19 de setembro, de 2020 | 13:00

Futuro melhor

Fernando Rocha

Divulgação
Fernando RochaFernando Rocha
Chamou a atenção uma declaração do diretor de futebol do Atlético, Alexandre Mattos, durante o lançamento do livro “Tudo começa com um sonho”, contando a história de sua carreira no futebol.

Mattos declarou, em tom de profecia: “O Atlético precisa ser campeão brasileiro. Se não for agora, vai ter que ser ano que vem, no outro ano, vai ter que ser. Por quê? Porque é um clube gigante, que tem que ser campeão brasileiro, e vai ser”, disse.

Ao contrário de como foi interpretado por alguns jornais e sites esportivos, o dirigente não fez nenhuma “promessa” mirabolante, nada que não possa ser cumprido, tendo em vista os enormes investimentos feitos pelo clube.

O problema são as crises internas. E só esta semana foram três, coisas que podem afetar o rendimento do time em campo, um desempenho que até agora tem sido bom.

O jejum do Galo em relação ao maior título nacional, que já dura longos 49 anos, de fato precisa terminar, mas com tantas turbulências desnecessárias e evitáveis, o caminho parece ficar cada vez mais distante.

Para refletir
O episódio Thiago Neves continua rendendo, após o jogador anunciar que pedirá na justiça uma indenização de R$ 20 milhões e retratação pública do Atlético, por conta da tentativa do clube de contratá-lo e depois desistir do negócio.

Na sequência do caso Thiago Neves, com medo de uma nova retaliação por parte da torcida, o presidente Sergio Sette Câmara cancelou outra contratação, a de Sebastian Villa, de 24 anos, outra indicação do técnico Jorge Sampaoli.

Neste caso, o recuo do mandatário alvinegro se deu em razão do atacante colombiano, que atua no Boca Juniors, da Argentina, responder por duas acusações de agressão contra ex-namoradas.

O problema não é a desistência do negócio em si, mas saber que a diretoria alvinegra vinha negociando com empresários de Villa e o Boca Juniors há pelo menos dois meses, e só cuidou de evitar um outro problema semelhante depois que o caldo entornou com a sua torcida, absolutamente contrária à contratação do ex-cruzeirense.

FIM DE PAPO
• Quem tem mais de meio século de vida e torce pelo Atlético, certamente irá se lembrar de dois ex-jogadores que vestiram a camisa do clube na década de 1980, o volante Chicão e o artilheiro Nunes, contratados junto ao São Paulo e Flamengo, respectivamente. Nos dois casos, em comum com o que aconteceu na última semana em relação a Thiago Neves, houve uma forte rejeição da torcida, mas com uma diferença fundamental: Chicão e Nunes não ofenderam, em momento algum desmereceram ou foram arrogantes em relação ao Atlético, sua camisa ou sua torcida quando defendiam outro clube rival.

• Francisco Jesuíno Avanzi, o Chicão, que faleceu em 2008, aos 59 anos, chegou ao Atlético em meados de 1980, contratado pelo ex-presidente Elias Kalil, com a missão de ser o “xerife” de um time que, entre outros craques, reunia Toninho Cerezo, Reinaldo, Marcelo, Paulo Isidoro, Palhinha e Luisinho. Discreto, aceitou humildemente as críticas, sobretudo quanto ao lance marcante na decisão do título nacional de 1977, quando pisou e quebrou a perna do volante Ângelo, com o jogador do Galo caído no gramado. Em sua passagem pelo Atlético, Chicão foi um jogador aplicado, disciplinado e bem avaliado pelos torcedores e a imprensa.

• João Batista Nunes de Oliveira, mais conhecido como Nunes, 66 anos, atua hoje como técnico de escolinhas de futebol no interior do Rio de Janeiro. Chegou ao Galo em 1986 debaixo de uma enorme rejeição e desconfiança da torcida, por ter sido o “carrasco” do alvinegro na decisão do título brasileiro de 1980, no Maracanã, onde fez o gol da vitória de 3 x 2, nos instantes finais da partida, que deu o título ao Flamengo. Mas, sua dedicação em campo e excelente rendimento rapidamente fizeram a torcida mudar de opinião a seu respeito. E Nunes acabou virando um ídolo da massa alvinegra.

• Nunes, o “Artilheiro das Decisões” ou “João Danado”, atuou 58 vezes na temporada de 1986 pelo Galo e marcou 39 gols, sendo Campeão Mineiro, além de artilheiro absoluto do torneio, com 26 gols. Em campo, Nunes era sinônimo de gol. Nunes e Chicão foram odiados e amados, em ocasiões diversas, por torcidas rivais, mas nunca extrapolaram os limites do razoável e da boa convivência com torcidas adversárias e a imprensa. É preciso entender que, no futebol, não há inimigos, mas rivais. E que toda zoação só é saudável e divertida se tiver um limite, para que a sua alegria não se transforme em ofensa, humilhação ou qualquer tipo de arrogância, que cause constrangimento ilegal ao outro. (Fecha o pano!)
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Tião Aranha

19 de setembro, 2020 | 13:33

“É. Futebol acabou virando mesmo um grande negócio. Estudar e trabalhar mesmo, que é bom, ninguém quer.”

Envie seu Comentário