26 de setembro, de 2020 | 13:00

Falta respeito

Fernando Rocha

Divulgação
Fernando RochaFernando Rocha
Houvesse bom senso, respeito às vidas humanas e às recomendações da ciência, nada do que se viu esta semana teria acontecido com o Flamengo, o time de maior torcida do país, que foi quase totalmente abatido por um surto da Covid-19, que atingiu a partir do presidente do clube, passando pelos jogadores e indo até o técnico.

Para muitos, foi um “castigo dos céus”, uma vez que foi a diretoria do rubro-negro a que mais brigou pela volta precoce do futebol, mesmo no auge da pandemia, chegando ao cúmulo de jogar ao lado de um hospital de campanha que havia sido instalado no estacionamento do Maracanã.

Agora, o Urubu tornou-se também o maior articulador para a volta dos torcedores aos estádios, olhando como sempre e apenas para o próprio umbigo, sem se importar minimamente com as restrições sugeridas pelas autoridades de saúde, com base em dados científicos, sobre os riscos da pandemia da covid-19.

Há muita ironia mesmo, no fato de que estejam entre os primeiros da lista dos infectados o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, e o seu médico, Márcio Tanure, que batiam no peito e diziam ter implantado o “protocolo mais seguro do país” no que dizia respeito à doença.

Sem consenso
Pegou fogo no canavial da CBF, e acabou terminando em bate-boca e muita baixaria a reunião dos clubes, federações e diretores da entidade, para tratar de uma possível volta do público aos estádios a partir de outubro.
Não houve consenso entre os dirigentes, uma vez que a maioria deles considera a ideia ainda fora da curva.

O Flamengo e a Federação de Futebol do Rio de Janeiro, turbinados por uma irresponsável decisão do governador em exercício daquele estado, que autorizou a presença de até 30% de público nos estádios locais, tentaram emplacar a estapafúrdia ideia do “é cada um por si”.

Se a pretensão dos cartolas cariocas fosse aprovada, cada clube em cuja cidade houvesse a autorização poderia usufruir da medida, ou seja, haveria jogos com público em algumas cidades e em outras não.
A maioria, obviamente, foi contrária a essa ideia maluca, entendendo que a volta do público aos estádios só deverá acontecer de forma igualitária, quando todos puderem adotá-la.

FIM DE PAPO
• Numa pandemia como esta da Covid-19, a maior tragédia sanitária na história recente da humanidade, por mais que sejam tomados cuidados e estabelecidos protocolos severos de prevenção, não há como garantir que não aconteça nenhum tipo de contágio. Os riscos aumentam na medida em que, no caso do futebol sul-americano, os clubes jogam em locais diferentes e longínquos, o que os obriga a percorrer grandes distâncias por todo o Brasil e o continente.

• No caso do Flamengo, repetiu-se o que mais se tem visto nas atitudes negacionistas e irresponsáveis de políticos e empresários, enfim, da sociedade em geral do país, que por conta disso já contabilizou mais de 140 mil mortos. Essa gente desdenha, não crê, menospreza a gravidade e os riscos causados pelo novo coronavírus. Para ir jogar no Equador, o Flamengo criou um autêntico “avião da alegria”. Levou no tal avião fretado para a viagem um grande número de cartolas, conselheiros, convidados do clube, pessoas que não tinham rigorosamente nada a fazer por lá.

• Com isso, expôs a delegação, sobretudo os jogadores e comissão técnica, transformando-a numa autêntica bomba viral capaz de espalhar a covid por onde passa. O correto mesmo seria colocar todos os que estiveram nesta viagem em completo isolamento, só havendo a liberação para contato com outras pessoas depois de constatada a inexistência de qualquer risco. Mas a CBF e a Conmebol, que administram as competições nacionais e as do continente, não estão nem aí para a saúde das pessoas, sejam jogadores, dirigentes dos clubes ou seus próprios funcionários.

• Em se tratando do Flamengo, aí então é que a situação piora ainda mais, pois não há por parte da sua diretoria a mínima consideração pelas vidas humanas, bastando ver o modo como tratou e vem conduzindo a questão do incêndio, que vitimou garotos da sua base no chamado “Ninho do Urubu”. A diretoria do Flamengo, sem nenhuma dúvida, entre todas as dos demais clubes da elite nacional, é a mais arrogante, prepotente e negacionista, não se preocupa com a pandemia que assola não só o nosso país, mas o mundo inteiro, preocupando-se unicamente com o lado financeiro e em manter os seus cofres bem abastecidos. (Fecha o pano!)
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