29 de agosto, de 2020 | 00:01

Sem graça

Fernando Rocha

Divulgação
Fernando RochaFernando Rocha
Com o Mineirão sem graça, sem público, devido à pandemia do coronavírus, Atlético x Tombense farão hoje a decisão da 106ª edição do Campeonato Mineiro, curiosamente a mesma idade de fundação do representante do interior.

O “Gavião Carcará” da pequena cidade de Tombos, localizada na Zona da Mata mineira, a 216 km de Ipatinga, com cerca de oito mil habitantes, precisa da vitória por qualquer placar para conquistar o título pela primeira vez, enquanto ao Galo basta apenas um empate.

No transcurso de mais de um século desta disputa regional, sucederam-se duas grandes guerras mundiais, caiu o muro de Berlim, o regime comunista implodiu e acabou com a União Soviética, o homem pisou na Lua, os Estados Unidos sofreram um atentado que destruiu as torres gêmeas e matou milhares de pessoas em Nova Iorque, agora o mundo parou por conta de um vírus, e por aí vai.

Só o que não mudou e não muda de jeito nenhum é o Campeonato Mineiro, onde prevalece desde o início a supremacia dos chamados clubes “grandes” da capital sobre os demais participantes vindos do interior. A dupla Atlético e Cruzeiro disputa a hegemonia, tendo o Galo na frente da Raposa, com 44 conquistas, contra 40 do maior rival. O Cruzeiro é o atual bicampeão.

Prazo de validade
A verdade é que os campeonatos estaduais pelo país afora, à exceção do Paulista, estão com o prazo de validade vencido há bastante tempo e já deveriam ter passado por uma completa reformulação.

Mas qualquer tentativa de mudar o quadro atual esbarra na acomodação dos dirigentes, a começar pela Federação Mineira, entidade que sobrevive graças ao que arrecada de patrocínio, taxas etc, explorando e lucrando com a competição.

A Globo, que patrocina essa farra há anos e paga caro por isso, rescindiu este ano o contrato de transmissão dos jogos do Campeonato Carioca, após o desentendimento com o Flamengo e a Federação do Rio de Janeiro, o que ainda não repercutiu no restante do país.

Tudo gira em torno do dinheiro e cotas de patrocínio pagas pela TV, pois a emissora percebeu o desinteresse do público e dos anunciantes pelos estaduais, sinalizando a necessidade de mudar o formato atual, ou caso contrário, poderá pular fora do barco.

Mas seria preciso um tranco para os acomodados cartolas se mexerem, e sem isso parece que vai continuar tudo como está, com as atuais 16 datas para os enfadonhos e desgastados estaduais, que no máximo ficariam de bom tamanho com a metade disso.

FIM DE PAPO
• Um dos problemas recorrentes do nosso campeonato estadual é a questão do mando de campo nas semifinais e finais. Este ano, por conta da pandemia do coronavírus que impede a presença da torcida nos estádios, o problema não está sendo muito notado. Os próprios dirigentes do interior, sempre de olho na oportunidade de arrecadar um dinheiro a mais com a bilheteria, aceitam a imposição do regulamento, que obriga a transferência dos jogos decisivos para a capital.

• Como bem lembrou o jornalista Chico Maia em uma postagem no seu blog pessoal, essa questão do “time da cidade”, que fazia a diferença para o futebol no interior do estado, virou “coisa do passado”. Na hora da onça beber água, o que vale mesmo é um velho ditado popular aqui dos nossos grotões: “Farinha pouca, meu pirão primeiro”. Nossos cartolas não estão nem aí para os torcedores da própria cidade, e a vida segue com todos vivos, salvos, lampeiros e pimpões.

• A coluna foi escrita ontem, antes do clássico Cruzeiro x América, cuja tradição vem desde 1942. Agora, os dois jogaram pela primeira vez pelo Campeonato Brasileiro da Série B. Qualquer resultado não seria surpresa, mas até então, o América vinha jogando um futebol melhor e mais adaptado ao momento vivido pelas equipes, dentro e fora de campo.

• Enquanto o América está classificado para a quarta fase da Copa do Brasil, o Cruzeiro foi eliminado no meio da semana pelo CRB, em Maceió. Após a partida, uma mostra do desequilíbrio do comando celeste foi dada pelo presidente Sérgio Santos Rodrigues, que, ao invés de explicar o fracasso do time, preferiu reclamar das condições do estádio e do tratamento dado à delegação, enfim, só faltou criticar a Praia do Francês e a moqueca alagoana, que é show de bola.

• Que o presidente celeste trate de contratar reforços de verdade, dando ao técnico Enderson Moreira condições de montar uma boa equipe para sair logo da Série B. Com sua choradeira, ele fez lembrar a personagem da humorista Fabiana Karla, no extinto programa “Zorra Total”, que popularizou um bordão usado até hoje em todo o país, quando se trata de realçar as dificuldades econômicas da população. “Gramado padrão Fifa, vestiário grande, limpinho, arbitragem com VAR, camarote para a diretoria visitante com uísque e canapés, ISSO NÃO TE PERTENCE MAIS”. (Fecha o pano!)
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Comentários

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Tião Aranha

29 de agosto, 2020 | 16:24

“O importante é ganhar título-, e aquele que tiver o melhor time em campo leva o troféu, /enquanto é aguardada a 'imunização do rebanho' e a vacina do Corona. O outro 'jesus", vendo a crise do país agravar com a doença, nem o carinho da torcida rubro-negra nem os braços abertos do Cristo Redentor o segurou: - voltou logo pro seu país de origem. Aqui, se um time de futebol fosse uma máquina de lavar roupa sendo a produção de lavagem reduzida, seria bem mais fácil: era só comprar peças novas e chamar um técnico pra consertar-, mas o buraco é mais embaixo; parece que o mercado da bola inflacionou tudo. A essa altura nem comprando novos jogadores resolve a situação dos grandes clubes; pois, até a vontade de jogar, já se esfriou, e sem a torcida em campo: ficou a paz no silêncio do cemitério. Brincadeira.”

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