12 de agosto, de 2020 | 15:30

Ser indivíduo na cultura de massa

Wanderson R. Monteiro *

O filósofo Luiz Felipe Pondé, em seu livro "Guia do Politicamente Incorreto da Filosofia", citando Michael Oakeshott, nos diz que o conhecimento nos torna verdadeiramente “indivíduos”, pessoas com consciência de sua própria personalidade, e com bases firmes que lhes dão a estrutura necessária para não serem levados a repetir tudo aquilo que a maioria das pessoas fazem, ou dizem ser o certo, mesmo que esse seja o caminho mais duro e solitário. Ele diz: “O argumento de Oakeshott é que quase ninguém é indivíduo de fato (isto é, quase ninguém tem uma personalidade autônoma e ativa, e dói ter uma personalidade assim), por isso a regra é repetir o que a maioria faz. (...)
Ao contrário do que se diz, a democracia não opera pela autonomia, mas sim pela massificação crescente das opiniões, como já dissera Tocqueville.

Aquele indivíduo fracassado (indivíduo manqué) rapidamente se transformará em anti-indivíduo e “homem-massa”, comprando modelos de personalidade que a mídia vende e seguindo líderes autoritários ou populistas que afirmarão a autonomia para todos”.

Por não serem indivíduos com personalidade autônoma, por não conseguirem pensar e agir por conta própria, por não terem capacidade de tomar decisões e marcar posições por si mesmos, as pessoas da massa tendem a repetir o que a maioria faz, sem nem ao menos se questionar o porquê de tais ações. Consequentemente, tais pessoas não tardam em colocar em prática os conceitos e modelos midiáticos, conceitos e modelos utilizados para a massificação das consciências.

Diante da incapacidade demonstrada pelas pessoas de massa em entenderem os pensamentos daqueles que têm ideias próprias, nada resta ao membro da grande massa, a não ser perseguir aqueles que não pensam como a maioria. Infelizmente, em nosso país, tal situação é alarmante, de maneira que, aqueles que esnobam o conhecimento, zombam e perseguem aqueles que o possuem, ou buscam possuí-lo e, como é comum da cultura de massa em que vivemos, tais pessoas são a grande maioria.

Sendo assim, para que haja mudanças efetivas em nossa vida e na sociedade em geral, é indispensável o rompimento com as amarras que nos prendem à esse sistema ideológico que domina nossa nação, romper com essa forma padronizada de pensar e ver o mundo, e isso só vem a partir da aquisição de conhecimentos que excedem o senso comum e a cultura popular e, o que talvez seja o mais difícil, precisamos romper com nós mesmos, com as ideias errôneas que conservamos, e mudar as lentes com as quais enxergamos o mundo, e para isso, precisamos de ser verdadeiramente “indivíduos”, com personalidade própria, e a resistência necessária para fazer a diferença em um mundo onde tudo é moldado para que todos sejam iguais.

* (Bacharel em Teologia pelo ICP - Instituto Cristão de Pesquisas (São Sebastião do Anta – MG). [email protected]
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