18 de julho, de 2020 | 08:00
Psiu, silêncio!?
Mauro Oscar Soares de Souza Lima *
Vivenciamos um cenário novo, ainda sem previsão de término e que nos reforça a importância dos profissionais da enfermagem”Em 1957, foi o ano em que os hospitais de todo o mundo começaram a ter seus corredores ilustrados pelo cartaz de uma enfermeira com o dedo sobre a boca, em sinal de silêncio. A peça fazia parte de uma campanha que buscava pelo silêncio nas instituições e arredores no intuito de fornecer uma melhor recuperação aos pacientes. Hoje, esse silêncio vem sendo momentaneamente interrompido por palavras de encorajamento e esperança levadas por milhares desses profissionais diariamente aos pacientes da covid-19. Vem sendo interrompido a cada celebração por parte das equipes e da família por verem mais um paciente curado da covid.
De acordo com o Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais, são mais de 198 mil profissionais atuantes no estado, entre eles, enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem que seguem no cuidado de pacientes, que estão em unidades de internação ou em leitos de terapia intensiva, com sintomas leves ou agudos. A Fundação São Francisco Xavier, braço social da Usiminas nas áreas de Saúde e Educação, tem em seu quadro um número aproximado de dois mil desses profissionais, atuando e fazendo a diferença no dia a dia de muitas pessoas que passam por uma de nossas quatro unidades hospitalares, em Ipatinga, Itabira e Baixada Santista, em sua maioria pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
De repente, da noite para o dia, passamos a vivenciar um novo cenário. Uma doença ainda desconhecida estava instalada em nossos hospitais e fazia parte do nosso dia a dia. Esse novo contexto da pandemia gerou insegurança, preocupação, dor, além da perda de muitas vidas, mas também tem destacado a importância e a força das equipes dos hospitais, em especial, dos colaboradores de assistência.
Reconhecemos o valor e preocupamos com cada um dos integrantes das nossas equipes, tanto da área administrativa, quanto de apoio. Mas, hoje em especial, quero ressaltar o trabalho dos nossos enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem que ficam à beira dos leitos, ofertando cuidado, segurança e realizando seu trabalho com qualidade e carinho, mesmo nesse cenário de medo, para que os pacientes possam ser tratados e curados.
A enfermagem é uma profissão que tem vários destaques que vão além da atual pandemia. Esse é um ano diferenciado, pois vivenciamos um cenário novo, ainda sem previsão de término e que nos reforça a importância desses profissionais e faz relembrar outras grandes personagens da enfermagem. Em maio de 2020 completam 200 anos do nascimento da britânica Florence Nightingale, profissional que revolucionou a enfermagem e que descobriu a importância dos hábitos de higiene. E a brasileira Ana Nery, a precursora da enfermagem no país, que atendeu os feridos durante a Guerra do Paraguai, ainda que correndo riscos, com o único objetivo de salvar vidas, sendo conhecida como "mãe dos brasileiros".
Diante do atual contexto, quando é adotada uma série de estratégias e ações para prevenir e minimizar a expansão da doença, entre elas, a proibição das visitas a pacientes com a covid-19, as equipes de enfermagem se tornam ainda mais especiais, pois além de salvar vidas por meio do seu conhecimento e dedicação, contribuem, ainda, para combater a saudade e a solidão nesse momento tão difícil. O paciente tem contato apenas com esses profissionais e eles fazem a diferença para a evolução das pessoas, ofertando seu tempo, seja para uma conversa, para dar uma atenção, enfim, com atos que humanizam o tratamento hospitalar.
Destacamos que, entre todos que se empenham e vivenciam a rotina do hospital nesse atual cenário da pandemia, os profissionais de enfermagem são importantes protagonistas no combate à Covid-19. Vocês têm realizado uma assistência diferenciada, com qualidade e humanização. Na luta contra a pandemia, à espera de uma vacina, à espera de uma prevenção 100% efetiva, nos resta o cuidado, o carinho desses profissionais e a confiança de que vamos vencer logo esse gigantesco desafio que se colocou para a área de Saúde e para toda a sociedade. E, a cada vez que vejo um paciente tendo alta, carregando o sorriso no rosto e a placa de Eu venci a covid-19”, fico feliz por ver mais uma vida salva, com o apoio de pessoas capacitadas e, interrompemos um pouco esse silêncio, especialmente por entender que Nós vencemos a covid-19” em todos os seus aspectos”
* Diretor de Hospitais da Fundação São Francisco Xavier, braço social da Usiminas nas áreas de Saúde e Educação
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]