27 de julho, de 2020 | 15:00

Roberto Jefferson – Metralhadora ou um camicase verbal?

Bady Curi Neto *

O presidente do PTB e ex-deputado Federal, Roberto Jefferson, é um expoente da política brasileira. Seu nome dispensa maiores apresentações, principalmente após ter sido o protagonista da denúncia do mensalão, no qual, sozinho, contra tudo e contra todos expôs as vísceras da corrupção do governo Petista, tendo levado vários deputados e empresários à condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Em razão de suas denúncias acabou por ser condenado, em uma mudança de entendimento jurisprudencial do STF, sobre o crime de lavagem de dinheiro e corrupção, por ter recebido, segundo declarara, R$ 4 milhões como caixa dois de campanha eleitoral.

Conhecido por sua oratória afiada, a facilidade de se expressar, mesmo sob pressão, enfrentou o processo contra ele com a cabeça erguida. Após sua condenação, ao passar do regime fechado para o semiaberto, deu uma entrevista para o jornal Folha de São Paulo, sendo repreendido por decisão do Ministro Barroso, ao argumento, pífio, de que aquele que possui os direitos políticos caçados não poderia dar entrevistas sobre política, em um agravamento da pena, não prevista no Código Penal, consubstanciando verdadeira afronta à liberdade de expressão.

Se em razão da condenação do mensalão, com a mudança repentina do entendimento jurisprudencial, como dito alhures, levantaram-se suspeitas, infundadas ou não, que o verdadeiro intuito era emudecer Roberto Jefferson, já a decisão que o proibiu dar entrevistas, no cumprimento de sua pena, não deixou dúvidas.

Agora, novamente, Roberto Jefferson vira sua metralhadora verbal assumindo a “defesa” do governo Jair Bolsonaro, tendo exposto articulação política, segundo ele, do ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso e dos dois presidentes das casas congressuais, com a anuência dos Ministros do Supremo Tribunal Federal.

Suas postagens sempre alfinetando as mais altas autoridades do país, e seu apoio incondicional ao governo Bolsonaro, lhe renderam um pedido de Busca e Apreensão por ordem do ministro Alexandre de Morais, no inquérito da fake news, também chamado de inquérito do fim do mundo pelo ministro Marco Aurélio Mello.

Semana pretérita, em nova decisão, contrário ao parecer do Ministério Público, Alexandre de Morais, determina a retirada do ar do Twitter de pessoas apoiadoras ao Bolsonaro, entre elas a de Roberto Jefferson, ao argumento de interromper discursos de conteúdo de ódio. Tal decisão desafia a liberdade de expressão e manifestação.

Bob Jefferson não medrou, não emudeceu, ao contrário, voltou sua metralhadora verbal, cuspindo denúncias, críticas e ofensas contra os Ministros da Corte Suprema, dizendo ser a pior composição do STF de sua história. Em suas lives e entrevistas no Youtube chama os Ministros de 11 urubus, um monturo da esquerda do PT e do PSDB, acusa a esposa de Alexandre de Morais de ser a longa manus de seu marido nas ações judiciais, entre outras acusações.

Com exceção das imputações quanto à homossexualidade de dois Ministros, competência e honestidade não se mensuram pela condição sexual, as falas são gravíssimas. Resta a pergunta: será que Jefferson tem balas (provas) para sua metralhadora ou será que sucumbirá como um camicase verbal?

* Advogado fundador do Escritório Bady Curi Advocacia Empresarial, ex-juiz do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) e professor universitário.
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Comentários

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Tião Aranha

28 de julho, 2020 | 16:40

“Com certeza se sucumbirá, pois aproveita da ignorância política da grande massa pra passar desinformação. Ele sabe muito bem do que está fazendo. Política é a arte de engolir sabor, e é por isso que todo político tem a garganta bem larga. Até a gente tem hora que tem que engolir cada sapão. Vc o ministro Barroso, a melhor punição será dada a partir das plataformas de computador, porque o STF, sozinho, não tem como fiscalizar, pois foge de sua incumbência que é assegurar de maneira correta o cumprimento da carta magna. Quem fiscaliza todos os três poderes é o Legislativo respeitando a interdependência dos mesmos.”

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