05 de setembro, de 2020 | 08:00

Goleiro de Timóteo é destaque do Nacional da Ilha da Madeira

Daniel Guimarães, há quatro anos no clube, foi destaque na campanha de retorno à elite portuguesa

Eleito o melhor goleiro da Segunda Liga (divisão de acesso do Campeonato Português) 2019/2020, encerrado em maio, Daniel Guimarães, nascido em Timóteo, foi uma das principais peças a ajudar o Nacional da Ilha da Madeira a garantir o acesso à Primeira Liga do país europeu. O campeonato acabou sem um campeão, por causa da parada obrigatória pela pandemia da covid-19, e ficou decidido pela Liga que organiza o certame que os dois primeiros colocados garantiriam o acesso: Nacional e Farense. A disputa na divisão de elite começa no próximo dia 20; na primeira rodada o Nacional enfrenta o Boavista, em casa.

Agora na primeira divisão, Daniel diz que primeiro é preciso colocar os pés no chão. “Queremos atingir os pontos necessários à permanência e depois veremos”, falou o arqueiro, em entrevista ao Diário do Aço. 

Daniel, de 33 anos, é filho de David Marques Guimarães, ex-presidente da Liga Acesitana de Desportos (LAD) e de Celma Gomes Martins Guimarães. O arqueiro é casado com uma fabricianense e há quatro anos vive em Portugal.
 
Carreira

O goleiro iniciou sua carreira profissional no Tombense, e depois passou por alguns clubes brasileiros até tentar a carreira na Europa, tendo como destaque a passagem pelo América. “Iniciei minha trajetória no Tombense em 2002, depois em 2003 fui para o América Mineiro, onde fiquei por nove anos, fiz minha base e passei quatro anos no profissional. Em sequência, fui para o Mogi Mirim, Ponte Preta, Red Bull e em seguida para o Nacional-POR, onde estou há quatro anos”, contou. 

Diferente da maioria dos jogadores de futebol, Daniel Guimarães optou por definir os rumos de sua carreira sozinho. “Eu nunca tive empresário, sempre procurei trabalhar sozinho. Empresário ajuda muito, mas eu resolvi trabalhar dessa forma, e estou muito feliz”, disse. 

O primeiro e único time do arqueiro em Portugal é o Nacional, onde ele pretende ficar ainda por muitos anos. “Pretendo encerrar minha carreira no Nacional, um clube pelo qual tenho um enorme carinho, que me abriu as portas pra voltar a jogar em alto nível”, anseia. O contrato de Daniel Guimarães com a equipe se estende por mais duas temporadas. 

Para a temporada 2020/2021, que começa agora em setembro, apenas dois meses após a temporada passada, o Nacional conta com três goleiros. Além de Daniel, fazem parte do elenco o italiano Riccardo e o português Rui. Os treinadores de goleiro são Carlos Brás e Luis Freire. 

Daniel não é o único brasileiro no elenco. Além dele, o Nacional conta com Lucas Kal (zagueiro ex-São Paulo e América), Kalindi (lateral-direito ex-Tuna Luso-PA), Júlio César (zagueiro ex-Goiás), Saulo e o atacante João Victor.
 
Adaptação

Vivendo em Portugal há quatro anos, o goleiro conta que a adequação a um novo país também passa pela inclusão no clube. “A adaptação depende do elenco e condições que o clube oferece. Minha adaptação aqui foi tranquila, falamos a mesma língua, existem muitos brasileiros e o clube nos oferece o que há de melhor em condições desportivas”, detalhou. 

Além de se sentir bem nos gramados, Daniel também aponta a vida extracampo como positiva em Portugal. “Aqui é muito bom em qualidade de vida, não te falta nada. Se tem segurança, saúde e entretenimento”, enfatiza.
 
Rotina em campo

Ao longo das temporadas em Portugal, Daniel Guimarães enfrentou times tradicionais do país, como Porto e Benfica. “O sentimento é o mesmo de sempre com qualquer equipe. Creio que quando se entra na arena, as emoções ficam do lado de fora e estamos ali pra conseguir um bom resultado. Concentração e foco independentemente da equipe”, disse Daniel, sobre o sentimento de encarar grandes clubes. 

A respeito das novas regras adotadas pelo futebol recentemente, como o uso do VAR em alguns lances, o goleiro conta que seu trabalho não foi afetado. “Com as novas regras não alterou nada, temos que nos adaptar e estar atentos sempre em campo e cumprir as regras”.
 
Ídolos

Questionado sobre seus ídolos na posição de goleiro, Daniel Guimarães destacou a influência do tetracampeão mundial Taffarel. “Sou da época que pude ver Taffarel jogar. Creio que seja ele quem inspirou muitos outros da minha época. Atualmente seria o Fábio, Victor e Rafael”, disse ele, citando os goleiros que atuam no futebol mineiro. 
Depois de alguns anos em Portugal, Daniel acumulou histórias e defesas importantes. “O jogo mais marcante foi contra o Vitória de Setúbal, onde defendi um pênalti e ajudei a equipe a somar três pontos”, recordou.

Já a defesa mais importante da carreira, ele destaca a ocorrida ainda nos tempos de futebol mineiro. “A defesa mais importante foi em um jogo na categoria de base pelo América Mineiro contra o Atlético, na Vila Olímpica. Eu tinha meus 15 anos, era reserva, ganhei a oportunidade de jogar um jogo e fiz uma defesa incrível, onde pude, assim, ter a sequência de jogos que me permitiu sonhar com um futuro no futebol”, contou o atleta.
 
Destaques

Já sobre os profissionais com quem jogou (junto ou contra), Daniel cita alguns atletas. “O ex-goleiro Flávio, campeão brasileiro em 2001 (pelo Athletico Paranaense), que jogou vários anos no América. Euller, o Filho do Vento, que dispensa comentários. Roberto, goleiro com quem joguei na Ponte Preta. Thiago Alves, que hoje está no Oeste de Itápolis e o Júlio que está aqui comigo hoje; esses são os que me marcaram até hoje”, pontuou o atleta. 

A respeito do destaque que ele teve no acesso do Nacional da Madeira, Daniel Guimarães aponta a importância do coletivo. “Destaque é o grupo de trabalho. Escutei uma palavra do treinador Guto Ferreira uma vez: ‘Jogador ganha jogo, grupo ganha campeonato’. Creio que o destaque tem que ser o grupo, não o individual”, afirmou.
 
Conselho para os jovens
 
Daniel Guimarães conseguiu na carreira concretizar um sonho de milhares de crianças e jovens mundo afora: construir uma carreira no futebol e viver disso. Para ele, quem anseia entrar para este mundo precisa persistir bastante. “Uma mensagem que deixo é que não desista de um sonho. Eu, depois de duas cirurgias, nos dois ombros, ainda consegui chegar ao primeiro escalão do futebol português, creio que pra quem confia em Deus e trabalha muito não existe o impossível”, concluiu.