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22 de agosto, de 2020 | 07:02

Coisa estranha

Fernando Rocha

Divulgação
Fernando RochaFernando Rocha
Quando eu vi o Cruzeiro entrar em campo vestindo uma camisa estranha, ou “diferente”, como avaliaram alguns colegas da imprensa azul, ou “esquisita”, para os céticos entre os quais eu me incluo, veio logo um mau pressentimento.

Quando vi a numeração na mesma cor azul predominante da camisa, em meio às manchas mais escuras, o número quase invisível, eu não tive dúvida de que alguma coisa iria mesmo dar errado.

E eu me lembrei dos tempos em que era um narrador esportivo de rádio, quando me irritava, com razão, ao ver os times, amadores ou não, com camisas parecidas ostentando a numeração ilegível à distância para todos.

Mas a bola rolou, infelizmente confirmando minhas previsões iniciais, pois o futebol mostrado pelo Cruzeiro não ficou devendo em nada à nova camisa: foi estranho, escalafobético, invisível, muito aquém do que se esperava.

Nova chance
No geral, o nível técnico do futebol brasileiro está muito baixo, e faz tempo. A meu juízo, no máximo quatro ou cinco times da Série A (nenhum da Série B) iria escapar do rebaixamento se disputasse a 1ª Divisão da Premier League inglesa, ou a La Liga, na Espanha, ou a Bundesliga alemã.

Após três vitórias consecutivas, duas delas obtidas fora de casa, a torcida do Cruzeiro esperava muito mais do time ao jogar contra a Chapecoense, até porque a vitória o levaria ao 6º lugar, podendo sonhar em entrar no G-4 já nas próximas rodadas.

Tomara que hoje, fora de casa, contra o Confiança (18º, três pontos), o time celeste volte a mostrar o futebol eficiente que o levou às três vitórias nas primeiras rodadas, mesmo que sem um grande brilhantismo, mas com espírito aguerrido, fator que deve nortear a disputa da Série B.

FIM DE PAPO
• Pode ser clichê, assunto batido, chato, mas a “lei do ex” sempre se manifesta e é uma das regras universais do futebol. Em respeito ao Cruzeiro, clube onde se formou, Anselmo Ramon não quis comemorar o gol que deu a vitória à Chapecoense. Igor Rabelo agiu assim também após fazer o gol de honra do Galo na derrota para o Botafogo. Há controvérsias quanto a isto, pois o gol é o momento maior do futebol, e, portanto, em respeito a quem paga o salário do atleta, que são os torcedores agraciados, ele deve ser comemorado, sim, seja contra quem for.

• Tostão escreveu em sua coluna que “os bons técnicos, como Sampaoli e Guardiola, também erram”. Disse também que “raramente são criticados”, pois “as pessoas escolhem os bons e os ruins e só enxergam coisas boas nos bons e coisas ruins nos ruins”. Cirúrgico, perfeito como sempre, nas suas observações. O técnico do Atlético, Jorge Sampaoli, virou um semideus aqui nos nossos grotões, entre outras coisas, por não revelar antecipadamente a escalação do time e por alterá-lo durante o andamento da partida, melhorando o seu rendimento.

• Quanto a esconder escalação, treinos, ainda vá lá. Mas a suas escolhas iniciais às vezes soam a invencionices, coisas que, pela mesma razão, fazem técnicos bem menos qualificados serem chamados de “Professor Pardal”. Isso quase sempre tem dado errado ou não rende o esperado, e por isso ele acaba tendo que fazer alterações no intervalo ou até mesmo antes. Na derrota inesperada para o Botafogo, na última quarta-feira, ele fez ainda pior: demorou a mexer, e quando o fez, já era tarde demais.

• Outro erro de alguns dos nossos colegas da crônica é dizer que todo time que ataca o adversário com muita gente, como é o caso atual do Atlético, inevitavelmente sofre mais defensivamente. Ex-técnico, atual comentarista do Sportv, Muricy Ramalho disse, antes do jogo no Nilton Santos, que “Sampaoli não sabe armar os times para defender, só ataca, e que foi assim quando dirigiu o Sevilla e as Seleções do Chile e da Argentina”.

• Muricy é um “gato mestre”, discípulo de Telê Santana, e já conquistou, entre outros, quatro títulos Brasileiros e uma Copa Libertadores como treinador. Para ele, para ser campeão o time precisa ter “equilíbrio nos setores”, coisa que o argentino Sampaoli ainda não conseguiu nas equipes por onde passou, e no Atlético não está sendo diferente. Talvez esta busca explique a sua obsessão em pedir a contratação de tantos reforços à diretoria. Não basta saber como fazer. É preciso saber fazer. (Fecha o pano!)
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