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18 de julho, de 2020 | 11:00

Fake News está relacionada às consequências do desrespeito pelo legado da filosofia e a educação

Fabiano de Abreu *

“A mídia social deu liberdade de expressar aos que não tinham voz, mas nem todos estão aptos a exercer essa liberdade”

Vivemos uma época de descaso pelos estudos e pela ciência, assim como pelo outro e pela sua opinião, e aponta que a irreverência pode ser algo muito perigoso para a sociedade.

Muitas vezes ouvimos falar de nossos pais e avós que os tempos mudaram e que hoje já não há mais respeito, que os jovens são irreverentes e que a consideração pela opinião do outro deixou de existir. Será isso tudo verdade? Será que estamos vivendo dias em que há julgamentos mediante ao que se acredita, sem abertura para questionamento, observação ou estudo? É possível.

É preocupante a irreverência da geração atual e o descaso com o conhecimento ancestral. Me preocupa a nova filosofia cultural que se irradia a ofender todo o ideal filosófico de grandes nomes como Sócrates, Platão e Aristóteles. Eles eram pensadores precursores do que hoje chamamos de educação. A filosofia é a primeira matéria que originou todas as outras que nos alimentam não só de conhecimento, mas nos ajudam na sobrevivência. Vivemos a realidade abstrata da deturpação onde estudiosos interpretam a mensagem da maneira que melhor convém a necessidade própria em relação a personalidade esquecendo que a filosofia nasceu do questionamento e do argumento sem uma razão que não seja a final, racional, estatística, livre de qualquer entorno plural interpretativo.

Apesar de ser positivo que a mídia social tenha dado autoridade, autonomia e liberdade de expressar aos que não tinham voz, por outro lado nem todos estão aptos a exercer essa liberdade. Acredito que a liberdade advém da consciência do que é certo e errado. Pois a liberdade não é estar solto, não é estar livre, é ter a consciência limpa, é não ser perseguido nem julgado. A liberdade nada mais é do que a falta de pendência. Nós sabemos o que é certo e errado subjetivo ao indivíduo e sua personalidade perante a cultura regional em relação a sua ética e a sua moral. É livre quem tem autoconhecimento, que sabe seus limites e que glorifica suas conquistas de forma humilde já que a própria capacidade o revela como um organismo cabível de falhas que se transformam em experiência.

Posts maldosos e as chamadas fake news, que são notícias falsas criadas intencionalmente em busca de destruir reputação de pessoas e instituições, são armas de pessoas más, que visam benefício próprio por meio das artimanhas de manipulação. Para muitos, a escrita é uma arma daqueles que sabem manipular, assim como um dispositivo que destrói a imagem de alguém que não a sabe usar. Mas não é de todo mau. A internet não é a vilã em si, é apenas o mecanismo de transparência que revelou o que sempre soubemos. Que precisamos de educação, precisamos de conhecimento e que somos limitados. O ser humano pensa ter um poder diante de uma consciência racional mais desenvolvida que a dos demais animais quando que, se fazemos o mal para os outros e para nós mesmos, melhor a inteligência do cão que sabe agradar e se posicionar em seu lugar.

O respeito é uma personalidade do curioso, do observador, que com inteligência respeita para que possa receber respeito e porque procura entender a posição do outro. Respeitar a opinião é refletir sobre ela e tentar entender, e melhor, conseguir entender, desvendar, interpretar o sentido e o motivo para, mesmo que reprovar, não ter tempo nem a vontade de retrucar já que o resultado nunca é satisfatório.

Somente pessoas que dão lugar à ignorância se acham no direito de julgar o outro com base nas suas certezas. O julgamento sem análise e o argumento sem base é a resposta do ignorante à sua certeza abstrata a uma própria realidade. É a não aceitação do eu que é descontado no outro. A rede social não é de todo mau. Ela apenas revelou um eu que antes guardado, toma coragem de se expressar pois por uma tela ninguém pode atravessar.

A única solução para os nossos dias e para trazer uma melhora na nossa sociedade e na postura que assumimos diante do outro é o conhecimento. Não podemos mais desprezar a ciência e o conhecimento ancestral, os estudos que foram feitos por notáveis que vieram antes de nós. Quando temos conhecimento, abrimos a mente e sabemos que ele é infinito, que nunca estamos fartos. Mas quando não temos conhecimento, não vemos além, encontramos um teto, um limite, pois pensamos que sabemos tudo já que sabemos pouco. Quanto mais se sabe, mas sabemos que temos que aprender, quanto menos se sabe, mais achamos que não há muito a recorrer.

* Jornalista. Colabora com inúmeras colunas no Brasil, Portugal e em Angola. Como escritor possui nove livros.
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Comentários

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Suelen Ferreira dos Santos

01 de outubro, 2020 | 16:21

“Boa tarde, ótimo texto, quero inclusive apresenta-lo em uma atividade de filosofia na faculdade de psicologia, gostaria de saber o autor e o ano da publicação, para eu não plagiar.
Obrigada”

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