23 de julho, de 2020 | 09:00

Famílias temem despejo de casas no bairro Limoeiro em Timóteo

Roberto dos Santos afirma que lote foi adquirido pelo irmão e é particular

Divulgação
Segundo informado ao Diário do Aço, 48 famílias residem no localSegundo informado ao Diário do Aço, 48 famílias residem no local

Uma decisão judicial tem causado preocupação às 48 famílias que residem em área de ocupação, próximo à rua Candeia, no bairro Limoeiro, em Timóteo. O processo foi à pauta de julgamento da 18ª Câmara Cível, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), no dia 14 de julho. Apesar de ainda não haver publicação, o advogado de defesa, Victor Teixeira, foi informado de que o recurso foi negado. Em um vídeo o vereador Moacir de Castro (PSL) alertou para a situação das famílias. Do outro lado, o empresário Roberto dos Santos afirma que seu irmão, Ricardo dos Santos, adquiriu o terreno há alguns anos e que a justiça deve prevalecer, tratando-se de área privada.

Victor Teixeira explica que, pelas normas de prevenção à covid-19, editadas pelo Tribunal de Justiça, o julgamento não poderia ocorrer nesta data. Contudo, a Câmara agiu contrariamente à norma do próprio tribunal e levou o processo para análise dos desembargadores. Conforme o advogado, essa foi a única Câmara do Tribunal de Justiça de Minas Gerais que agiu dessa forma. Tendo em vista o cenário da pandemia, os cuidados necessários para evitar o contágio, e as próprias normas do tribunal, a comunidade e as brigadas populares não estiveram presentes em Belo Horizonte para o julgamento, e ainda não tiveram acesso ao teor da decisão.

“Sabemos que foi desfavorável, porque no dia 15 de julho entramos em contato via telefone com a secretaria da Câmara e fomos informados de que o recurso da ocupação havia sido rejeitado. Sabemos de modo informal a respeito da decisão e não temos acesso aos argumentos utilizados pela Câmara para ignorar a legitimidade da posse exercida pelas famílias de baixa renda, que ofereceram função social para um terreno que estava abandonado e sobre o qual ninguém exercia qualquer ato de posse, conforme está fartamente demonstrado nas provas do processo”, destacou Victor.

O outro lado

Roberto, conhecido como Roberto Prolar, esclarece que o terreno foi adquirido da empresa Aperam, à época Acesita, por seu irmão, que fez a aquisição com todos os comprovantes de pagamento. No primeiro dia de ocupação, eles ingressaram na Justiça e tiveram êxito em primeira instância. “Eles tratam como se fosse ocupação consolidada, mas têm de entender que é uma propriedade particular. Quando fomos à Justiça ainda não havia nenhum tipo de construção, nenhuma casa. Entendo que todos têm direito à defesa, mas as pessoas têm de pensar que do outro lado tem alguém que pagou pela área e eles a invadiram. Recorremos e isso vem enrolado desde então, há anos”, recorda.

Ele pondera que mesmo com cerca, a área foi invadida, mas nem Roberto e tampouco Ricardo abordaram os ocupantes. “Sempre busquei o caminho da Justiça e se estamos tendo o resultado, que se cumpra a lei. Não me lembro em quantas parcelas, mas o valor do lote foi descontado da folha de pagamento do meu irmão. Eu sinto pelas pessoas que lá estão, mas invadir não é o caminho”, aponta.

Medo pelo futuro

Liderança comunitária da ocupação, Jaqueline Neves relata um cenário assustador para as famílias. “Elas estão no local há oito anos, e viram seu pedido ser negado aqui na justiça de Timóteo, depois em Belo Horizonte. Só Deus para ter misericórdia, pois o juiz entendeu que tem que manter a ordem de reintegração de posse. São 48 famílias desesperadas, muitas crianças, é de cortar o coração. São diversas casas construídas, uma estrutura construída, com escola, posto de saúde. São vidas”, lamenta.

Jaqueline acrescenta que a informação repassada é de que o terreno é privado, mas nas quatro audiências realizadas em Timóteo, não foram apresentados documentos. “Somente um recibo de compra e venda, mas entendemos a pessoa que se diz dona deve ter conseguido algum documento junto à prefeitura, porque caso contrário não teria conseguido vencer na Justiça. É triste, porque com as audiências sendo suspensas, nosso caso foi julgado sem a presença das partes, as famílias deveriam estar lá. Como iriamos para a capital nesse momento? Foi julgado em plena pandemia, não quiseram nem saber”, aponta.
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Comentários

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Alan

24 de julho, 2020 | 18:10

“A área está localizada no bairro Recanto Verde.”

Maria das Dores Cordeiro

24 de julho, 2020 | 15:13

“"foram invadindo achando q ia fkar p isso mesmo ? tem morador ali q t casa própria ? e o dono comprou e pagou , isso não vale ?e s a prefeitura deixou isso acontecer,então a prefeitura q endenizem o q gastaram!!!”

Paulo

23 de julho, 2020 | 16:11

“Infelizmente, mas a situação é clara:
Invadiram terreno particular. E sabiam disso sim. Tanto é que houve a tentativa de da reintegração de posse antes. Mas os invasores nem deram ouvidos.
Que se cumpra a lei sim.
Acharam que o tempo ia passar e a invasão iria ficar por isso mesmo né.
Lá tem casa até de dois andares. Tem invasores lá que até carro semi-novo têm.
Que se cumpra a lei.”

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