15 de outubro, de 2020 | 09:30
Professores celebram seu dia e exaltam superação diante da pandemia
Profissionais têm vivido um ano atípico, mas sempre com amor ao ensino e aos alunos
Álbum pessoal
Com cenários e públicos distintos, Fabiane Ferreira, Gilda Gonçalves e Diego Castro são professores orgulhosos de sua profissão
(Bruna Lage - Repórter do Diário do Aço)
A cada ano, o Dia do Professor, celebrado em 15 de outubro, se torna um momento de reflexão sobre a valorização desta categoria e de seus desafios. Em 2020, ano em que a pandemia da covid-19 mudou a forma como todos se relacionam em sociedade, os profissionais tiveram de se adaptar a um novo formato, com aulas remotas e relacionamento virtual com seus alunos. Diante de uma nova rotina, Gilda Gonçalves de Sá, Fabiane Maria Ferreira e Diego Castro avaliam o trabalho feito até o momento e exaltam o amor à profissão.
Professora dos ensinos fundamental e médio, Fabiane Maria Ferreira pondera que 2020 tem sido um ano diferente, devido à virtualização de todas as práticas educativas em relação à educação tradicional. Mas que este ano trouxe também para as redes de ensino, pública e particular, a necessidade de alinhar professor, escola e aluno.
Porque até então tínhamos a escola do século XIX, o professor do século XX e o aluno do século XXI. Trazer a tecnologia para a sala de aula diminuiu a dicotomia nesses contextos. Além disso, escancarou para nós professores que somos imprescindíveis na formação do cidadão, porque muitos de nossos alunos não possuem acesso à tecnologia de internet. Escancarou para todos a necessidade de não só melhoramos nossas práticas, nossa atuação social enquanto educadores, mas de lutarmos para uma igualdade de direitos econômicos e tecnológicos”, avaliou.
Ela acredita que ser um professor virtual” e usar a tecnologia a favor da educação é um caminho sem volta. Para a educadora, o século XXI traz a necessidade de criar e ajudar a formar cidadãos que tenham autonomia. Seu sonho para a educação é tornar os alunos mais autônomos, para que não dependam nem do professor ou da aula para aprender.
Fazendo uma alusão aos pilares da educação da Unesco, que se todos nós educadores tivermos esses pilares como premissas da nossa prática, a educação vai dar um salto de melhoria. Nessa fase de virtualização, meu olhar para o aluno se tornou muito mais dinâmico. Não mensurava horas para criar estratégias, metodologias, de forma a tornar as aulas mais interessantes. Olhando para os meus colegas professores, criei uma página no Instagram para divulgar um pouco do meu conhecimento em relação a metodologias, ideias e compartilhamentos de novas práticas surgidas agora no distanciamento social”, salienta.
Desafio emocional
Gilda Gonçalves de Sá, que trabalha com alunos do ensino infantil, frisa que o ano de 2020, após o surgimento do coronavírus, está sendo diferente de tudo o que viveu como professora, assim como tem sido para seus alunos. Vários desafios surgiram, porém, em sua opinião, o maior deles tem sido o emocional. O isolamento nos trouxe a privação de vivermos uns com os outros e, por ter ocorrido tão repentinamente, isso nos abalou. Não estávamos preparados e, diante de tudo, tivemos que nos adaptar para tentarmos vencer da melhor forma possível este momento”.
Ser uma professor virtual foi uma grande novidade para Gilda. A princípio, foi muito desafiador, mas juntamente com toda equipe, as barreiras estão sendo superadas e acredito que poderá ser um caminho que irá aprimorar o trabalho do profissional de educação. Poderá ser também uma ferramenta, um suporte para melhorar a qualidade de ensino dos educandos. Nesta fase estou utilizando o método de gravação de aulas, por meio de vídeos feitos pelo celular, e enviado aos pais pelos grupos, via aplicativo de conversa”, revela.
União
A mensagem que Gilda deixa para alunos e colegas de profissão é que juntos somos mais fortes e que mesmo passando por momentos difíceis, as vitórias serão alcançadas. Quero dizer também que estou com saudades de todos, e não vejo a hora de poder voltar ao normal. Parabéns a todos os alunos que estão juntamente com seus familiares buscando o conhecimento. Desejo um feliz Dia do Professor para todos que desempenham esta função, que é tão nobre e enriquecedora em nossas vidas”, acredita.
Desafios passam também por estrutura
Com o distanciamento social, além de toda preparação tecnológica para as aulas, os docentes precisaram se adaptar a uma nova forma de lecionar, tendo como espectador in loco apenas uma câmera. O que, segundo o professor de curso superior, cursinhos e pós-graduações, Diego Castro, não é nada fácil.
Sob a ótica dos alunos, além das questões tecnológicas de hardware e software, também enfrentadas pelos professores, foram inúmeros os desafios, a começar pelo ambiente de estudos. Muitas pessoas encontram nas escolas e faculdades o ambiente adequado para estudar (salas climatizadas, silêncio, bibliotecas e etc.), algo que em muitas situações não possuem em suas residências, onde é comum não haver um lugar reservado exclusivamente para o estudo. E a ausência de ambiente adequado é algo muito desafiador”, alerta.
Além de todas as dificuldades mencionadas, tanto professores quanto alunos tiveram que adaptar seus planos de internet para suportar a transmissão de aulas com qualidade e sem prejuízos à didática. Os desafios mencionados acima são os mais comuns, e há outras questões merecedoras de menção também, como a acessibilidade às pessoas portadoras de deficiências, e desafios inerentes às particularidades de cada pessoa”, conclui.
Virtual
Diego, que é advogado, estava familiarizado com aulas virtuais, pois nessa área é comum a existência de cursinhos preparatórios e pós-graduações na modalidade on-line. Já leciono em alguns [cursos] há cerca de quatro anos. Mas isso não tornou menos desafiadora a tarefa de lecionar integralmente on-line para cursos de graduação, isto porque são públicos com perfis diferentes, em especial em relação à maturidade e disciplina para os estudos. Mas merecem muitos aplausos e honrosa menção a grande maioria dos docentes, do ensino básico ao superior, que, sem nunca terem lecionado para uma câmera, adaptaram-se às novas tecnologias para continuar levando o conhecimento aos alunos, mesmo diante de todos os desafios envolvidos”, aplaude.
Para ele, educar e levar conhecimento ao próximo são atos de amor. Não vejo o ensino exclusivamente on-line como um caminho sem volta, mas acredito em uma adaptação da educação às novas tecnologias. Há muita tecnologia que, integrada ao sistema tradicional de ensino, pode agregar muito valor. Muito do ensino, em qualquer área, está no exemplo, na atenção, na presença, no afeto, no cuidado, o que não pode ser encontrado nos meios exclusivamente virtuais. Então, olhando para o futuro, vejo a educação tradicional valendo-se das novas tecnologias, e não sendo suprimida pelo ensino exclusivamente virtual”, conclui.
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