quantidade de votos não serem eleitas, enquanto outras, com menor número de votos, serem consideradas eleitas”, afirmou.

Razão

Hélio Cimini explica que os quocientes eleitoral e partidário estão previstos nos artigos 106 e 107 do Código Eleitoral. “A razão deles é para dar maior poder ao partido dentro do parlamento, para que se formem inclusive as bancadas partidárias e os blocos partidários. Não se vota tão somente no candidato. Desde a sua origem, o que se pretende com isso é fortalecer o partido para que o parlamento seja independente em relação ao poder executivo”, citou.

Quociente eleitoral

Conforme Hélio Cimini, o quociente eleitoral é um método de distribuição de cadeiras no legislativo, mas por si só, não define a quantidade de cadeiras que cada partido terá, por isso atua em conjunto com o quociente partidário. “O quociente eleitoral é calculado da seguinte forma, pega-se os votos válidos e divide pelo número de cadeiras no legislativo. Por exemplo, se houver mil votos válidos em uma eleição e tiver 10 cadeiras na câmara de vereadores, então o quociente eleitoral é 100”.

Quociente partidário

Após descobrir o quociente eleitoral, Cimini explica que o próximo passo é descobrir o quociente partidário, que vai determinar quantas cadeiras efetivamente cada partido terá, para isso, é necessário pegar os votos válidos de cada partido e dividir pelo quociente eleitoral. “Se determinado partido teve 300 votos e o quociente eleitoral é 100, então divide 300 por 100, com isso, esse determinado partido terá três cadeiras na câmara. Aí dentre os mais votados desse partido, as cadeiras são distribuídas”, pontuou.
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Comentários

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Pedro

29 de novembro, 2020 | 16:14

“Se estivesse no PT teria ganhado e eu e minha família votado nele”

Daniel Cristiano

25 de novembro, 2020 | 15:07

“Gratidão à população de Ipatinga, que manifestou que me enxerga como um Tribuno Popular!!!

Foram 1.990 votos de ESPERANÇA!!!

Seguirei firme!”

Lívia Flor

24 de novembro, 2020 | 13:47

“Parabéns, Daniel Cristiano! Não foi eleito, mas segue sendo voz da classe trabalhadora de Ipatinga. Se não sai do partido, é porque tem firmeza! Viva o PCB Ipatinga!”

Alguem

24 de novembro, 2020 | 12:59

“aderindo a um partido comunista, em um pais democrático de direito, esse o único motivo de não ter sido eleito, seja agora e nas eleições anteriores.”

Caroline

23 de novembro, 2020 | 12:39

“Parabéns Daniel Cristiano, parabéns PCB! A única esperança para nós ipatinguenses!”

Ferreira

22 de novembro, 2020 | 21:29

“Esse sistema político no Brasil é uma fraude, vergonha, desrespeita o eleitor, como uma pessoa que teve 0 votos pode ser suplente? E como um candidato que teve quase dois mil não é eleito? É um absurdo esse favorecimento aos grandes partidos, eleição que não respeita a vontade do povo”

Eduardo

22 de novembro, 2020 | 13:52

“Cristiano sai dessa turma de Vermelhos( Social/Comunista e vc provavelmente terá futuro na política, COMUNISMO é FRIA”

Paulo

22 de novembro, 2020 | 13:48

“Por isso é necessário e urgente a reforma política. Com menos partido, o sistema atual da muito poder aos partidos grande, e uma infinidade de ideologias .diferente O candidato puxador de voto num partido grande vai arrastando um monte de aberrações atrás. Dependendo em que partido o candidato estiver um voto nele representa 3 do candidato de outro partido, desrespeito com o candidato e com o eleitor.”

Gildázio Garcia Vitor

22 de novembro, 2020 | 12:02

“Parabéns Companheiro! Um fragmento do Brecht para você e todxs candidatxos do PCB: "Há aqueles que lutam um dia; e por isso são muito bons;/ Há aqueles que lutam muitos dias; e por isso são muito bons;/ Há aqueles que lutam anos; e são melhores ainda;/ Porém há aqueles que lutam toda a vida; esses são os imprescindíveis".”

Ronilson

22 de novembro, 2020 | 11:36

“Se tivesse candidatado vereador há alguns anos Com certeza poderia ter chegado ao cargo do executivo fácil Mas por ser leigo em política houve o retrocesso.”

Joanas

22 de novembro, 2020 | 11:05

“Como uma pessoa que teve quase dois mil votos e nao foi eleito uma pessoa que teve nenhum voto que indica que o povo nao quer esta pessoa mesmo e suplente.nossa eleicao nao e uma ato honesto e incrivel isto.vai contra o desejo do povo.”

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