20 de setembro, de 2020 | 09:00

Vale do Aço é mencionado em boletim da Faperj

Autor de estudo sobre metropolizações no interior fala sobre importância da publicação

Divulgação
Em entrevista, William Passos falou sobre seu estudo, que envolve a região Em entrevista, William Passos falou sobre seu estudo, que envolve a região
(Bruna Lage - Repórter do Diário do Aço)
As metropolizações no interior de Minas Gerais e do Rio de Janeiro foram assunto de publicação no boletim da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), no último dia 17. O material menciona o Vale do Aço, em razão da entrevista concedida pelo geógrafo William Souza Passos, responsável pelo Observatório das Metropolizações e colaborador do Diário do Aço.

No boletim, William avalia a metropolização da Bacia de Campos e Vale do Aço. Ele, que é doutorando em Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tem identificado tais processos, especialmente aqueles ligados ao que classifica como “minerodependência”. O termo é explicado por ele como dependência das atividades de extração e de transformação mineral, como é o caso da siderurgia, que transforma carvão mineral e minério de ferro, entre outros produtos, em aço.

Segundo o geógrafo, o boletim Faperj é altamente seletivo e costuma publicar as pesquisas de maior relevância científica ou maior contribuição para avanço da ciência ou desenvolvimento da sociedade. Essa foi a primeira vez, desde o início da pandemia da covid-19, que a publicação abriu espaço para a divulgação de uma pesquisa não relacionada à área de saúde ou não relacionada à transformação de ciência em negócios.

Importância

William destaca que a Fundação tem prestígio entre a comunidade científica carioca e fluminense, muito maior que o prestígio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), no território mineiro. Nesse sentido, a publicação premia sua pesquisa com um selo de qualidade, além de ampliar a divulgação e torná-la mais conhecida e prestigiada dentro da comunidade acadêmica.

“Fora da comunidade acadêmica, espero que esse prestígio ajude no diagnóstico dos problemas dessas duas regiões em questão e que necessitam de políticas públicas eficazes. Ambas as regiões, no meu ponto de vista, precisam enfrentar a questão da metropolização. Isto é, o fato de que não são capazes de resolver os próprios problemas individualmente, apenas no nível das prefeituras, necessitando que seus municípios cooperarem coletivamente”, aponta.

Ele acrescenta que um exemplo a esse respeito é o transporte público, que precisa de integração, inclusive tarifária, para facilitar o deslocamento entre diferentes municípios. “O fato de identificar a presença de um processo de metropolização nessas regiões ajuda que eu chame a atenção também para novas questões, como a importância de se pensar num transporte de passageiros ferroviário ou metroviário”, salienta.

Interferência da pandemia no desenvolvimento

Questionado sobre como a pandemia da covid-19 irá impactar no desenvolvimento das regiões que estuda, o geógrafo avalia que irá piorar o nível e a qualidade de vida, empobrecendo a maioria das pessoas. Alguns indicadores, como o nível de emprego e renda, vão recuar para o mesmo nível de anos atrás, talvez até uma década.

“Investimentos serão adiados, o desemprego entre os jovens e a pobreza deve explodir e os salários devem baixar. As pessoas terão mais dificuldades de construir ou comprar uma casa e vai ficar mais difícil comprar carro e ver pessoas de origem mais humilde entrando na faculdade. Enfim, a herança da pandemia será a piora da qualidade do desenvolvimento dessas regiões. A expansão, porém, é algo já consolidado. Vai continuar acontecendo, mesmo que num ritmo menor”, vislumbra.

Nesse aspecto, o Vale do Aço é uma região mais resistente que a Bacia de Campos, segundo o doutorando, que depende do petróleo e do turismo. “Tanto a produção de petróleo, quanto as receitas de royalties daqueles municípios, são determinadas pelo mercado internacional. Já o turismo foi um dos setores mais afetados pela pandemia. Mas a expansão das duas regiões vai continuar porque os investimentos previstos não serão interrompidos; no máximo serão adiados. O Vale do Aço aguarda, por exemplo, o aeroporto, um investimento importante para movimentar negócios e conectar a região”, conclui.
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