21 de setembro, de 2020 | 16:00

Subiu de cotação

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Fernando RochaFernando Rocha
Em dezembro de 2009, o ex-craque Tostão, ao analisar a sexta conquista do título de Campeão Brasileiro pelo Flamengo, escreveu em sua coluna na Folha de SP: - “O técnico é apenas um dos elementos que interferem no resultado de uma partida”.

Ele se referia ao então técnico rubro-negro, Andrade, ex-jogador e funcionário do clube, uma solução caseira encontrada pela diretoria após a demissão de Cuca. Sem alarde, Andrade conseguiu encaixar as peças em um time que tinha Adriano ‘Imperador’ em grande fase e o sérvio Petkovic como destaques. Ele fez a equipe deslanchar rumo ao título, numa arrancada improvável e espetacular, a partir da 17ª rodada.

Até pouco tempo atrás havia consenso entre os críticos, entre os quais me incluo, de que o técnico significava apenas 10 a 20% na montagem e execução de um planejamento para um time campeão.

Neste século, na medida em que as inovações táticas foram surgindo, sobretudo na Europa, com Pep Guardiola e outros, a importância dos ‘professores’ foi subindo de cotação, a ponto de passarem a ser tratados como peças essenciais, protagonistas cujos salários alcançam níveis estratosféricos.

Terceira versão
Neste contexto, preso a conceitos ultrapassados e desatualizados de técnicos retrógrados, o futebol brasileiro tornou-se terreno fértil para os estrangeiros mostrarem a sua competência.

O português Jorge Jesus ganhou tudo o que disputou ano passado com o Flamengo, e retornou ao seu país. Seu substituto, o catalão Domènec Torrent, que tem como destaque no currículo o fato de ter sido auxiliar de Pep Guardiola, vem encontrando dificuldades, porque no futebol nem sempre dois mais dois são quatro.

Quem continua fazendo sucesso é o argentino Jorge Sampaoli, que levou o time do Santos ao vice-campeonato nacional, em 2019, mesmo com um elenco limitado, e agora no Atlético, com um time mais encorpado, continua obtendo bons resultados e pode vir a quebrar um jejum incômodo do Galo, que há 49 anos não comemora um título de campeão brasileiro da Série A.

Muitos colegas da crônica esportiva e torcedores atleticanos ainda têm restrições ao modo Sampaoli de jogar do Atlético, uma espécie de versão três do ‘Galo Doido’, mais sofisticada, mas não menos arrojada e imprevisível do que a versão um, comandada por Cuca em 2013, ou a versão dois, de 2014, que tinha Levir Culpi como treinador.

Não há meio termo neste Atlético, dirigido pelo sempre irrequieto técnico argentino, que até aqui é o único time que ainda não empatou um jogo sequer, obtendo sete vitórias e sofrendo três derrotas em dez partidas disputadas.

FIM DE PAPO
• O torcedor atleticano que se prepare para sorrir, sofrer e sonhar com o título nacional até o fim desta temporada, que, devido à paralisação causada pela pandemia, só vai terminar em 2021. Com Sampaoli no comando, o Galo não terá um time titular definido antecipadamente e a cada jogo verá uma formação diferente em campo, de acordo com o adversário, podendo mudar o esquema tático caso o planejado inicialmente por ele não surta o efeito desejado.

• Foi assim contra o Atlético-GO no último sábado, quando, no intervalo, Sampaoli tirou Guga e Alan para as entradas de Igor Rabelo e Natan. O time se acertou a ponto de Keno, que ainda não havia justificado o alto investimento feito na sua contratação, tornar-se a grande estrela do espetáculo ao marcar três dos quatro gols que deram ao Galo a vitória, de virada, colocando outra vez o alvinegro na liderança da disputa, com um jogo a menos.

• Dando continuidade à série “o que é pior ainda pode piorar”, o Cruzeiro foi apático e débil, sobretudo na defesa, e mereceu a derrota sofrida no sábado para o CSA, por 3 x 1, em Maceió. Torcedores de uma organizada foram pela segunda vez este mês protestar na chegada da delegação ao Aeroporto de Confins, em Belo Horizonte, exigindo uma reação imediata na Série B, onde ocupa a 15ª posição, com oito pontos ganhos, apenas duas posições acima da zona de rebaixamento à Série C.

• O técnico Ney Franco continua com um discurso otimista, o mesmo acontecendo com o presidente Sérgio Santos Rodrigues, ambos esperançosos de uma reação e uma mudança de rumo do Cruzeiro, a partir da obtenção de vitórias nos próximos jogos contra Avaí e Ponte Preta, que serão no Mineirão. De fato, como lembrou o presidente, o rival Atlético, quando disputou a Série B, em 2006, só deslanchou para conquistar o acesso e o título depois da 12ª rodada, chegando a figurar na 15ª posição na tabela de classificação. O problema atual do Cruzeiro não é saber o que fazer, mas como fazer. (Fecha o pano!)
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