27 de outubro, de 2020 | 14:12

Eficiência para garantir água

Ricardo Lazzari Mendes *

“A média de perdas chega a 38,45% de toda a água captada, tratada e potável”

A gestão eficiente dos recursos hídricos se tornou um imperativo para garantir a regularidade do abastecimento para a população. A falta de água não é mais uma exclusividade das regiões áridas do Nordeste brasileiro. Ela já está presente nos grandes municípios do Sul, Sudeste, Centre Oeste, entre outras regiões do país.

Por outro lado, o esbanjamento de recursos hídricos nos sistemas de abastecimento das cidades brasileiras representa um contrassenso. A média de perdas chega a 38,45% de toda a água captada, tratada e potável. Além do desperdício do próprio líquido, todas as despesas inerentes ao processo – insumos como energia e produtos químicos – se perdem segundo dados do SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento) ano base 2018.

Infelizmente, o índice de perdas dos sistemas de abastecimento de água tem crescido nos últimos anos, saltando de 36,7% em 2014 para 38,45% em 2018. O Brasil também está distante das nações desenvolvidas nesse quesito. A Dinamarca lidera o ranking com o menor índice de perda (6,9%), seguida pela Austrália (10,3), Estados Unidos (12,8) e Reino Unido (20,6).

O Novo Marco Legal do Saneamento, aprovado neste ano pelo Congresso Nacional, traz metas para a redução de perdas de água até 2033 e vai impulsionar o setor de saneamento. As empresas estarão comprometidas com a busca de novas tecnologias, oferecendo soluções capazes de resolver um dos antigos problemas no sistema de abastecimento de água. Uma grande parcela dos municípios brasileiros conta com tubulações antigas, com muitos anos de uso, que reforçam o desperdício, entre outros problemas.

O planejamento de curto, médio e longo prazos deve ser um instrumento indutor do Novo Marco Legal do Saneamento. As companhias brasileiras têm expertise capaz de contribuir com novas soluções, melhorando a eficiência na prestação de serviços e garantindo a sustentabilidade financeira das operadoras de saneamento.

A reversão da curva do desperdício de água representaria uma economia significativa para o setor. Segundo cenário traçado pelo Instituto Trata Brasil, considerando as metas do Plansab (Plano Nacional de Saneamento Básico) com perdas médias em 31%, a economia pode alcançar R$ 13 bilhões até 2033. Uma versão mais otimista, mas ainda conservadora com perdas em 25%, os ganhos líquidos chegariam a R$ 22,8 bilhões.

A hora é de deixar o atraso no passado e avançar nos empreendimentos de saneamento básico, garantindo o abastecimento de água potável para 35 milhões de brasileiros que ainda não contam com esse serviço. A nova legislação vai contribuir para a significativa redução das desigualdades brasileiras, oferecendo para os cidadãos serviços de qualidade. A população merece ser bem atendida nas suas mais básicas necessidades diárias.

* Presidente da Apecs (Associação Paulista de Empresas de Consultoria e Serviços em Saneamento e Meio Ambiente), engenheiro pela Escola de Engenharia de São Carlos da USP e doutor em engenharia hidráulica e sanitária pela Escola Politécnica da USP
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]
MAK SOLUTIONS MAK 02 - 728-90

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Tião Aranha

29 de outubro, 2020 | 11:04

“Parece que o que está faltando é mais Planejamento. Se pode faltar água, tb pode faltar alimentos. O homem só sabe destruir o que a Natureza gastou bilhões de anos pra construir. O aquecimento global e a acumulação de riquezas são frutos deste capitalismo selvagem que aí está. Ficar preso ao passado não dá futuro. Tivemos alguns avanços tecnológicos, diga-se de passagem; mas o nosso espírito continua ainda recalcado em práticas do passado. O maior desafio, hoje, e que está sem saída, é a falta de reconhecimento das nossas próprias limitações em saber colocar-nos em posição de homens íntegros; isto é, de ser individual responsável pelos seus atos e seus pensamentos pensando mais no legado de sobrevivência que iremos deixar pras futuras gerações.”

Envie seu Comentário